Especial Expodireto: Fórum Nacional da Soja debate retomada do consumo chinês

Grande público acompanhou as palestras do 31º Fórum Nacional da Soja, na Expodireto Cotrijal

03.03.2020 | 20:59 (UTC -3)
Expodireto

Perspectivas de mercado e o futuro da produção de alimentos foram os dois grandes temas debatidos no 31º Fórum Nacional da Soja, realizado na manhã desta terça-feira (3), no auditório central da Expodireto Cotrijal. O espaço ficou lotado de produtores que acompanharam o evento e interagiram com os palestrantes.

O engenheiro agrônomo e doutor em Economia Aplicada Alexandre Mendonça de Barros ministrou palestra sobre o tema “Perspectivas da Economia Agrícola no Brasil e no Mundo”. Ele fez uma análise do mercado internacional e seu impacto na microeconomia.

Mendonça explicou que o surto de gripe suína africana na China, ano passado, levou o governo chinês a abater boa parte do rebanho suíno do país, uma vez que a doença é difícil de controlar. A consequência foi o aumento no preço da carne para os chineses seguido de desabastecimento, o que provocou o aumento do consumo de animais silvestres, origem do coronavírus em humanos.

Frente a doença, Pequim determinou o fim de aglomerações de pessoas, o que impacta na redução da economia. Todavia, quando o coronavírus estiver sob controle, a China correrá atrás do prejuízo nos próximos meses. “Haverá uma retomada de demanda para reestabelecer o estoque da China”, prevê Mendonça.

O economista ressaltou que, hoje, com o dólar na casa de R$ 4,50, é um bom momento para vender soja pelo câmbio. “Para a soja em dólar, semana passada já começou uma recomposição. Ontem, voltou a subir a soja. É um preço bom, nada exuberante, mas um preço bem razoável”, afirma.

Solo analisado do espaço

Os participantes do fórum também acompanharam a palestra do fundador e CEO da Hypercubes, Fábio Teixeira, que tratou do tema “Construindo uma Equipe Homem-Máquina para Alimentar o Mundo”. Ele apresentou o nanossatélite que será colocado em órbita, no segundo semestre deste ano, cuja tecnologia permite fotografar a superfície da Terra e analisar a saúde do solo a partir de imagens hiperespectrais.

“O objetivo é ter os primeiros produtos comerciais ao final de 2021. Entre agora e até lá, o que acontece é o lançamento e a construção das primeiras bibliotecas dos fenômenos que a gente gostaria de monitorar”, explica.

A Hypercubes está sediada no Vale do Silício, onde mantém uma lavoura especial, com capacidade para 800 plantas. No local, são controladas diversas variáveis e induzidas doenças que são monitoradas pela tecnologia que estará presente nos satélites. Neste ponto do estudo, a colaboração dos produtores é essencial.

“A primeira parte está feita, é a construção do hardware, a parte física do satélite. Agora entra a parte do software, a gente precisa do agrônomo e do produtor 'ensinando' para a máquina o que ele conhece há décadas. E nós precisamos transformar isso em código (de computador)”, afirma.

Evolução tecnológica impressiona

O auditório central da Cotrijal permaneceu lotado durante todo o Fórum Nacional do Soja. Quem acompanhou, não se arrependeu. É o caso do produtor Flávio Cofferri, de Colorado. Ele disse ter ficado surpreso com as mudanças no mercado, que envolvem o mundo inteiro. Além disso, demonstrou interesse no monitoramento de lavouras por nanossatélites.

“É a primeira vez que estou participando, vi que é uma excelente oportunidade para clarear (as ideias) a fim de termos uma decisão mais assertiva com nosso produto na lavoura, que é a nossa empresa. A tecnologia está vindo e não vamos ter como voltar atrás”, afirma Cofferri.

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