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A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das 45 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, em Brasília, DF, vai sediar a reunião final do projeto "Ferramentas moleculares para melhoramento de qualidade de culturas de propagação vegetativa incluindo banana e mandioca", desenvolvido em parceria entre a FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura e a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, sigla em inglês).
O evento vai reunir especialistas de 16 países (Áustria, Bangladesh, Brasil, China, Cuba, República Tcheca, França, Gana, Índia, Indonésia, Itália, Quênia, México, Nigéria, Filipinas e Reino Unido) no período de 8 a 12 de novembro, quando apresentarão os resultados obtidos ao longo dos cinco anos de duração do projeto. Esses resultados serão divulgados em uma publicação científica internacional.
A primeira reunião técnica do projeto, fora de Viena (Áustria), foi realizada na Índia e a última acontece em 2010 no Brasil. E isso não foi por acaso, como explica o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho: "A índia é um dos países do Sudeste da Ásia com grande diversidade genética da banana e o Brasil da mandioca".
Segundo Castelo, o objetivo do projeto foi estudar as mutações espontâneas e induzidas em banana e mandioca visando gerar ferramentas genômicas para utilização em programas de melhoramento genético de banana e mandioca. Tais ferramentas serão aplicadas no melhoramento da qualidade nutritiva destas plantas.
Mutações naturais da mandioca apontam para novas perspectivas de utilização
No Brasil, o projeto foi conduzido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e pela Universidade Católica de Brasília. Na Embrapa, as pesquisas ficaram centradas na mandioca, mais especificamente na equipe coordenada pelo pesquisador Castelo.
Isso porque, na década de 90, ele e sua equipe coletaram mutantes naturais de mandioca na Amazônia. Estudos bioquímicos e genéticos levaram à identificação de genes responsáveis por mutações espontâneas que podem beneficiar diversos setores da indústria. "Os programas de melhoramento de mandioca no Brasil e no mundo eram orientados para a produção de farinha e fécula. As novas raças locais isoladas e identificadas vêm despertando uma enorme diversidade de mercado para mandioca tanto na indústria de alimentos como na indústria de materiais e ate de biocombustiveis", afirma o pesquisador.
As pesquisas constataram também teores de carotenóides superiores e diversificados em relação aos encontrados nas variedades convencionais de mandioca.
Essas substâncias, entre as quais se incluem o beta caroteno, o licopeno e a luteína, são muito importantes para a nutrição e saúde humanas. Enquanto o beta caroteno atua como pró-vitamina A que, quando ingerida, se transforma em vitamina A no organismo; o licopeno age como antioxidante, colaborando para a prevenção do câncer de próstata; e a luteína como protetor da mácula ocular, que se localiza na parte central da retina, e é responsável pela nitidez das imagens.
Estas mutações estão sendo transferidas para variedades comerciais por técnicas de melhoramento genético convencional e utilizadas para incrementar os estudos genômicos e o conhecimento sobre a funcionalidade das mutações naturais nas variedades de mandioca açucarada e no acúmulo diferenciado de carotenóides, em parceria com a Embrapa Cerrados.
Banana e mandioca: fontes acessíveis de minerais e vitaminas
A banana e a mandioca foram escolhidas para serem a base do projeto da FAO porque possuem um importante predicado em comum: são fontes baratas de energia, minerais e vitaminas e, por isso, muito importantes para a alimentação das populações de baixa renda.
A banana é a quarta cultura agrícola mais importante do planeta, atrás apenas do arroz, do trigo e do milho. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de banana, com uma produção de 6,47 milhões de toneladas por ano - cerca de 9,5% da produção mundial. A fruta é a mais consumida no país - junto com a laranja - e fundamental para a complementação da dieta alimentar das populações de baixa renda. Prova disso é 99% da produção nacional é destinada ao mercado interno.
A mandioca, por sua vez, é a principal fonte de calorias para cerca de 500 milhões de pessoas no mundo. O Brasil é o segundo maior produtor, com cerca de 20% da produção mundial. Ainda assim, a mandioca é um alimento pouco estudado no país e praticamente inexplorado industrialmente.
Por isso, as pesquisas para desenvolvimento de técnicas moleculares são tão importantes, como afirma Castelo: "A chave para diversificar o mercado da mandioca é buscar novas características que ofereçam alternativas de uso desta planta como o caso das mutações espontâneas obtidas nestas pesquisas. Esta opção é oferecida com enorme facilidade na obtenção de variedades comerciais porque o Brasil é o centro de origem e domesticação desta planta", finaliza.
Fernanda Diniz
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
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