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Estimativa de moagem de cana para a safra 2014/15 da consultoria de gerenciamento de riscos com foco em commodities INTL FCStone aponta para 585,85 milhões de toneladas de cana (MTC) entre os meses de abril e dezembro para a região Centro-Sul.
“Pode-se destacar que o traço mais marcante dessa safra é o impacto da seca sobre a matéria prima. Estimava-se uma disponibilidade de cana em torno de 630 milhões de toneladas no mês de dezembro de 2013. Com menos biomassa disponível, o cenário de ampliação de produção dos derivados também foi reduzido proporcionalmente”, explica o analista de mercado da INTL FCStone, Pedro Verges.
“Para chegar ao número de moagem, partimos da expectativa de aumento de área proposta pela CONAB. De acordo com o instituto, é esperado um incremento de 4,5% na área plantada para a safra 2014/15 em relação à anterior. Isso é condizente com a expectativa do mercado antes da ocorrência da seca”, informa o analista.
A produtividade agrícola média estimada pela consultoria é de 74,04 toneladas de cana-de-açúcar por hectare (TCH). Com expansão de 4,5% na área, distribuída de acordo com o tipo de cana observada em 2013/14, a disponibilidade de cana fica em 598,278 MTC.
“O número é compatível com a expectativa antes da seca. Entretanto, a disponibilidade de cana não quer dizer que toda ela será moída. Como vem sendo uma característica da indústria, as usinas têm prolongado o pico de moagem, o que permite uma cauda de safra mais volumosa mesmo com as mesmas unidades em atividade”, afirma Verges.
Para produtividade, a consultoria utilizou dados da UNICA/CTC, segmentando por ano de corte e tipo de cana. Foi considerada uma renovação de 14% dos canaviais, taxa 20% menor que a do ano passado (18%). “Esse número foi estimado de acordo com a pesquisa de safra feita em fevereiro, que revela menor investimento nesse ano. Da cana nova, as proporções foram divididas de acordo com o perfil da safra 2013/14. Os impactos da seca na produtividade agrícola ficaram em 7% como uma média do Centro-Sul. A razão disso é que as mesorregiões mais afetadas pela disponibilidade hídrica são justamente as maiores produtoras. De 25 regiões, três são favoráveis e 22 têm algum tipo de restrição. Ademais, essa é a média de quebra estimada pela pesquisa de safra e confirmada – em expectativa – junto a produtores e tradings”, completa Verges.
Em relação ao rendimento industrial, a INTL FCStone espera um desempenho semelhante ao ciclo 2013/14. Sem muitas informações disponíveis, o que baliza a pequena elevação é um ATR (Açúcar Teórico Recuperável) maior no mês de março/14 em comparação a março/13 e uma maior concentração da sacarose em uma cana-de-açúcar menos desenvolvida.
Para a moagem diária efetiva foram observados dados dos anos anteriores, que indicam uma capacidade ociosa próxima de 13%. A média de dias perdidos foi calculada de acordo com as últimas cinco safras.
Mix de produtos
Em relação aos produtos da cana, o etanol continua ganhando espaço frente ao açúcar, porém de maneira mais tímida, segundo a INTL FCStone. Entre anidro e hidratado, o share continua praticamente o mesmo. Apesar da melhor remuneração do anidro, o hidratado tem um mercado potencial muito maior. Pela redução das exportações do anidro, a demanda global (interna + externa) do biocombustível foi afetada negativamente.
“O açúcar continua dando uma forte base para o setor, com uma demanda garantida durante o ano. O cenário de maiores preços internacionais no segundo semestre – em decorrência de um balanço de oferta e demanda mundial mais apertado – deve sustentar a produção do alimento no miolo de safra, quando o mix tende a se virar mais para o açúcar”, explica Verges.
Para estimativa dos produtos, a INTL FCStone calculou um ATR médio, em toneladas de açúcar total recuperável por tonelada de cana, de 133,75 kg/t. O rendimento industrial é bastante próximo ao da safra 2013/14, com um pequeno ganho em decorrência da maior concentração de açúcar, compensando parte da cana perdida. “Considerando a moagem efetiva de 585,85 milhões de toneladas de cana, o total de ATR disponível chegaria a 78,4 milhões de toneladas”, afirma o analista.
Partindo de uma demanda estimada de ciclo Otto de 53,44 milhões de m³ de gasolina C equivalente – assume-se um crescimento de 6,5% na demanda global em relação à 2013/14 – será necessário produzir 25,56 milhões de m³ de etanol no Centro-Sul. Isso leva em conta um aumento das importações de gasolina, manutenção da mistura em 25% e uma redução nas exportações de etanol aos EUA. Também leva em conta uma manutenção das transferências entre Centro-Sul e Nordeste.
Com esse ATR total consumido para o etanol resta açúcar recuperável para a produção de 33,1 milhões de toneladas de açúcar. No computo geral, nota-se uma queda na produção global de açúcar (-4,12%) e etanol (-0,4%). “Essa redução é causada pela menor quantidade de cana processada (-2,4%), o que ocasiona uma menor disponibilidade de matéria prima (-2%). Ainda assim, a hipótese de uma safra mais alcooleira – em relação ao mix – se confirma”, considera o analista da INTL FCStone.
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