Janelas de plantio mais curtas exigem precisão nas aplicações
Avaliar bem a escolha dos maquinários e realizar os procedimentos corretos podem garantir economia e rendimento operacional superior a 50%
Na quinta-feira, 01/04, em reunião do Conselho Gestor da Erva-mate do Vale do Iguaçu (Cogemate), o deputado estadual Hussein Bakri anunciou a destinação de emendas parlamentares para pesquisas com erva-mate. Dois estudos vão focar no controle de pragas importantes para a cultura: a Embrapa Florestas vai pesquisar lagartas que atacam os ervais e a Unioeste vai pesquisar a ampola-da-erva-mate. A terceira pesquisa que vai receber recursos é do campus de União da Vitória do Instituto Federal do Paraná, que pretende estudar a composição química da erva-mate da região, em especial a do tipo sombreado. Estão previstos R$ 609 mil para as três pesquisas. As emendas são resultado de articulação do Cogemate com as instituições de pesquisa e o poder legislativo do Paraná.
As lagartas desfolhadoras da erva-mate têm preocupado o setor ervateiro pelos danos causados à cultura. As espécies Thelosia camina, conhecida popularmente como "lagarta-da-erva-mate", e Hylesia sp., chamada de lagarta-do-cartucho-da-erva-mate, são altamente vorazes e se alimentam tanto de brotações como de folhas mais velhas.
Atualmente, a recomendação para o controle das lagartas está baseada em medidas culturais ou mecânicas, como a coleta dos adultos com armadilhas e eliminação de folhas contendo posturas. Entretanto, essas medidas não são suficientes para controlar a população dessas pragas. O uso de inseticidas químicos, além de não ser amparado por registro para uso em erva-mate, pode apresentar desvantagens como alterações ambientais, desenvolvimento de resistência e elevação do grau de pragas para algumas espécies que eram consideradas inócuas. A inexistência de produtos testados e registrados para a cultura dificulta ainda uma avaliação da eficácia desses produtos a campo.
Assim, o uso de inseticidas biológicos surge como opção para os ervais. Já foram identificados produtos biológicos à base de Bacillus thuringiensis que apresentam potencial para uso no controle das lagartas desfolhadoras da erva-mate. Porém, nenhum deles apresenta registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a erva-mate, o que torna seu uso ilegal para esta cultura.
Com os recursos previstos pelas emendas parlamentares, a equipe de pesquisadores da Embrapa Florestas vai, em um primeiro momento, articular a realização de testes destes produtos à base de Bacillus thuringiensis já existentes, que hoje são utilizados em várias culturas, como soja, trigo, algodão, cana-de-açúcar, milho, entre outras, para comprovar a sua eficácia nos ervais. Com os resultados, será possível o segundo passo, que é viabilizar a “extensão de uso” para a cultura da erva-mate junto ao Mapa.
A pesquisadora Susete Chiarelllo Penteado, responsável pela condução dos trabalhos na Embrapa Florestas, explica: “já foram identificados produtos biológicos que podem trazer bons resultados no controle das lagartas, além de beneficiar aspectos sociais, ambientais e produtivos da cadeia ervateira. Na sequência, a Embrapa Florestas irá trabalhar junto aos produtores e extensionistas para capacitá-los sobre a correta utilização do produto biológico, garantindo, assim, a sua eficácia”.
Os produtos à base de Bacillus thuringiensis são inseticidas biológicos que atuam por ingestão, causando a ruptura na membrana do sistema digestivo das lagartas de lepidópteros. Algumas horas após a ingestão do produto, as lagartas cessam a atividade de alimentação e sua morte ocorre após 24 a 48 horas. Devido à ação por ingestão, é de fundamental importância que a tecnologia de aplicação permita uma boa cobertura de toda a planta. Para maior eficiência, também é necessário sincronizar a aplicação com o momento de máxima atividade e suscetibilidade das lagartas, que ocorre nos primeiros estágios larvais.
O inseto adulto é uma pequena mariposa, medindo aproximadamente 38 mm de envergadura. Geralmente realizam as posturas na parte superior das folhas, com uma média de 81 ovos por postura. O período de incubação é de 15 a 16 dias.
O período de ocorrência das lagartas é de setembro a março, podendo, eventualmente, ocorrer a partir de julho. O pico populacional, normalmente, se dá no início de dezembro. Completando o desenvolvimento larval, as lagartas deixam a planta e vão para o solo onde penetram a uma profundidade média de 5 cm, e passam o período de pupa, que varia de 8 a 10 meses.
Estas mariposas medem em torno de 40 a 45 mm de envergadura. Suas posturas são realizadas sobre as folhas ou galhos da erva-mate, em ootecas marrom-claras, com cerca de 1 cm de diâmetro, contendo centenas de ovos.
As larvas da espécie Hylesia sp. no final do desenvolvimento são de coloração cinza-escuro e possuem hábito gregário. Para se protegerem, tecem fios de seda, formando uma espécie de cartucho, onde vivem centenas de lagartas.
A época de ocorrência das lagartas se dá, geralmente, entre os meses de setembro e novembro. O empupamento ocorre, geralmente, na planta, em um casulo formado por folhas com fios de seda. Podem, também, empupar no solo entre folhas secas. Além dos danos na planta, esta espécie provoca irritação e queimaduras na pele, por apresentarem pelos urticantes, sendo um problema durante a colheita da erva-mate.
A reunião virtual em que as emendas foram garantidas contou com a presença de prefeitos do Sul do Paraná e de representantes do IDR Paraná, FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), Território Iguaçu, SEAB (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado do Paraná), Sebrae, Senac, Sindimate e Amsulpar, além das instituições de pesquisa Embrapa Florestas, Unioeste e Instituto Federal do Paraná.
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