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Produtores de Unaí/MG, estudantes, pesquisadores e estagiários da Embrapa Cerrados participaram quarta-feira (09/12), do Dia de Campo “Sistema Produtivo de Café para o Cerrado”.
Na área experimental de café da unidade, os participantes verificaram os resultados obtidos com os manejos de irrigação, especificamente com a aplicação da tecnologia do estresse hídrico assistido, e nutricional.
A Embrapa Cerrados, que também participa do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, vem desenvolvendo pesquisas com a cultura desde 2000. A cafeicultura irrigada teve início no Cerrado na década de 90. Embora, atualmente, o Cerrado brasileiro contribua com mais de 40% da produção nacional de café, há necessidade de aumentar a produtividade e a qualidade do café para garantir a competitividade do produto nos mercados interno e externo.
O pesquisador Antonio Fernando Guerra afirmou que “os resultados apresentados neste momento são só o início. Ainda temos muito o que fazer para aprimorar o sistema de produção, que ficou parado por muitos anos. O que fizemos foi um despertar”. A pesquisa, como frisou, ainda tem desafios como o de estabelecer padrão de poda para cafeeiro, lançar novas variedades e repensar o espaçamento entre plantas.
Manejo de irrigação
Para o manejo de irrigação do cafeeiro, os pesquisadores da Embrapa Cerrados desenvolveram a tecnologia do estresse hídrico para uniformização de florada. A suspensão da irrigação, no período de 24 de junho até o retorno em 4 de setembro, controla a floração e garante 80% de grãos cereja. Com grãos mais uniformes e com menor grau de defeito é possível obter um café de melhor classsificação e qualidade. A tecnologia ainda permite economia, em torno de 30%, no consumo de água e energia na produção, além de redução nos custos de colheita, por ser única e mecânica.
O pesquisador Antonio Guerra apresentou resultados de várias unidades demonstrativas em áreas de produção comerciais do Oeste da Bahia e Sul de Minas Gerais. Em área experimental no Oeste da Bahia, com mais de 20 variedades de café, foi verificado que a tecnologia é viável independente das variedades, tipos de solo e sistema de irrigação utilizado. A produtividade, no Oeste da Bahia, varia de 50 a 70 sacos por hectare, enquanto a média nacional é de 20 sacos por hectare. As fazendas do oeste baiano que adotaram a tecnologia tiveram, em média, redução de 40% na operação de máquinas, de 40% no consumo de água e energia e diminuiram o percentual de grãos mal formados de 20% para 10%.
As aplicações de água para o cafeeiro, conforme explicou o pesquisador Omar Cruz Rocha, devem ser feitas com eficiência, buscando potencializar o rendimento e a qualidade do produto. Embora existam diversas alternativas já definidas para o manejo da irrigação, estima-se que 95% dos produtores irrigantes do Cerrado não adotam qualquer critério técnico de manejo da água. O pesquisador fez uma simulação no Dia de Campo do Programa de Monitoramento de Irrigação, disponível na página eletrônica da Embrapa Cerrados (
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Equilíbrio nutricional
Um dos erros comuns dos produtores, de acordo com os pesquisadores da Embrapa Cerrados, é o atraso na adubação. Quando a adubação não é feita na época e em quantidade adequada provoca a redução do crescimento das plantas. Os resultados de pesquisas mostraram que o aumento das doses de fósforo (nutriente extremamente importante para o café) gera maior produtividade, o que contraria o antigo consenso da baixa exigência de fósforo pelos cafeeiros em produção.
Há dois anos, o produtor Everaldo Perez, de Unaí (MG), adota a recomendação de aumento da dosagem de fósforo. “Estive aqui em um evento como este e ouvi a recomendação e aumentei em 20% a dose de fósforo. É com a pesquisa que a gente aprende”, disse. Como presidente da Associação dos Cafeicultores do Noroeste de Minas, Everaldo ao retornar a Unaí reúne-se com os demais associados para repassar o conhecimento adquirido na Embrapa Cerrados.
A tecnologia do estresse hídrico também é adotada pelos cafeicultores mineiros. Com a uniformização da florada e maturação dos frutos, Everaldo Perez faz uma única colheita e toda ela mecanizada. A redução de custos com mão-de-obra em suas propriedades foi de 60%. A produtividade varia de 45 a 55 sacos por hectare.
Na área experimental da Embrapa Cerrados, os pesquisadores Antonio Guerra, Omar Cruz, Gustavo Costa Rodrigues e Cláudio Sanzonowicz esclareceram as dúvidas dos participantes do Dia de Campo e demonstraram os resultados dos manejos de irrigação e nutricional.
O Dia de Campo foi organizado pela Embrapa Cerrados, Embrapa Café, Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café e Empresa de Assistência Técnica e Extensão do Distrito Federal (Emater-DF), com o apoio do Programa Mais Alimentos.
Liliane Castelões
Embrapa Cerrados
(61) 3388-9945 /
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