Estudantes de Zootecnia identificam pontos críticos do manejo de pequenas propriedades

06.04.2011 | 20:59 (UTC -3)

A desinformação ainda continua sendo o principal empecilho para o desenvolvimento de várias atividades agropecuárias, como pecuária de corte e leite, bubalinocultura, piscicultura e equinocultura em pequenas propriedades. Esta é a constatação feita por estudantes de Zootecnia da FAZU (Faculdades Associadas de Uberaba), que integram o NERU (Núcleo de Extensão Rural).

 

O núcleo atua em propriedades rurais de Uberaba/MG e região desde o segundo semestre de 2010, com o objetivo de levar assistência rural gratuita a pequenos produtores, além de servir como uma excelente experiência prática aos estudantes de Zootecnia. Orientados por professores, os alunos desenvolvem vários tipos de projetos com o objetivo de melhorar a produtividade das fazendas e a renda dos produtores.

 

Entre os pontos mais críticos detectados pelos estudantes nas propriedades já visitadas estão a ausência de controle reprodutivo, manejo alimentar incorreto, desconhecimento de técnicas sobre bem estar animal, entre outros aspectos. “Chama a nossa atenção o fato de alguns produtores não seguirem um calendário de vacinação e até mesmo não incluírem o sal mineral na dieta dos animais. Tudo isso acontece pela falta de informação e perde-se muito em produtividade”, diz Rafael Resende de Oliveira, estudante do quinto período de Zootecnia e um dos 20 integrantes do NERU.

 

Rafael conta que é comum encontrar erros básicos no manejo dos animais. “A última vez que estive em uma determinada fazenda o criador estava oferecendo o milho triturado na peneira 10, enquanto ele deveria oferecer na peneira 4. Com isso, a nutrição do animal acabava sendo prejudicada”, conta

 

Em outra fazenda, os estudantes diagnosticaram a completa falta de controle reprodutivo. “Havia vaca que ficava até três anos sem parir. Além disso, o criador inseminava uma determinada vaca e depois a colocava junto com outro touro. Dessa forma, ele desconhecia a paternidade do bezerro”, acrescenta Rafael.

 

Antes de começar a orientar os produtores, os estudantes fazem um diagnóstico, onde identificam o objetivo do produtor e as principais deficiências da propriedade. “Verificamos o tipo de pastagem mais adequada para o local, damos orientação sobre os investimentos que precisam ser feitos, como a compra de um reprodutor ou a reposição de animais, a instalação de sombrites para evitar o estresse calórico dos animais, alterações na localização e tamanhos de cochos, entre outos pontos”, explica o estudante.

 

O Juiz de Direito e criador, Luiz Antonio Messias, é um dos produtores rurais atendidos pelo NERU. Há aproximadamente três anos, Messias resolveu investir em pecuária de corte e leite, em uma propriedade com 76 hectares no município de Nova Ponte/MG. “Por indicação do presidente do Sindicato Rural, e por entender que atualmente a produção rural deve ser assessorada, em face da exigência de procedimentos técnicos adequados como forma de obter retorno com a atividade, resolvi entrar em contato com os estudantes do núcleo”, conta o produtor.

 

Apesar do pouco tempo de assistência, Luiz Antonio já começou a dar a devida importância aos conselhos de estudantes como Rafael. “Até o momento trabalhou-se mais na base, ou seja, na conscientização da necessidade de ter boas pastagens, com trabalho na análise de solo e adubação. Eles já me conscientizaram, por exemplo, quanto à necessidade de piqueteamento dos pastos, sendo que obtive êxito em uma área formada de Tifton-85, onde ocorreu a aplicação de calcário e adubo. Não foi possível evoluir mais por enquanto por falta de recursos financeiros para investimento em adubação, mas já foi possível constatar que dá resultado em termos de recuperação de pastagens”, ressalta Luiz Antonio.

 

Além da falta de recursos para investir em áreas como recuperação de pastagens, Luiz lembra que outra dificuldade enfrentada pelos pequenos produtores é a comercialização da produção. “É bem mais difícil agregar valor por falta de opções de colocar o produto no mercado, de forma mais ampla. Já tenho alguns bezerros/garrotes de ótima qualidade, tenho boas matrizes e o sêmen dos touros é o mesmo em regra utilizado por grandes criadores, mas sei que vou ter que vendê-los bem abaixo do preço de mercado. Contribui para isso, também, a falta de conscientização dos criadores sobre as vantagens de se investir em genética. Isso significa que preferem pagar, por exemplo, R$ 1.200,00 em um "touro" de baixa qualidade do que pagar em torno de R$-3.000,00 em um touro de genética superior”, admite.

 

Laura Pimenta

Assessoria de Imprensa

Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU)

(34) 3318-4166

imprensa@fazu.br

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