Doenças em milho: rede de pesquisa alcança principais estados produtores

Iniciado no Paraná há cinco anos, projeto chega a Tocantins e Maranhão

22.12.2021 | 08:36 (UTC -3)
Edmilson Gonçales Liberal

A partir de 2022, Tocantins e Maranhão passam a integrar a rede de pesquisa em doenças foliares de milho. Assim, o projeto alcança todos os principais estados produtores da segunda safra no país, abrangendo microrregiões de clima tropical e subtropical do Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte. A informação é do engenheiro-agrônomo Adriano Custódio, pesquisador do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná) que lidera o projeto há cinco anos.

A rede cooperativa de ensaios foi iniciada em 2016, com o objetivo de avaliar fungicidas utilizados para conter doenças foliares que acometem lavouras de milho segunda safra, em particular a mancha branca, tida como de difícil controle. Contemplava inicialmente 10 localidades do território paranaense.

De acordo com Custódio, a instalação do projeto respondeu a uma demanda do setor produtivo, surgida no rastro da grande expansão da área cultivada nessa época de semeadura, juntamente com a consolidação das doenças foliares como um problema para os produtores. Em cultivares suscetíveis, danos causados pela mancha branca, por exemplo, podem causar até 60% de perdas na produção, prejuízo que pode chegar a 70% no caso da mancha de cercóspora. 

“Avaliar eficiência de controle e ganho de produtividade dessas moléculas fungicidas é fundamental para orientar os produtores a fazer o uso racional dos produtos, além de assinalar um importante estágio de profissionalização da segunda safra de milho, com a adoção de novas tecnologias”, avalia Custódio. Ele aponta que o mercado de fungicidas para a cultura movimenta em torno de 300 milhões de dólares, a maior parte (85%) na segunda safra.

Em 2020, novos parceiros se juntaram à rede, e os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul passaram a receber os ensaios.

Desde que foi iniciada a rede, foram conduzidos mais de 120 ensaios e 4,5 mil parcelas experimentais desde o início do projeto, o que possibilitou avaliar o desempenho de 27 fungicidas sintéticos, isoladamente ou em misturas. 

Neste período, houve significativo avanço na modernização, diversificação e inovação do portfólio para a cultura. No caso da mancha branca, segundo Custódio, a pouca disponibilidade de ingredientes ativos de maior eficiência era um dos principais gargalos tecnológicos para o controle da doença. “Essa limitação foi superada, novos fungicidas foliares agora disponíveis no mercado mostraram até 74% de eficiência no controle, com ganho de 1.337 kg/ha”, ele aponta.

Na esteira do crescimento da oferta de bioinsumos para o setor, Custódio acredita que, nos próximos anos, uma nova fase dos trabalhos passará a incluir fungicidas biológicos nas avaliações.

Prêmio 

Como resultado do projeto, o IDR-Paraná publicou cinco boletins técnicos contendo orientações dirigidas a técnicos e produtores — BT 93, BT 94, BT 95, BT 96 e BT 97, que podem ser baixados gratuitamente no endereço http://www.idrparana.pr.gov.br/Pagina/Editora-IDR-Parana.

Apresentado em novembro no XVI Seminário Nacional de Milho Safrinha, um trabalho contendo a consolidação dos resultados obtidos nos cinco anos de ação da rede de pesquisa conquistou o prêmio “destaque” na sessão fitossanidade e ainda foi apontado como um dos cinco melhores dentre todas as pesquisas levadas ao evento.

Parceria

A rede de pesquisas em controle de doenças de milho resulta de parceria entre o IDR-Paraná; Universidade Estadual de Londrina (UEL); Tagro Tecnologia Agropecuária; Cooperativa Agroindustrial Consolata (Copacol); Embrapa Milho e Sorgo; Instituto Agronômico de Campinas (IAC); Instituto Biológico de São Paulo; Universidade Federal de Lavras (Ufla); Universidade de Rio Verde (UniRV); Universidade Federal de Uberlândia (UFU); Universidade Federal de Jataí (UFJ); Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig); Integrada Cooperativa Agroindustrial; 3M Experimentação Agrícola; Agrodinâmica Pesquisa e Consultoria Agropecuária; AgroEnsaio Pesquisa e Consultoria Agronômica; Ceres Consultoria Agronômica; Campos Pesquisa Agrícola; Centro Tecnológico para Pesquisas Agropecuárias (CTPA); Desafios Agro; Famiva Pesquisa & Soluções Agrícolas; Fitolab Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola; Fundação Chapadão; Fundação MS; Fundação MT; Fundação Rio Verde; G12 AgroPesquisa e Consultoria Agronômica; Instituto Phytus; Instituto PlantCare; Juliagro; Meta Consultoria Agrícola; Proteplan; Rural Técnica Assessoria Agronômica, Agricultura de Precisão e Pesquisa e Terra Paraná Pesquisa e Treinamento Agrícola. 
A partir do próximo ano, os estados de Tocantins e Maranhão passam a fazer ensaios, conduzidos pelas entidades ALX Farias e Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte (Fapcen), que se somam à rede.

O projeto conta com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além de recursos próprios das entidades parceiras.

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