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A iniciativa internacional "4 por 1000" – Solos em prol pela Segurança Alimentar e Clima, ação multi-institucional e intergovernamental, lançada na França, em 2015, durante a COP 21, realizou no dia 16 de dezembro, seu primeiro seminário regional da América Latina e Caribe. O encontro aconteceu em forma de webinar, coordenado pela pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão Beata Madari e por Alejandro Fuentes, da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (Chile), membros do Comitê Científico e Técnico (STC do sigla inglês) do "4 por mil". Assista aqui o seminário completo
O nome adotado pela Iniciativa faz referência à meta proposta durante a COP 21 de aumentar, em nível mundial, a uma taxa de 0,4% (4/1000) anual, a quantidade de Carbono orgânico existente nos solos agrícolas mundiais para contribuir à redução do nível global da concentração de gás carbónico. Buscando os objetivos de desenvolvimento sustentável adotados pela ONU, os trabalhos da iniciativa visam a aumentar a segurança alimentar, adaptar a agricultura às mudanças climáticas e mitigar as mudanças climáticas.
Além de Beata Madari e Alejandro Fuentes, os integrantes do encontro virtual foram Paul Luu, Cornélia Rumpel e Claire Chenu, respectivamente, Secretário Executivo da "4 por 1000", presidente do STC e vice-presidente do STC; Iêda Mendes, pesquisadora da Embrapa Cerrados e Jônadan Ma, presidente da Confederação das Associações Americanas para Sustentabilidade da Agricultura e da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação.
Entre os temas apresentados, destacou-se a importância das ações de combate às mudanças climáticas e pela segurança alimentar, propostas pela "4 por 1000", por meio da conservação dos habitats naturais remanescentes, protegendo aqueles já sensíveis em relação ao sequestro de Carbono e à biodiversidade. Segundo Paul Luu, é preciso começar a restaurar Ecossistemas, priorizando áreas degradadas pela ação humana com relevância global. "Nós sabemos, por estudos científicos, que se conseguirmos restaurar 15% das áreas consideradas mais importantes, teremos recuperado 60% dos ecosistemas em extinção e ainda sequestramos 300 gigatoneladas de CO2 (Uma gigatonelada corresponde a 1 bilhão de toneladas), 30% do que foi emitido para a atmosfera desde a Revolução Industrial”, explica o pesquisador, apontando também para a necessidade de mudança de práticas em toda Agricultura, principalmente em áreas com alto potencial de sequestro de Carbono no solo, por meio da adoção dos conceitos da Agroecologia. Além da ação global, a Iniciativa “4 por 1000” reconhece a importância de soluções regionais e locais para a transição para uma agricultura produtiva, altamente resiliente e sustentável, considerando as peculiaridades biofísicas, sociais, econômicas e políticas de cada região. Assim, a Iniciativa faz grandes esforços para viabilizar diálogos regionais, inclusive, através de promover encontros regionais.
A exposição seguinte de informações sobre a Iniciativa “4 por 1000" foi com Cornelia Rumpel, pesquisadora biogeoquímica de solo, que trabalha para o Centro Nacional de Pesquisa da França, no Instituto da Ecologia e Meio Ambiente de Paris. Em sua apresentação, falou sobre os objetivos, funções e atividades do STC e apresentou seus 14 membros, que têm origem em todas as regiões do mundo, reconhecidos e respeitados por suas competências técnicas e científicas, e que estão dispostos, também, dentro de equidade de gêneros, com números iguais de homens e mulheres. Sobre a atuação, ela explicou que, entre outras propostas, o Comitê facilita a interação entre política, ciência e profissionais do agronegócio em todo o mundo, com responsabilidade de informar a implementação de estratégias dentro da iniciativa. O STC define o programa de pesquisas, formulando as necessidades e cooperações para viabilizá-las e propõe critérios para avaliação desses projetos e ações, no âmbito do programa.
Claire Chenu, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisa para Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente da França, veio a seguir, abordando o papel e a importância do Carbono orgânico para a mitigação das mudanças climáticas e para a Saúde do Solo, que, segundo ela, "é a capacidade contínua dos diferentes ambientes para apoiar os serviços ecossistêmicos". A vice-presidente do “4 por 1000" ressaltou a importância da Saúde do Solo no provimento e regulagem do ciclo da água e nutrientes, fertilidade, diversidade biológica e sustentabilidade na Terra, no impedimento da erosão do solo e contribuição para a mitigação das mudanças climáticas. “O solo é a chave para reciclagem de elementos e nutrientes”, disse a pesquisadora.
A pesquisadora Iêda Mendes fez sua apresentação em seguida, demonstrando a importância da Tecnologia de Bioanálise do Solo - BioAs, descrita por ela como uma ferramenta simples e eficaz para avaliações da saúde do solo em fazendas e que, pela primeira vez, está à disposição dos agricultores brasileiros, por meio de nove laboratórios comerciais capacitados pela Embrapa para esses análises. Iêda Mendes destacou a Tecnologia de Bioanálise de Solo - BioAS, que agrega a análise da enzima arilsulfatase, associada ao ciclo do enxofre, e da enzima beta-glicosidase, associada ao ciclo do Carbono. Esta mudança insere o componente biológico às análises de rotina de fertilidade de solos. Por estarem relacionadas, direta ou indiretamente, ao potencial produtivo e à sustentabilidade do uso do solo, essas enzimas funcionam como bioindicadores e ajudam a avaliar a saúde dos solos.
O convidado que concluiu o painel dos palestrantes foi Jônadan Ma. O engenheiro agrônomo tratou do desenvolvimento do Sistema de Plantio Direto na América do Sul, mais especificamente no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, que são responsáveis por 25% da produção de grãos em todo o mundo. Jônadan lembrou a importância do papel dos agricultores e suas organizações, face à necessidade de se produzir para alimentar o mundo, mas com sustentabilidade.
Este primeiro seminário será seguido por outros, focando em tópicos selecionados pelo público. A Embrapa está organizando com outros parceiros, a 1ª Conferência Regional Latino Americana e Caribenha, com data prevista para os dias 12 a 14 de maio de 2021, em Goiânia (Brasil).
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