Embrapa discute com a sociedade alternativas para o babaçu

15.08.2011 | 20:59 (UTC -3)
Daniela Garcia Collares

São Luiz, no Maranhão, será palco do fórum “Babaçutec”, que tem por objetivo discutir as ações para viabilizar o babaçu como uma importante fonte de renda para os agricultores familiares e industriais. O fórum, promovido pelas unidades da Embrapa Agroenergia (Brasília/DF), Cocais (São Luis/MA) e Meio-Norte (Teresina/PI), acontece nos dias 18 e 19 de agosto, com a parceria do Instituto de Agronegócios do Maranhão, Universidade Federal do Tocantins e a empresa Tobasa. Após o evento será realizada uma visita técnica programada a maciços naturais, indústria de beneficiamento e contactos com produtores e “quebradeiras” de coco babaçu.

Durantes os dois dias serão realizados o workshop do projeto Propalma, as reuniões da rede Repensa Babaçu e de preparação para o Congresso Brasileiro de Babaçu. O Chefe-Geral da Embrapa Cocais, Valdemício de Sousa, enfatiza a importância do evento. “Pretendemos alavancar as pesquisas com o babaçu, devido a sua importância para os estados como o Maranhão e o Tocantins, regiões de maior concentração da espécie Orbignya sp”.

O Chefe-Geral da Embrapa Agroenergia e palestrante no fórum, Frederico Durães, irá destacar os elementos técnicos e legais sobre a exploração e utilização de maciços naturais, bem como os condicionantes técnico-científicos para a domesticação de uma espécie potencial para agroenergia, ainda sem domínio tecnológico. Além disso, estará discutindo alguns critérios e providências a serem compartilhadas para o mapeamento e a inserção da espécie em mercados competitivos, e ações pertinentes para programas de desenvolvimento regional. As palmeiras oleíferas, a exemplo da palma de óleo (dendê) e o babaçu, concentram altos teores de matérias graxas, ou seja, óleos de aplicação alimentícia ou industrial. “A Embrapa Agroenergia contribui nesta agenda visando à caracterização da matéria-prima e a eficiência dos processos de conversão industrial de produtos e resíduos em energia de biomassa”, salienta Durães.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Cocais, Eugênio Araújo, o Maranhão é o maior produtor de amêndoas de babaçu, sendo responsável por quase 80% da produção nacional. “O principal produto extraído do babaçu, e que possui valor mercantil e industrial, são as amêndoas contidas em seus frutos”, explica o pesquisador. Sendo o principal destinatário das amêndoas as indústrias locais de esmagamento, produtoras de óleo cru.

As amêndoas - de 3 a 5 em cada fruto - são extraídas manualmente em um sistema caseiro tradicional e de subsistência. É praticamente o único sustento de grande parte da população interiorana sem terras das regiões onde ocorre o babaçu. Apenas no Maranhão a extração de sua amêndoa envolve o trabalho de muitos agricultores familiares, especialmente, mulheres acompanhadas de suas crianças: as "quebradeiras", como são chamadas.

Em relação à casca do coco, devidamente preparada, fornece um eficiente carvão, fonte exclusiva de combustível em várias regiões do nordeste do Brasil. A população, que sabe aproveitar das riquezas que possui, realiza freqüentemente o processo de produção do carvão de babaçu durante a noite: queimada lentamente em caieiras cobertas por folhas e terra, a casca do babaçu produz uma vasta fumaça aproveitada como repelente de insetos.

No balanço de massa, outros produtos de aplicação industrial podem ser derivados da casca do coco do babaçu, diz Frederico Durães, tais como etanol, metanol, coque, carvão reativado, gases combustíveis, ácido acético e alcatrão. “No fórum Babaçutec estaremos discutindo, e buscando alinhamento de todas estas utilidades e as ações de pesquisa para impulsionar a cultura do babaçu e seus produtos, em bases técnico-científicas e negociais”, finaliza Durães.

Mais informações sobre o Fórum “Babaçutec” podem ser obtidas na Embrapa Cocais pelo telefone (98) 3878-1364

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025