Especialista da Fertiláqua aponta como superar os desafios do cultivo de trigo no inverno e aproveitar a alta demanda pelo cereal

Geadas e restrição de insumos pedem atenção do produtor e manejo planejado

06.04.2022 | 14:18 (UTC -3)
Alessandra Fraga
Adrian Correa, Engenheiro Agrônomo e Coordenador de Desenvolvimento de Mercado da Fertiláqua
Adrian Correa, Engenheiro Agrônomo e Coordenador de Desenvolvimento de Mercado da Fertiláqua

Após as perdas na cultura da soja, impactadas pelas secas, o produtor que está no sul do país aposta no trigo como tentativa de compensar a colheita do grão. Na região com maior cultivo do cereal do Brasil, a previsão para este ano é o aumento da área plantada em função do crescimento da demanda prevista e valor atrativo por conta de impasses para a produção por outros países exportadores. A área plantada com trigo, nesta safra, pode ser a segunda maior da história, com aumento de 20% no valor do grão se compararmos com o mesmo período do ano passado.

Além disso, as safras de inverno trazem benefícios ao sistema de produção, já que o produtor diversifica sua cultura. Com isso ele consegue quebrar o ciclo de doenças, manter o solo coberto e longe da erosão, e da dominação da área por plantas daninhas, podendo assim reduzir os custos com herbicidas e fitossanitários, conforme explica Adrian Correa, Engenheiro Agrônomo e Coordenador de Desenvolvimento de Mercado da Fertiláqua. “As culturas desta estação mantêm o sistema vivo e promovem a diversificação de raízes no sistema. Através da rotação de culturas, o produtor torna o sistema mais produtivo”, conta. “Vale dizer, ainda, que as gramíneas anuais de inverno têm um sistema radicular agressivo que consegue romper camadas adensadas do solo e incorporar carbono no solo ao longo dos anos”. Com esta rotação entre leguminosas e gramíneas de inverno/verão o produtor consegue agregar para o seu sistema de produção, viabilizando o sistema plantio direto e permitindo melhorias nas características físicas, químicas e biológicas do solo. No entanto, é preciso destacar que esta qualidade do solo é uma construção, não é apenas com uma safra de trigo e outra de soja que o produtor será capaz de salvar ou melhorar o solo em 100%. Leva tempo e existem tecnologias para acelerar o processo de construção do perfil de solo, e este é o caminho que o produtor deve seguir”, recomenda.

A cultura do trigo é uma cultura com muitos riscos em decorrência das geadas, períodos de estiagem ou chuva na colheita, por isso a questão climática é um fator preocupante ao produtor.  Algumas regiões, inclusive, esperam pela chegada precoce da geada. Por isso, para este ano, já se espera que o custo de produção do trigo seja bem superior em relação à safra passada. Para amenizar os riscos, as primeiras orientações são: escolha do cultivar adequado, sementes de qualidade e definição da data/janela de plantio de acordo com a região.

Correa explica que o condicionamento químico, físico e biológico do solo é fundamental para atingir os objetivos desta safra, aliado a manejos que visam atenuar estresses bióticos e principalmente os abióticos. “O produtor precisa lançar mão dos condicionadores de solo, tecnologias para estímulo e nutrição nas fases vegetativa e reprodutiva, e enchimento de grão”.

Já para atender a demanda prevista diante da restrição de adubos nitrogenados e a base de potássio, e seus valores elevados, Adrian aconselha o diagnóstico químico do solo e que o produtor promova um bom sistema radicular para a cultura, desta forma, a planta vai conseguir explorar um volume de solo maior e interceptar melhor os nutrientes. “É certo que nesta safra o produtor vai explorar a reserva existente no solo com objetivo de driblar insumos com valores elevados ou mesmo falta destes. Solos biologicamente ativos fazem a diferença para mineralizar e disponibilizar nutrientes às plantas. Outra opção seria o manejo através da nutrição foliar, o qual tem como objetivo estimular a planta e complementar a nutrição via solo, principalmente com produtos à base de nutrientes essenciais, hormônios ou precursores hormonais e aminoácidos. Desta forma, a planta será mais eficiente em seus processos de crescimento e redução de estresses - fitotoxidez e geadas”, complementa Correa.

A dica para aumentar os ganhos é ficar de olho na qualidade superior do cereal. “Embora diversos fatores interfiram na qualidade final do grão como: genética, clima, dessecação, manejo adotado, entre outros, o produtor deve focar suas forças naquilo que ele tem interferência, como escolha da genética e posicionamento adequado, e solos com qualidade física, química e biológica para dar condição para o crescimento de raízes vigorosas e profundas. A raiz é a boca da planta, quanto mais raízes, maior a capacidade de absorção de água e nutrientes, o que permitirá o bom desenvolvimento das plantas. Como consequência teremos mais quantidade e maior qualidade do grão. Por último e não menos importante, o manejo adotado, nesse sentido, a aplicação de produtos via foliar à base de estímulos fisiológicos e nutricionais na fase de emborrachamento promovem a formação de grãos com maior qualidade (> PMS, W e PH)”, orienta Adrian.

Para quem vai ampliar a área produtiva, Correa alerta que é preciso ter o histórico da área e conhecer seu nível de fertilidade, antes de definir o cultivar e a população de plantas. “É preciso ter um diagnóstico da área, realizar uma análise química, saber qual a `poupança ́ existente no solo e entender se há necessidade de adubação, e qual quantidade deverá ser utilizada. Os demais cuidados devem ser os mesmos realizados em qualquer área onde o trigo será cultivado, seguindo o histórico da área e realizando manejo conforme a necessidade (monitoramento). A dica é fazer o `arroz e feijão bem feito´, com capricho, priorizando solo, sementes de qualidade, manejo adequado de plantas daninhas, insetos-praga e doenças, finaliza o agrônomo”, finaliza.

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