Embrapa estuda manejo para controle do mofo branco

15.01.2010 | 21:59 (UTC -3)

Nos últimos cinco anos, os produtores de soja, feijão, girassol e algodão de diversas regiões do cerrado, nos estados de Goiás, Minas Gerais e Bahia, estão convivendo com danos crescentes em suas lavouras, aumento nos custos de produção e com perdas superiores a 30% em consequência da ocorrência do mofo branco, doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary.

Até então considerada uma doença de regiões altas e de temperatura amena, o mofo branco já infestou áreas no Rio Grande do Sul e norte do Paraná.

Pesquisadores de seis unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em cooperação com várias instituições de pesquisa ligadas a agricultura, irão estudar o nível de ocorrência da doença no cerrado e no sul do país e os efeitos de práticas agrícolas, assim como definir estratégias de prevenção e manejo para o controle da doença. Atualmente, o controle do mofo branco vem sendo realizado através do uso de fungicidas, o que apresenta um alto custo e eficiência questionável.

O pesquisador Austeclínio Lopes de Farias Neto, da Embrapa Cerrados – unidade da Embrapa, localizada em Planaltina-DF, que lidera o projeto de pesquisa -, afirma que há uma grande carência de infomações sobre o manejo dos fungicidas. “O tratamento químico para essa doença é extramente difícil, seja pela ausência de informações ou pela própria natureza do fungo, que pode sobreviver até 12 anos no solo”, explica.

O fungo causador do mofo branco pode afetar toda parte aérea da planta, causando lesões inicialmente pequenas e aquosas, que rapidamente aumentam de tamanho. Com o desenvolvimento da doença, as partes afetadas perdem a cor, tornando-se amareladas e depois marrons, produzindo uma podridão mole nos tecidos. Os sintomas iniciais são lesões encharcadas que se espalham rapidamente para as hastes, ramos e vagens. Nos tecidos infectados, aparece uma eflorescência que lembra algodão, constituindo os sinais característicos da doença.

Projeto - Durante os três anos de execução do projeto, os pesquisadores irão testar vários tipos de fungicidas para definir o manejo racional dos produtos químicos, visando o controle da doença e a preservação do meio ambiente. Experimentos em áreas já infectadas nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal e em laboratórios definirão a eficiência de controle químico e biológico do mofo branco, pelo tratamento de sementes e pulverização da parte aérea das plantas.

A partir dos estudos de fatores climáticos que favorecem o desenvolvimento do fungo será possível lançar mapas de zoneamento de regiões de maior favorabilidade da ocorrência da doença, estabelecendo, portanto, as áreas mais críticas. Essas informações possibilitasrão o desenvolvimento de sistemas de previsão.O mapeamento das áreas de ocorrência da doença será realizado em parceria com instituições estaduais de agricultoria e cooperativas de produtores.

A identificação dos danos causados pelo fungo em diferentes sistemas de produção também é importante para o desenvolvimento das pesquisas. Estudos preliminares indicam a possibilidade de um melhor manejo da doença através de práticas como preparo de solo e uso de palhada, que precisam ser estudadas mais profundamente. Serão estudadas também a epidemiologia da doença e a estrutura genética de populações do patógeno. As análises da variabilidade do patógeno embasarão os trabalhos de desenvolvimento de cultivares resistentes e permitirão definir estratégias de ação em seu ciclo biológico.

O projeto será executado pelas seguintes unidades da Embrapa: Embrapa Cerrados; Embrapa Soja; Embrapa Algodão; Embrapa Arroz e Feijão e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e Embrapa Agropecuária Oeste. Além das unidades da Embrapa, o projeto contempla também parcerias com a Universidade de Brasília (UnB), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade de Rio Verde, Universidade Estadual de Ponta Grossa e Universidade de Santa Maria. A iniciativa privada participará do projeto através da Fundação de Apoio a Pesquisa e Desenvolvimento do Oeste Baiano, Fundação Chapadões-MS, Centro Tecnológico para Pesquisa Agropecuária (CTPA), Pionner Seeds e empresas fabricantes de agroquímicos e fungicidas a base de agentes de controle biológico.

Liliane Castelões

Embrapa Cerrados

/ (61) 3388-9945

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