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Antes mesmo de terminar a colheita de trigo de 2019, os produtores do Paraná já estão planejando as safras dos próximos anos. Em busca de novidades, aproximadamente 150 multiplicadores de sementes, recomendantes e profissionais da indústria moageira do Paraná participaram nesta terça-feira (24), do segundo dia de campo institucional da Biotrigo na safra 2019. O evento aconteceu em Tibagi (PR), município que possui a maior área de trigo semeada do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e que é referência na produção do grão. Entre as atividades, os participantes tiveram a oportunidade de avaliar o desempenho de mais de 20 cultivares e linhagens à campo e de participar de palestras temáticas, entre elas a evolução do melhoramento genético e o legado da introdução da genética francesa na cultura do trigo no Brasil, o mercado de trigos especiais, a importância do escalonamento da semeadura e o manejo integrado de plantas daninhas.
Segundo o supervisor comercial da Biotrigo para a região, Deodato Matias Junior, a vocação da região para o cultivo do trigo é beneficiada pelas suas características ambientas, como altitude, solo e clima, além do alto nível de conhecimento dos produtores que acreditam na cultura buscando cultivares com a qualidade industrial demandada pelo mercado local e adaptadas à sua realidade. “Um exemplo é o do trigo branqueador, que segregado, é utilizado como trunfo dos produtores da região por possuírem a seu favor uma excelente estrutura de recebimento nas cooperativas e cerealistas. Além deste fator, possuem uma localização próxima a moinhos que atendem grandes centros consumidores”, explicou. Para atender a esse mercado, foi apresentada a cultivar TBIO Duque, primeiro filho de TBIO Noble cruzado com a cultivar mais semeada do Brasil, TBIO Toruk. “Além da qualidade industrial para panificação, TBIO Duque se diferencia entre outros trigos branqueadores pela excelente sanidade - inédita nesse segmento - especialmente pela resistência às manchas foliares, bacteriose, germinação na espiga e Brusone”, destacou.
Rodrigo Tomazzoni Namur, coordenador de sementes da Castrolanda, participou do dia de campo e comentou sobre os resultados das pesquisas realizadas com a cultivar nas áreas da cooperativa. “Uma boa parcela da área de trigo dos nossos cooperados é cultivada todos os anos com trigos branqueadores, porém as cultivares disponíveis no mercado antes do TBIO Duque, embora apresentassem produtividades satisfatórias, tinham alta suscetibilidade às principais doenças da cultura e também elevado índice de germinação na espiga sob clima adverso. Os resultados de pesquisa obtidos por nós até agora demonstram que o TBIO Duque, além de ser branqueador e de apresentar produtividades significativamente superiores quando comparado aos seus concorrentes, apresenta uma boa tolerância à germinação na espiga e às doenças que ocorrem na região, reduzindo riscos e os custos de produção, o que deve maximizar a rentabilidade de nossos cooperados e clientes”.
Com a preocupação de atender o mercado – tanto moageiro, que busca boa qualidade industrial e estabilidade, como triticultor, que mesmo atento ao mercado comprador, tem como foco a produtividade e resistência às doenças - o programa de melhoramento da Biotrigo chegou ao TBIO Astro, considerado o melhor trigo do portfólio. A cultivar foi apresentada pelo gerente comercial para a América Latina (Latam) da Biotrigo Genética, Fernando Michel Wagner. “O TBIO Astro tem ciclo superprecoce, bom nível de resistência à Giberela, alta resistência às doenças de espiga, ao acamamento e à germinação na espiga. Possui ainda dois grandes diferenciais que especialmente beneficiam os produtores da região dos Campos Gerais, que é a boa manutenção de PH e ainda traz na sua genética a capacidade de entregar uma proteína mais alta. É o nosso recordista no ranking de Força de Glúten (W), com valores médios de W entre 550 até 800 10-4J em algumas amostras”, explicou.
Novas estratégias para o controle de plantas daninhas também foram foco do evento. O melhorista da Biotrigo, Francisco Gnocato, apresentou o TBIO Capricho CL, primeiro trigo do Brasil com a tecnologia Clearfield CL - já utilizada em países produtores de trigo, como Canadá e Austrália e, no Brasil, na cultura do arroz. Segundo Francisco, a cultivar é promissora para o manejo de plantas daninhas resistentes, como o azevém, aveia e nabo. “Introduzimos na cultivar, derivada de TBIO Sinuelo, a tolerância aos herbicidas do grupo das imidazolinonas, mais precisamente ao ingrediente ativo imazamoxi (Raptor 70DG®), o que ajuda, por exemplo, no controle de biótipos de azevém resistentes ao glifosato, aos inibidores da ACCase (graminicidas) e aos inibidores da ALS. Além de preservar as lavouras de trigo, a tecnologia também traz benefícios para todo sistema de produção”, explicou.
Para o gerente técnico de pesquisa da Fundação ABC, Luis Henrique Penckowski, e a pesquisadora do setor de herbologia da instituição, Eliana Fernandes Borsato, a tecnologia permite utilizar de forma seletiva o herbicida Raptor, além de controlar com eficácia os biótipos de azevém resistente ao glifosato e/ou inibidores da ALS. “A dificuldade no controle de azevém com resistência ao herbicida glifosato estava inviabilizando a utilização da cultura como parte do sistema de rotação. O trigo CL e a utilização de Raptor na pós-emergência do trigo se mostraram eficientes nos testes viabilizando a cultura porque permite a aplicação seletiva de herbicidas do grupo das imidazolinonas”, comentaram.
O doutor em fitotecnia e professor na Universidade Estadual de Londrina (UEL), Giliardi Dalazen, explicou que a tecnologia deve ser considerada uma ferramenta na propriedade, introduzindo-a num cronograma de rotação de cultivares. “Para a tecnologia funcionar corretamente, o produtor deve utilizar em no máximo 1/3 da área cultivada com trigo a cada ano, sem repeti-la na mesma área no ano seguinte. Assim, se dificultará a seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes ao herbicida utilizado, prolongando a vida útil da tecnologia”, complementou Giliardi. A cultivar TBIO Capricho CL, que será comercializada já na próxima safra para a multiplicação de sementes, é resultado do programa de melhoramento genético da Biotrigo em parceria com a BASF - detentora da tecnologia Clearfield.
A importância de conhecer os ciclos das cultivares e os benefícios do escalonamento de semeadura e da colheita foram temas da apresentação do gerente comercial regional norte da Biotrigo, Bruno Alves. Segundo ele, uma preocupação importante na região dos Campos Gerais, no Paraná, é escapar da geada no espigamento e na floração do trigo e uma estratégia eficiente é abrir a semeadura com uma cultivar de ciclo médio/tardio e finalizar com uma cultivar precoce ou superprecoce, ou ainda, o inverso. “Ao semear TBIO Ponteiro, que possui ciclo vegetativo mais longo e reprodutivo rápido, se reduz os riscos de geada nos períodos de maior histórico de ocorrência e, combinado com cultivares de outros ciclos, as chances de perda por estiagem e chuva na colheita também ficam reduzidas”, explicou.
Bruno comparou as características da nova cultivar com o TBIO Sinuelo. A cultivar possui as mesmas características de ciclo, padrão de produtividade e resistência ao acamamento, porém, possui diferenciais marcantes, como sanidade tanto de folha como de espiga, tolerância ao Alumínio tóxico em anos de estiagem, qualidade industrial superior, além de possuir o maior nível de resistência ao Oídio do portfólio.
No dia de campo, também foram apresentadas cultivares de trigos especiais voltadas para nutrição de gado de leite e corte - Linha Energix (Energix 201 e Energix 202) e Lenox (trigo para pastejo). Para o mercado de panificação, foi apresentado o TBIO Noble e, para biscoito, TBIO Alpaca, ambos em projetos especiais dadas as suas características de qualidade industrial.
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