Barra, na Bahia, sedia I Seminário da Fruticultura Irrigada em outubro
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Pesquisadores propuseram o uso de vírus atenuados para aumentar a resistência das plantas às condições climáticas extremas e instáveis. Liderado pelo Instituto de Biologia Molecular e Celular de Plantas (IBMCP), vinculado ao Conselho Nacional de Pesquisa da Espanha (CSIC), o estudo foi publicado na revista Nature Reviews Bioengineering. O artigo apresenta alternativa ao uso de agroquímicos. E pode oferecer solução mais rápida do que os métodos tradicionais de melhoramento genético.
O estudo, parte da coleção "Future of Food", defende o uso de vetores virais para introduzir genes específicos nas plantas. Essa técnica pode acelerar colheitas, melhorar a tolerância à seca e desenvolver culturas com características agronômicas superiores. Além disso, a tecnologia poderia ser usada para produzir suplementos alimentares que beneficiem a saúde humana.
Segundo Fabio Pasin, pesquisador do CSIC e autor principal do estudo, os vetores virais podem ser usados para editar o genoma de plantas por meio de componentes CRISPR-Cas. Isso permitiria melhorias hereditárias em características agronômicas, como o comprimento e peso de grãos de trigo ou a cor de frutos como o tomate. Outra vantagem seria o uso temporário dos vetores, o que oferece uma alternativa atraente ao uso de agroquímicos.
O estudo chama a atenção para um paradoxo. Enquanto humanos, animais domésticos e de criação já se beneficiam de vacinas e terapias gênicas baseadas em vírus recombinantes, essa prática ainda não é aplicada em culturas agrícolas. Mesmo com a liberação de vírus recombinantes no meio ambiente para controlar doenças em animais selvagens, como a raiva, o uso agrícola desses vetores ainda não foi autorizado.
Apesar das evidências científicas que demonstram a eficácia da tecnologia em condições experimentais, as barreiras regulatórias permanecem um desafio. Para Pasin, um dos obstáculos para a aplicação em larga escala é a falta de um equivalente no mercado agrícola. Ele argumenta que o processo poderia ser acelerado se os vetores virais fossem aplicados inicialmente em culturas voltadas para alimentação animal, fibras têxteis ou biocombustíveis.
No CSIC, pesquisadores estão otimizando plataformas tecnológicas para acelerar a validação de aplicações agrícolas baseadas em vetores virais. Eles também exploram a compatibilidade da biologia sintética com a produção em escala industrial. Uma das prioridades é desenvolver essa tecnologia para melhorar características agronômicas de culturas como o tomate.
Em conclusão, o uso de vetores virais atenuados nas plantas representa uma oportunidade promissora para a agricultura sustentável. No entanto, seu avanço depende de regulamentações adequadas e uma maior aceitação de soluções biológicas no setor agrícola.
Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.1038/s44222-024-00197-y
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