Colheita de feijão primeira safra se encaminha para o final no RS
Nas regiões produtoras do RS, o feijão está em finalização de safra, com cerca de 74% da área já colhida
A Embrapa Uva e Vinho lançou, na primeira quinzena de fevereiro, duas novas cultivares de uva: a BRS Melodia, uva rosada de mesa sem sementes, crocante, com gosto de frutas vermelhas e muito doce e a BRS Bibiana, uva para elaboração de vinho branco, com alto grau de açúcar, resistente a doenças e alta produtividade, chegando a 25 toneladas por hectare. Ambas cultivares são adaptadas ao clima temperado do Sul do país e demandam menor quantidade de insumos para o controle de doenças quando comparadas a outras cultivares com a mesma finalidade. Além dessas duas novidades, a Embrapa apresentou as recomendações de cultivo na Serra Gaúcha das cultivares de uva mesa sem sementes BRS Isis e BRS Vitória, que foram desenvolvidas inicialmente para produção em regiões de clima tropical, com destaque para o Vale do São Francisco (PE/BA). Na Serra Gaúcha, a principal recomendação para as três cultivares de mesa, BRS Isis, BRS Vitória e BRS Melodia, é o cultivo sob cobertura plástica.
Para Mauro Zanus, Chefe Geral da Embrapa Uva e Vinho, “esses dois lançamentos da Embrapa estão associados ao estágio de amadurecimento do Programa de Melhoramento Genético da Empresa, que foi constituído há muitos anos com o Banco Ativo de Germoplasma (BAG Uva) (https://www.embrapa.br/uva-e-vinho/banco-ativo-de-germoplasma-de-uva). Hoje nós temos uma coleção de trabalho com as melhores seleções e cultivares que fornecem material para os cruzamentos, atribuindo características interessantes, por exemplo, a resistência às doenças, características do cacho, cor, aroma e sabor das uvas. Dessa forma, conseguimos oferecer de forma permanente novas cultivares para atender as demandas do setor”.
Aproximadamente 120 pessoas, entre viticultores, técnicos e lideranças do Setor estiveram presentes no evento de lançamento da ‘BRS Melodia’ e apresentação do manejo para a Serra Gaúcha da ‘BRS Vitória’ e ‘BRS Isis’, quando puderam conhecer os resultados das pesquisas desenvolvidas pela Embrapa em Bento Gonçalves. Umberto Camargo, pesquisador aposentado da Embrapa e responsável pela criação do Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil, destacou a importância de divulgar, junto com os lançamentos, as recomendações de cultivo, pois, segundo ele: “eu já vi produtores implantarem áreas de BRS Vitória e, no segundo ano de cultivo, decidirem eliminar o vinhedo. Atribuo isso principalmente à falta de conhecimento do manejo da nova cultivar, que é muito boa mas, se for mal manejada, poderá ser considerada como uma variedade sem qualidade ou com defeitos graves”.
BRS Melodia, uva rosada sem sementes cultivada sob cobertura plástica
A BRS Melodia é uma cultivar de uva híbrida, com boa tolerância às doenças da videira, principalmente ao míldio e ao oídio. Foi criada especificamente para consumo in natura, com destaque para sua cor rosada bastante intensa e ao sabor tutti-frutti. Quanto à textura, é uma uva crocante e de casca fina, tornando-a uma uva fácil de mastigar. A BRS Melodia se adaptou muito bem à Serra Gaúcha sob cobertura plástica, região onde esse tipo de cultivo tem aumentado.
Clique aqui e saiba mais sobre o manejo da ‘BRS Melodia’ com o pesquisador e coordenador do Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil, João Dimas Maia.
Produtores se interessam pela cultivar BRS Melodia
O produtor de uvas de mesa de Alto Feliz, RS, Jair Fernando Freiberger, gostou dos lançamentos: “são uvas muito bonitas, vistosas as quais acredito que futuramente terão um grande potencial para atingir grandes mercados também”. Produtores de outras regiões também se interessaram pela nova cultivar, como Sergio Eiti Iida de Pirapora, MG. Lá, a família cultiva 130 hectares de uva Niágara, além de uma pequena, e crescente, área de BRS Isis e BRS Vitória. “Ficamos bastante interessados na ‘BRS Melodia’ e, pelo o que degustamos, com certeza essa uva saborosa tem um grande potencial de aceitação no mercado”, afirmou Iida.
Vilmar Capellaro, atual Prefeito de Lagoa Grande-PE, no Vale do São Francisco, produz as cultivares da Embrapa BRS Vitória, BRS Isis, BRS Núbia e BRS Clara, numa área de 110 hectares e vê na sua região, que tem em torno de 1500 produtores assentados pelo Incra às margens do Rio São Francisco, um grande potencial para a viticultura de mesa. Sendo integrante da Câmara de Fruticultura na região do Vale do São Francisco, Capellaro acredita que “o país, especialmente o Vale do São Francisco deve investir mais em tecnologia nacional, para que o conhecimento aqui gerado fortaleça tanto o mercado interno quanto as exportações; esse é um exemplo prático do potencial que a ‘BRS Melodia’, gerada pela Embrapa pode alcançar como está sendo com a ‘BRS Vitória’”.
BRS Bibiana, cultivar de uva para elaboração de vinho branco
A BRS Bibiana é uma uva branca, resistente às podridões de cacho, pois eles não são compactos. O vinho elaborado com a BRS Bibiana remete àqueles obtidos a partir de uvas europeias; o nível de açúcar, na maturação, é alto, em torno de 21 ºBrix, com acidez em torno de 100 a 120 mEq/litro. A nova cultivar se adapta melhor ao clima subtropical úmido da região da Serra Gaúcha, tem alta produtividade e demanda menos tratamentos fitossanitários em função da resistência genética e dos cachos soltos.
Para o Chefe Geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Zanus, a ‘BRS Bibiana’ “é a matéria-prima mais adaptada às condições de solo e clima da Serra Gaúcha para a elaboração de um vinho branco com todas as características de um vinho fino”.
Clique aqui e saiba mais sobre as características do manejo da cultivar de uva para processamento BRS Bibiana, desenvolvida pela Embrapa para a elaboração de vinho branco, com a pesquisadora e coordenadora do Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil, Patrícia Ritschel.
Vinicultores e enólogos se surpreendem com a ‘BRS Bibiana’ e seu vinho
O engenheiro agrônomo da Cooperativa Vinícola São João, Paulo Adolfo Tesser, acredita que a BRS Bibiana é uma variedade com qualidade superior às uvas viníferas da região: “O mais importante é o aroma dela, parecido com o das uvas viníferas, tipo Sauvignon Blanc e Chardonnay. Também é uma uva mais fácil de produzir e resistente às podridões de cacho e outras doenças, o que é bastante importante nessa região que é chuvosa”.
Thompson Benhur Didoné, extensionista da Emater/RS-Ascar não conhecia a nova cultivar de vinho branco e concorda com Tesser: “só a redução na aplicação de defensivos, devido à resistência principalmente as podridões, já é um ganho para o produtor em termos de redução de custo de produção e também em termos ambientais”. O que também o surpreendeu foi o vinho: “extremamente elegante, com toda a semelhança às viníferas, embora classificada como híbrida, tendo uma acidez equilibrada”. Para ele é um vinho com grande potencial.
Flávio Ângelo Zílio, enólogo da Cooperativa Vinícola Aurora chega a fazer um pedido para quem degustar o vinho da ‘BRS Bibiana’: “avaliem essas variedades com muito carinho, porque elas são originárias de muito trabalho e têm provado sua qualidade. Precisamos respeitá-las e divulgá-las pelo Brasil, para que possamos tomar vinhos cada vez mais saudáveis e de qualidade”.
Esse é o caso da ‘BRS Bibiana’: uma uva que permite elaborar um vinho com excelentes características sensoriais, oferecendo ao viticultor e à indústria uma matéria-prima de alta qualidade e adaptada à Serra Gaúcha. Clique aqui e saiba, com o pesquisador Mauro Zanus, mais sobre as características enológicas do vinho branco elaborado com a cultivar BRS Bibiana.
Umberto Camargo, pesquisador aposentado que deu início ao Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil, acredita nesse trabalho que já tem 42 anos e que continua gerando produtos importantes para o setor vitivinícola brasileiro. Para Camargo, o vinho da ‘BRS Bibiana’ é um muito peculiar, com aroma frutado, que lembra goiaba, tem terpenos de alta qualidade e pode concorrer em avaliações sensoriais de vinhos em qualquer parte do mundo. “Creio que é uma oportunidade que a Serra Gaúcha e a vitivinicultura Brasileira têm para consagrar definitivamente um produto genuinamente brasileiro.”
O Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil é feito em conexão com o setor produtivo, observando suas demandas e gerando soluções tecnológicas nacionais. Nem todos os países têm à sua disposição esses avanços, introduzidos aos poucos por uma grande equipe de pesquisadores e técnicos, que agora conseguem disponibilizar, em sintonia com os desafios da Embrapa, inovações no setor produtivo, a fim de manter a competitividade do Setor, conclui o Chefe-Geral da Embrapa Uva e Vinho, Zanus.
‘BRS Isis’ e ‘BRS Vitória’ adaptadas às condições de solo e clima da Serra Gaúcha
As cultivares de uva BRS Isis e BRS Vitória, desenvolvidas para cultivo em regiões tropicais, tiveram seu manejo adaptado ao clima temperado da Serra Gaúcha, sob cobertura plástica. O assistente de pesquisa Roque Zílio, da Embrapa Uva e Vinho, orienta sobre as características dessas cultivares e seu manejo na Serra Gaúcha. Clique aqui para informações sobre o manejo da ‘BRS Isis’ na região da Serra Gaúcha e aqui, para informações sobre a ‘BRS Vitória’.
Segundo Patrícia Ritschel, coordenadora do Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil, o desenvolvimento de novas cultivares de videira, que incluam resistência a doenças e adaptação às condições ambientais da região onde será cultivada é o negócio do programa de melhoramento genético Uvas do Brasil. “Nós acreditamos no sucesso das cultivares lançadas nas últimas semanas: a BRS Bibiana, que resulta em vinhos excelentes, com resistência à podridão de cachos, fator decisivo para a colheita de uvas com sanidade e qualidade, especialmente em regiões com elevada ocorrência de chuvas durante a colheita; e a BRS Melodia, com sabor peculiar, que agrada o consumidor, candidata a fazer parte do clube exclusivo de cultivares “gourmet”.
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