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Cientistas da Embrapa e do Agriculture and Agri-Food Canada (AAFC) estiveram reunidos dias 28 e 29 de outubro para avaliar e discutir as principais linhas de pesquisa que vão nortear o desenvolvimento de projetos em comum, nos próximos três anos. Biotecnologia agrícola, em especial edição gênica de plantas e microrganismos, está entre as potenciais possibilidades de interesse na parceria entre as instituições brasileira e canadense.
O resultado do workshop virtual, parte das ações definidas no Memorando de Entendimento (MoU) bilateral firmado em julho deste ano, será apresentado oficialmente para as diretorias em 27 de novembro, quando serão discutidas os próximos passos para a execução dos projetos conjuntos. A organização e moderação do workshop contaram com a participação da coordenação do Labex Estados Unidos e gestores do Portfolio de Biotecnologia Aplicada a Agricultura da Embrapa e responsáveis pela elaboração do plano de trabalho, previsto no MoU e aprovado pela Diretoria Executiva de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa.
Segundo Daniela Bittencourt, pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e secretária-executiva do portfólio Biotecnologia Avançada Aplicada ao Agronegócio (BioTecAgro), a cooperação entre as duas instituições de pesquisa vai fortalecer as ações relacionadas à edição gênica. “Trata-se de uma tecnologia que tem possibilitado a abertura de um mercado enorme de produtos biotecnológicos, já que eles podem ser considerados não transgênicos pela legislação brasileira”, explica ela.
Além da edição gênica, pesquisas na área de biologia sintética representam outra possibilidade de interesse comum entre Embrapa e AAFC. “Esta é uma linha que vem crescendo em direção a uma biotecnologia inteligente, com o uso de recursos computacionais, por isso a união de esforços com pesquisadores canadenses vai ser muito interessante para abertura de novas perspectivas".
Para Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa Agroenergia e presidente do portfólio BioTecAgro, a identificação de linhas de pesquisa comuns entre as instituições servirão de base para a efetivação das ações previstas no planejamento da cooperação e, consequentemente, para construção de projetos futuros. “Estamos tendo a oportunidade de conhecer, por exemplo, as pesquisas desenvolvidas no AAFC para aumento da produtividade e tolerância a estresse em trigo e genes relacionados a susceptibilidade e imunidade em trigo e cevada, para aumento de resistência a doenças nessas culturas”, explicou.
“Por parte da Embrapa, foram apresentadas pesquisas envolvendo genes alvo relacionados a fatores antinutricionais em soja onde a engenharia genética - usando a ferramenta Crispr - pode ajudar a solucionar esse problema, no feijão diminuir o escurecimento do tegumento, modificar a parede celular do milho e da cana de açúcar para torná-las estruturalmente mais apropriadas para o processamento industrial e aumentar a tolerância à seca em soja, milho, feijão e cana de açúcar”, disse ele, ressaltando os trabalhos que já estão em desenvolvimento pelos grupos de pesquisa nas UDs envolvidas.
Além disso, a tecnologia Crispr está sendo utilizada para aumentar a tolerância a herbicidas na soja, no milho e na cana-de-açúcar. Na área de edição gênica, o pesquisador destacou estudos relacionados às culturas de maçã e uva, para características de redução de dormência – no caso da maçã – e maximização do aroma das uvas.
Após as apresentações relacionadas a plantas, pesquisadores da Embrapa abordaram o que tem sido feito na área de edição gênica em animais, apresentada pelo pesquisador Luiz Sérgio Camargo, da Embrapa Gado de Leite, sobre o aumento da termotolerância em bovinos, aumento na produtividade e composição do leite e redução da alergenicidade.
No segundo dia do workshop, a programação foi dedicada à edição de gênica, para aumento da fixação biológica de nitrogênio, e ainda a parte regulatória do Brasil e do Canadá, que discutiu os pontos críticos relacionados à incorporação ou utilização de organismos geneticamente editados, propriedade intelectual, legislação e a resolução normativa No.16 da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que normatiza o uso de tecnologias, como a CRISPR em plantas e outros organismos.
De acordo com Alexandre Varella, coordenador do Labex EUA, o workshop é resultado de uma parte do plano de trabalho anexado ao memorando de entendimento assinado com o AAFC, com o objetivo de reunir representantes a nível estratégico das áreas de pesquisa em edição gênica e biologia sintética das duas instituições. “As propostas serão detalhadas e apresentadas para as diretorias das duas instituições em 27 de novembro deste ano, a partir do que for identificado como maiores oportunidades para desenvolver projetos conjuntos de 2021 a 2023”, explicou.
“Este não é um evento de troca de conhecimento apenas, mas de autoreconhecimento das duas instituições, do que elas vêm fazendo de destaque e quais as melhores oportunidades para trabalharmos juntos”, comentou ele. Depois da definição das propostas que serão desenvolvidas a partir do ano que vem, será preciso identificar as unidades descentralizadas interessadas e realizar o devido detalhamento dos projetos, com orçamento e metodologia específica.
Varella destacou que as unidades descentralizadas (UDs) serão convidadas a participar das pesquisas em parceria com a instituição canadense a partir das definições das Diretorias. “Por enquanto, estamos em uma fase de discussão estratégica, na qual estão envolvidas a Diretoria Executiva da Embrapa e os gestores de portfólio”, concluiu.
Estiveram presentes ao workshop Guy de Capdeville e Bruno Brasil, respectivamente, diretor-executivo e secretário de Pesquisa e Desenvolvimento, e os pesquisadores Jean Luiz Simões de Araújo (Embrapa Agrobiologia), Vera Maria Quecini e Luis Fernando Revers (Embrapa Uva e Vinho), Elene Yamazaki (Embrapa Trigo), Monica Ledur (Embrapa Suínos e Aves), Andrea Alves do Egito (Embrapa Gado de Corte), Anderson Luis Alves (Embrapa Pesca e Aquicultura) e Elibio Leopoldo Rech Filho (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia).
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