Cultivares de grão-de-bico com a marca Embrapa são exportadas para Ásia e América Latina

As cultivares Cícero e BRS Aleppo vêm sendo apontadas como fortes candidatas a atender a uma boa parte da demanda do mercado interno e externo

14.11.2016 | 21:59 (UTC -3)
Anelise Macedo

Cultivares de grão-de-bico produzidas na região Centro-Oeste começam a transpor as fronteiras do Brasil e, nesse sentido, os primeiros passos já podem ser devidamente contabilizados: dois containers totalizando 48 toneladas de grão-de-bico produzidas na região Centro-Oeste estão a caminho de outros países, mais precisamente de Dubai, nos Emirados Árabes, e da Colômbia. Com a rubrica da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF), as cultivares Cícero e BRS Aleppo vêm sendo apontadas como fortes candidatas a atender a uma boa parte da demanda do mercado interno e externo.

Foi justamente esse potencial que chamou a atenção do produtor Osmar Artiaga, parceiro da Unidade nos testes de desempenho das duas cultivares sob as condições edafoclimáticas da região e que apostou nos bons resultados dos primeiros cultivos para investir no aumento da área plantada – os 17 hectares cultivados em 2014 chegaram a 250 hectares em 2015 – no município goiano de Cristalina, por enquanto o único plantio comercial da leguminosa no País.

"Essa exportação pode ser vista como um ensaio para chegar a outros mercados, porque existe um interesse crescente de países árabes e asiáticos pela importação de leguminosas, e o papel da pesquisa é fundamental, como já foi comprovado com essas cultivares, para o desenvolvimento de novas tecnologias para atender a um possível crescimento dessa demanda", assinala o produtor. Segundo ele, a tendência, caso se confirmem as expectativas relacionadas à abertura de novos mercados, é que produtores de outras regiões - a médio e longo prazos - sintam-se estimulados a produzir com vistas à exportação.

Para o pesquisador e chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia Warley Nascimento, que vê um caminho ainda em aberto com relação ao atendimento da demanda de grão-de-bico para consumo interno - "chegamos a produzir esse ano próximo de 10% do que consumimos" -, uma autossuficiência está sendo sinalizada a partir da multiplicação das sementes disponíveis das leguminosas.

"Com essa perspectiva, acredito que nos próximos cinco anos teremos disponibilidade em mão dupla, tanto para abastecer o nosso mercado como para exportar", acentua o pesquisador, para quem o aumento da produção está sendo alinhavado por testes que vêm sendo conduzidos em outras regiões. "Tanto Cícero como BRS Aleppo são cultivares desenvolvidas para cultivo no Centro-Oeste, mas a ideia é realizar testes em outras localidades, a exemplo do norte de Minas Gerais e Mato Grosso, onde os primeiros experimentos têm-se mostrado promissores".

Acordo fomenta pesquisa
Foi considerado como importante reforço à produção de leguminosas de grãos no Brasil o acordo assinado em setembro último entre a Embrapa e a UPL (United Phosphorus Limited), empresa da Índia que atua no segmento de agroquímicos em 86 países, incluindo o Brasil.

Pelo acordo, cultivares da Índia serão testadas em diferentes locais do País para conferir o grau de adaptabilidade às nossas condições visando a produção de leguminosas para o mercado indiano.


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