Curso forma técnicos em manejo florestal na caatinga

24.11.2009 | 21:59 (UTC -3)

Entre 30 e 50% da energia primária consumida no Nordeste tem como fonte a madeira retirada da caatinga.

A exploração da cobertura vegetal, em especial no semiárido, é fonte de renda para agricultores familiares e de insumos para abastecer importantes segmentos econômicos instalados na região: indústrias, fornos domésticos e comércio (pizzarias, padarias). Muitas vezes ao custo de cortes indiscriminados de espécies madeireiras.

Para o engenheiro agrônomo Ivan André Alvarez, pesquisador da Embrapa Semiárido, a contenção desses cortes manterá a mata nativa como importante meio de desenvolvimento social e econômico na área dependente de chuva. Este é um dos objetivos do curso Capacitação Técnica para agentes multiplicadores em manejo florestal na caatinga, que ele coordena a realização até o próximo dia 28 de novembro, no Escritório da Embrapa no Centro de Convenções de Petrolina (PE).

Rendimento - Os modelos de desenvolvimento para a região contribuem para agravar os impactos sociais e ambientais, principalmente os que são relacionados com a exploração da madeira da caatinga, e desmatamentos e queimadas para implantação de sistemas agropecuários. A forma inadequada do uso de grandes áreas tem levado à degradação do solo e à perda de biodiversidade, explica o pesquisador.

É preciso não deixar que esse processo se prolongue ou até mesmo se acelere, afirma. O componente florestal - com o fornecimento de madeira, carvão, forragem, óleos, tanino e produtos medicinais - é básico para o desenvolvimento do semiárido. Na região do sertão pernambucano e norte da Bahia, é necessário promover o fortalecimento de práticas de manejo sustentado da caatinga, compatíveis à realidade local, em contraposição ao modelo irracional que vem levando a vegetação à degradação.

A idéia de realização de cursos, visando a formação de agentes multiplicadores de conceitos e práticas do manejo florestal para usos múltiplos, surge como um instrumento valioso para aprimoramento da conservação da Caatinga. Esta capacitação promoverá cursos envolvendo temas de Educação Ambiental, Sementes e Mudas Florestais (Silvicultura básica), Integração Lavoura – Pecuária e Floresta (Sistemas Agrosilvopastoris) e Manejo Florestal Sustentado.

Neste aspecto que está focado a programação técnica do curso e que o pesquisador aponta como um indicativo de que o rendimento sustentável é uma perspectiva viável para a exploração madeireira da caatinga. Especialmente se ela for integrada às atividades agropastoris, garante.

Falta - Ivan explica que um aspecto torna ainda mais relevante a realização do curso. Em sua opinião, apesar da grande contribuição sócio-econômica da caatinga para o desenvolvimento regional, as informações de como manejá-la adequadamente, ainda são escassas e encontram-se dispersas. A carência de conhecimentos sobre a flora do bioma caatinga reflete-se no elevado número de áreas classificadas como insuficientemente conhecidas, mas de provável importância biológica.

Este problema, aliado à falta de capacitação técnica das classes profissionais e dos quadros técnicos das instituições, referente ao manejo sustentável da caatinga, impõem dificuldades para a elaboração e condução de programas de manejo florestal no semiárido, sem por em risco a sustentabilidade do ecossistema.

O curso dá início à formação de uma rede de agentes multiplicadores em manejo florestal que irá atuar em municípios da Bahia (Abaré, Casa Nova, Chorrochó, Curaçá, Jaguarari, Juazeiro, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé, Sobradinho) e de Pernambuco (Afrânio, Araripina, Arcoverde, Belém do São Francisco, Bodocó, Buíque, Cabrobó, Carnaúba da Penha, Custódia, Dormentes, Exu, Floresta, Granito, Ibimirim, Inajá, Ipubi, Lagoa Grande, Manari, Mirandiba, Moreilândia, Orocó, Ouricuri, Parnamirim, Pedra, Petrolina, Salgueiro, Santa Cruz, Santa Filomena, Santa Maria da Boa Vista, Serrita, Sertânia, Terra Nova, Trindade, Tupanatinga, Venturosa).

O evento é voltado para os técnicos, agricultores e ambientalistas que atuam nos municípios pernambucanos e norte da Bahia. Para ambos os públicos, uma programação técnica intensa com aulas teóricas e idas ao campo, começando pela manhã e vai até as 21 horas, apenas com intervalos para as refeições. Os cursos serão ministrados duas vezes: na semana de 23 a 28/11 e de 30/11 a 05/12.

Eles vão assistir a cursos sobre Educação Ambiental e Legislação, Produção de mudas e sementes de plantas nativas, Sistema Agrosilvopastoril e Manejo Florestal Sustentável da Caatinga.

O curso Multiplicadores para agentes florestais em manejo da caatinga é coordenado pela Embrapa com apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente. Na sua organização estão envolvidos o IBAMA, a Associação de Plantas do Nordeste – APNE, o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – IRPAA, Fundação Araripe e Projeto GEF Caatinga.

Contatos: Ivan Andre Alvarez - pesquisador (

)

Marcelino Ribeiro

Embrapa Semiárido

/ 87 3862 1711

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025