Dia de Campo em Tibagi (PR) mostra como colher mais trigo em menos tempo

Produtores da maior região tritícola do país conheceram cultivares que permitem obter altas produtividades com alta qualidade industrial em ciclos mais curtos.

11.10.2017 | 20:59 (UTC -3)
Daniela Wietholter Lopes

A região dos Campos Gerais, por suas características culturais, de altitude, solo e clima, possui uma grande área de trigo semeada e, por isso, é referência no cultivo do cereal no estado do Paraná. Em 2016, por exemplo, a produção de trigo na região alcançou a marca de 415 mil toneladas de trigo cultivados em uma área de 126 mil hectares. O volume representa quase 20% do total produzido pelos triticultores paranaenses. E é nessa região fria do Paraná que aconteceu o dia de campo da Biotrigo Genética, nesta quarta-feira (11). Quem sediou o evento foi a proprietária da Fazenda Fazendinha, Norma Roderjan. A propriedade, que está na família há mais de cem anos, está localizada no município de Tibagi/PR que conta com a maior área de trigo do Brasil.

Segundo o engenheiro agrônomo responsável técnico da fazenda, Ângelo Ferronato, a propriedade cultiva trigo há mais de vinte e sete anos. Em 2016, foram 1,6 mil hectares semeados e, graças ao clima favorável e ao potencial genético do trigo, a produtividade média chegou a 4,5 mil kg por hectare em 2016. Esse resultado representa 40% a mais que a média Brasil (3.145 kg/ha), sendo que a cultivar TBIO Toruk obteve seu pico de rendimento próximo aos 6 mil kg por hectare.

“Temos na fazenda um objetivo que é de ter lucro com trigo. Nosso manejo busca um equilíbrio entre custo e benefício, sendo que nem sempre temos as produtividades mais altas da região. Repito uma frase há muitos anos, onde quem faz as contas e planeja os investimentos, consegue ganhar dinheiro com trigo”, argumenta.

A forma com que conduzem a cultura parece estar entregando os objetivos, pois as áreas semeadas neste ano mantem-se próximas as de 2016, movimento contrário ao visto no país neste ano. A área de trigo semeada na Fazenda Fazendinha foi mantida em 2017 e está coberta com 100% genética Biotrigo, a qual segundo Ferronato, não abre mão. “Mesmo com um inverno marcado pela e irregularidade nas chuvas, as áreas da fazenda ainda sim possuem uma reação positiva da cultura, pois o ano foi extremamente atípico”, explica. A boa condução das áreas está ligada a muito estudo, visto que Ângelo pertence ao Grupo de Agrônomos e Técnicos de Tibagi (GATT), onde muita informação é gerada há mais de 25 anos.

Novidades no campo

O relato de sucesso de produtividade aconteceu durante o dia de campo que reuniu cerca de 100 produtores, sementeiros e técnicos. Para demonstrar novas tecnologias, na fazenda foram semeados opões de trigos para alimentação de gado de corte e de leite e de trigos com ciclos mais rápidos que permitirão semear soja mais cedo, demanda apresentada não somente pelas regiões mais quentes, mas igualmente onde as altitudes são maiores e normalmente as culturas de verão são implantadas mais tarde.

Fernando Michel Wagner, gerente da Regional Norte da Biotrigo Genética, apresentou duas cultivares de trigo desenvolvidas a partir das qualidades genéticas de TBIO Toruk, mas com uma vantagem: ciclo mais rápido. “Com a plataforma Toruk o tipo de planta e potencial foram mantidos, proporcionando um menor custo na condução, pelas reações agronômicas e ciclo mais curto que seus filhos trazem. Este é um desejo em todas as regiões tritícolas”, diz Wagner. TBIO Sonic é um trigo melhorador, com ciclo 20 dias mais curto que o TBIO Toruk, permitindo fazer a semeadura mais tarde e ter uma possibilidade de semear mais cedo a cultura de verão. As principais características da cultivar são a superprecocidade, o alto vigor de planta, a produtividade e a resistência à diversas doenças, incluindo o excelente nível de resistência à brusone, bacteriose e manchas foliares”, explica.

Já a cultivar TBIO Audaz, é um trigo melhorador de ciclo precoce, 10 dias menor que o TBIO Toruk para a região, que possui ótima força de glúten e performance de panificação. “No campo, a cultivar apresenta destaque na resistência às principais doenças do trigo, como o complexo de manchas foliares, mosaico, brusone, giberela e bacteriose, além do alto teto produtivo, tudo isto somado a qualidade já destacada por mais de 80 moinhos onde foi testado”, complementa Wagner.

Trigos para bovinos

O zootecnista da Biotrigo, Ederson Luis Henz, explicou durante o evento que além de ser uma alternativa de alimento de qualidade no inverno, a silagem de trigo aumenta a produtividade de carne de gado e de leite. “São duas cultivares com a mesma finalidade que não possuem aristas e que entregam alto potencial de produção de matéria verde e excelente sanidade foliar”, disse Henz.

O diferencial entre elas é o tempo de cultivo e a região a ser semeada. O TBIO Energia I, que é indicado para o sul do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, possui ciclo médio com corte precoce, o que permite a antecipação da cultura sucessora de verão e a produção de alimento para ser ofertado durante os períodos do ano de maior escassez, suprindo o déficit de forragem causada por uma frustração na safra de milho ou restrições em ter alimento conservado produzido no inverno”, ressalta.

Já o TBIO Energia II é adaptado não só a região Sul do Brasil, mas também para o Sudeste por se adaptar bem àqueles ambientes e ter ciclo ainda mais rápido que TBIO Energia I. “No Norte do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás, esta cultivar tolera melhor o calor e se desenvolve num ciclo em torno de 20 dias mais curto do que o TBIO Energia I, o que possibilita diferentes manejos”, destacou. Além destas duas cultivares, a Biotrigo apresentou o Lenox, trigo exclusivo para pastagem.

Na vitrine de tecnologias do dia de campo também foram apresentadas outras oportunidades de cultivares de trigo convencional recomendadas para o cultivo no estado do PR com destaque para TBIO Toruk, TBIO Sossego, TBIO Noble (Branqueador e melhorador), TBIO Sinuelo e linhagens de pré-lançamento para 2018.

Outras estações trouxeram explanações sobre qualidade industrial do trigo, tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas e descompactação e correção dos solos, esta última, contando com a mais recente novidade da Biotrigo, onde se uniu a Montagner, empresa que trabalha no segmento de máquinas agrícolas.

 

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