Espírito Santo lança três novas variedades de café conilon de alta produtividade e bebida superior

27.06.2013 | 20:59 (UTC -3)
Flávia Bessa

Diamante Incaper 8112, Jequitibá Incaper 8122 e Centenária Incaper 8132. Essas são as três novas variedades clonais de café Conilon lançadas em junho de 2013 pelo Governo do Espírito Santo. As novas variedades foram desenvolvidas pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper em parceria com a Embrapa Café e o apoio do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.

Cada uma das três novas variedades são formadas pelo agrupamento de nove clones superiores compatíveis. Além de possuírem características para a produção de bebida com classificação superior, são altamente produtivas, podendo alcançar rendimentos superiores a 120 sacas beneficiadas por hectare em plantios irrigados com alta tecnologia. Também apresentam boa estabilidade de produção, uniformidade de maturação, moderada resistência a ferrugem e ainda tolerância a seca.

A novidade faz parte das ações coordenadas pela Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca - Seag do Espírito Santo para melhorar indicadores técnicos da cafeicultura capixaba, ampliar a renda e melhorar a qualidade de vida dos produtores rurais, principalmente os de base familiar, e coloca o café conilon definitivamente no ramo dos cafés de qualidade superior.

– Realizado na Fazenda Experimental do Incaper, em Pacotuba, Cachoeiro de Itapemirim, com a presença de aproximadamente 1500 pessoas, contou com a participação do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, do secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli; do diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café – Abic, Nathan Herszkowicz; do diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café Solúvel - Abics, Roberto Ferreira, do gerente de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Café, Antonio Guerra, do gerente de transferência de tecnologia da Embrapa Café, Lucas Tadeu Ferreira, entre outros representantes de entidades ligadas ao café. Na ocasião, 1200 cafeicultores receberam mudas para plantio. Segundo o governador, as novas variedades, de elevada produtividade e qualidade e características agronômicas superiores, vão permitir atender ao aumento de demanda por café conilon no Brasil e no exterior, além de permitir mais geração de emprego, movimentando a economia. “É um orgulho ver o coroamento desse trabalho feito por mãos capixabas. Temos condições tecnológicas de produzir café conilon de qualidade para atender à demanda mundial. Em 2012, produzimos 12 milhões de sacas, incluindo café arábica e conilon, que representam 25% de café do Brasil, sendo que o nosso estado corresponde a apenas 0,5% do território nacional”.

“Com as novas variedades, o faturamento do produtor rural poderá aumentar 20% em média. Essa alta tecnologia genética confirma o Espírito Santo e o sistema público agrícola capixaba como referência internacional na cafeicultura de Conilon”, destaca o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli.

Para o presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo, a conquista representa ciência e tecnologia aplicadas na prática. “Estamos disponibilizando o que há de mais moderno, tecnologia de ponta, ao cidadão mais simples no campo. Já no primeiro ano, a expectativa é que cerca de 5 mil famílias sejam beneficiárias. Em 2015, teremos de 30 a 40 milhões de mudas disponíveis para os produtores. Nos próximos 10 anos, parte do parque cafeeiro do estado deverá ser renovado. A nossa entrega para o café é completa, tornando a atividade economicamente viável, de qualidade e sustentável. Essa é uma celebração não só do setor produtivo, mas de toda a cadeia envolvida com a cultura e, claro, do consumidor”, destaca.

– Diamante Incaper 8112, Jequitibá Incaper 8122 e Centenária Incaper 8132 diferenciam-se pela época de maturação dos frutos e por pequenas variações de produtividade:

Diamante Incaper 8112 tem maturação precoce e é colhida no mês de maio. É formada pelo agrupamento de nove clones de maturação precoce. Apresenta produtividade média de 80,73 sacas beneficiadas por hectare, superior em 39,19% e 14,73% às variedades testemunhas Emcapa 811 e Vitória Incaper 8142, lançadas em 1993 e 2004, respectivamente.

Jequitibá Incaper 8122 tem maturação intermediária e a colheita concentra-se no mês de junho. É formada pelo agrupamento de nove clones de maturação intermediaria. Apresenta produtividade média de 88,75 sacas beneficiadas por hectare, superior em 47,92% e 26,07% a média das variedades testemunhas Emcapa 8121 (maturação intermediária) e Vitória Incaper 8142, lançadas em 1993 e 2004, respectivamente.

Centenária Incaper 8132 tem maturação tardia e é colhida no mês de julho. É formada pelo agrupamento de nove clones de maturação tardia. A produtividade média é de 82,36 sacas beneficiadas por hectare, superior em 37,27% e 16,99% a média das variedades testemunhas Emcapa 8131 (maturação tardia) e Vitória Incaper 8142, lançadas em 1993 e 2004, respectivamente pelo Incaper.

A diferença na época de maturação dos frutos permite colheita escalonada da lavoura e maior período para colheita. Para o produtor, o escalonamento da colheita traz diversas vantagens, como a melhor gestão da mão de obra e a melhor utilização de terreiros e secadores.

- A qualidade superior da bebida é um dos grandes destaques dos novos materiais genéticos. Pela primeira vez no programa de melhoramento de café conilon do Brasil, análises de qualidade (sensoriais e bioquímicas) foram utilizadas como critério para o desenvolvimento de novas variedades clonais. Instituições como a Nestlé e a Conilon Brasil participaram das avaliações de qualidade. As análises foram provenientes de amostras de grãos, preparados pelo processo de secagem natural, de todos os clones componentes das variedades, coletados em três locais representativos e distintos do Estado do Espírito Santo. Para avaliação sensorial utilizou-se o protocolo de degustação de cafés finos da CQI (Coffee Quality Institute). As variedades obtiveram médias de 77,5 a 79 pontos numa escala de 0 a 100, o que as classifica como cafés superiores. Nos sabores e aromas das novas variedades clonais, foram observadas notas de chocolate, caramelo, retrogosto adocicado, toque de frutas vermelhas e cacau.

– Para chegar às novas variedades, houve empenho e dedicação, durante mais de uma década de trabalho, de pesquisadores liderados por especialistas do Incaper e da Embrapa Café. A equipe é formada pelos seguintes pesquisadores e técnicos: Romário Gava Ferrão, especialista do Incaper em Genética e Melhoramento; Maria Amélia Gava Ferrão, especialista da Embrapa Café/Incaper em Genética e Melhoramento; Aymbiré Francisco Almeida da Fonseca, especialista da Embrapa Café/Incaper em Fitotecnia; Paulo Sério Volpi especialista do Incaper em Administração Rural; Abraão Carlos Verdin Filho, especialista do Incaper em Produção Vegetal; José Antônio Lani, especialista do Incaper em Nutrição de Plantas; Aldo Luís Mauri, especialista do Incaper em Fitotecnia; e os técnicos agrícolas José Luiz Tóffano, Paulo Henrique Tragino, Alonso José Bonisson Bravim, Aldemar Polonini Morelli.

“É um momento de emoção e alegria, ápice para o Espírito Santo, o café conilon e a pesquisa de café. Não só os produtores e suas famílias serão beneficiados diretamente, mas também toda a população da maioria dos municípios do estado e o Brasil. O conilon representa 35% do valor da produção agrícola capixaba e 20% do robusta do mundo. Para isso, nunca trabalhamos sozinhos. As conquistas vêm do trabalho de parceria do Incaper com a Embrapa Café e do apoio de diferentes Instituições, como a Nestle, Conilon Brasil, CCAUFES e o Consórcio Pesquisa Café”, lembra Romário Gava Ferrão.

O pesquisador também enfatizou a importância de seguir as recomendações técnicas no plantio das mudas para que se obtenha todos os benefícios característicos das novas variedades. “Os nove clones que formam cada uma das três variedades devem ser plantados todos em linha e de forma equilibrada. Nossa equipe está à disposição para orientar e acompanhar esse processo de implantação da tecnologia”.

- Para acessar as novas variedades e renovar as lavouras não produtivas ou iniciar novas áreas plantadas com um produto de qualidade, os cafeicultores e demais interessados devem recorrer aos Escritórios Locais de Desenvolvimento Rural do Incaper, presentes em todos os municípios capixabas. Viveiristas cadastrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa estão multiplicando as mudas e instalando os jardins clonais com os 27 clones componentes das três novas variedades clonais.

- Além do Governo do Espírito Santo, por meio da Seag e do Incaper, o lançamento das novas variedades contou com a parceria da Embrapa Café e o apoio do Consórcio Pesquisa Café, Nestlé, Instituto Agronômico de Campinas - IAC, Universidade Federal de Viçosa - UFV, Conilon Brasil, Centro de Ciências Agrárias - CCA da Universidade Federal do Espírito Santo - Ufes, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Cnpq e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo - Fapes.

– As três novas variedades clonais foram desenvolvidas no âmbito desse programa de pesquisa científica, desenvolvido pelo Incaper desde 1985 nas diferentes áreas do conhecimento com o café conilon. Entre os resultados de maior alcance, destaca-se a obtenção de nove variedades melhoradas, sendo oito clonais, propagadas vegetativamente por estaquia, e uma de propagação por sementes, que foram disponibilizadas a partir de 1993 aos cafeicultores. A utilização dessas variedades, em conjunto com outras tecnologias, tem contribuído para aumentos crescentes da produção estadual, na ordem de 300% nos últimos 20 anos.

- É a atividade de maior poder de geração de empregos (cerca de 300 mil) e distribuição de renda no Espírito Santo. O café está presente em praticamente todos os municípios capixabas. O estado é o segundo maior produtor brasileiro de café, destacando-se por deter 80% da produção de conilon do País. A cafeicultura envolve 131 mil famílias capixabas e está presente em 60 mil propriedades rurais. A atividade gera em torno de 400 mil empregos e ocupa 450 hectares do território capixaba. Dessa área plantada, 280 mil hectares são dedicados ao conilon. Em 2012, foram produzidas mais de 9,7 milhões de sacas, que representa 78% da safra de conilon do Brasil e 20% do café robusta do mundo.

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