Digitalização avança nas grandes propriedades da União Europeia

Relatório revela também que tecnologias específicas enfrentam barreiras de custo e conhecimento

19.09.2025 | 12:43 (UTC -3)
Revista Cultivar

A digitalização avança de forma desigual na agricultura europeia. Ferramentas digitais básicas já se tornaram comuns, mas tecnologias específicas para lavouras e pecuária ainda enfrentam baixa adesão, sobretudo entre produtores com menor escala e infraestrutura precária. É o que mostra um levantamento realizado pela Comissão Europeia com 1.444 agricultores de nove países da União Europeia.

Segundo o estudo, 93% das propriedades utilizam ao menos uma ferramenta de TI ou software de gestão. Contudo, apenas 29% adotaram três ou mais tecnologias específicas para lavouras. No caso da pecuária, o número cai para 17%. O custo elevado e a falta de capacitação técnica surgem como os principais entraves.

Entre os países pesquisados estão Alemanha, Irlanda, Grécia, Espanha, França, Itália, Lituânia, Hungria e Polônia. A maioria dos produtores entrevistados (85%) relatou acesso adequado à internet. No entanto, a qualidade da conexão ainda limita o uso pleno de tecnologias mais avançadas.

O tamanho da propriedade influencia diretamente na digitalização. Fazendas maiores adotam até 84% mais tecnologias do que as menores. Já uma conexão ruim reduz em até 30% a chance de adesão. Produtores com vendas diretas ao consumidor adotam entre 14% e 36% mais soluções digitais.

A qualificação técnica também impacta a digitalização. Agricultores com treinamento específico em agricultura e tecnologia adotam entre 14% e 71% mais ferramentas. Por outro lado, idade, gênero e certificações como produção orgânica mostraram pouca influência na adoção.

O estudo também aponta que as iniciativas públicas e cooperativas exercem papel limitado na disseminação das tecnologias. A adoção depende principalmente da iniciativa dos próprios agricultores e da pressão do mercado.

Apesar das dificuldades, os produtores demonstram otimismo. Cerca de 76% acreditam que a digitalização pode melhorar os resultados econômicos. Outros 72% apontam benefícios ambientais, enquanto 67% veem impacto social positivo. A maioria também enxerga maior resiliência frente a crises.

No campo da gestão de dados, a maioria das propriedades ainda utiliza métodos manuais ou ferramentas básicas, o que amplia a carga administrativa. A prática de compartilhar dados com terceiros é seletiva, marcada por preocupações com privacidade, segurança e controle.

Outras informações em doi.org/10.2760/4688498

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025