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Com público superior a 150 pessoas, entre produtores, traders, operadores de terminais portuários e retroportuários, armadores, prestadores de serviços e autoridades, a cadeia logística do algodão lotou o Auditório da Associação Comercial de Santos (ACS), no 1º Cotton Day Santos. O evento, promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), por meio do programa Cotton Brazil, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), foi realizado em 06 de novembro, com o objetivo de pensar alternativas para garantir que o maior porto do mundo no escoamento da fibra, hoje responsável por mais de 95% dos embarques, possa dar conta do crescimento contínuo da produção brasileira de algodão.
Atualmente, saem de Santos, a cada ano, de 110 a 120 mil contêineres, cerca de 9 mil por mês, movimentando aproximadamente 2,7 milhões de toneladas de algodão beneficiado (pluma) para o mercado externo.
Na manhã do evento, foram discutidos temas como "Oportunidades e desafios logísticos para a exportação de algodão," com o presidente do Comitê de Logística da Anea, Brenno Queiroz; "O Brasil como o maior exportador mundial de algodão," com o gestor de Sustentabilidade da Abrapa, Fábio Carneiro; e "O papel dos terminais retroportuários na logística do algodão," com o diretor executivo da Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e das Empresas Transportadoras de Contêineres (ABTTC), Wagner Souza.
Já à tarde, os temas abordados incluíram "Atuação dos órgãos intervenientes – Certificado Fitossanitário," com o chefe de setor do Mapa no Porto de Santos, Roberto Lorena de Barros Santos; "Redex," com o chefe do Serviço de Gestão e Infraestrutura Aduaneira (Segin) – Alfândega do Porto de Santos, Dimas Monteiro de Barros; "Cenário de transporte marítimo de contêineres," com o diretor de Logística da MSC, Elmer Alves Justo; e "O Porto de Santos a serviço da exportação de algodão no Brasil," com o diretor de Operações da Autoridade Portuária de Santos (APS), Beto Mendes. O 1º Cotton Day teve patrocínio da Hipercon Terminais de Carga.
“Precisamos garantir que as quase 3 milhões de toneladas que precisam deixar o país, uma vez que são o excedente da produção, depois que abastecemos a demanda de cerca de 750 mil toneladas da indústria nacional, cheguem ao consumidor, do outro lado do mundo, no tempo e nas condições corretas. Da mesma forma, sabemos que o cotonicultor tem o know-how para aumentar sua produção a cada safra, incrementando a produtividade, com sustentabilidade e qualidade. Seria um absurdo pedir a ele que não produza mais, que não evolua, por falta de estrutura de exportação,” disse o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero. “Mesmo com a entrada de portos alternativos, como o de Salvador e Paranaguá, Santos continuará protagonista e precisa ser olhado com atenção,” acrescentou.
Este é o terceiro evento sobre logística do algodão sediado pela Associação Comercial de Santos (ACS) desde agosto do ano passado, quando a Abrapa entregou os primeiros certificados do programa Algodão Brasileiro Responsável para Terminais Retroportuários de Algodão, ABR-LOG. A iniciativa da Abrapa, em parceria com a Anea, faz parte do programa Cotton Brazil, de promoção da fibra brasileira no mercado internacional, fruto da parceria entre Abrapa, Anea e ApexBrasil. A exemplo do ABR, voltado para a certificação das fazendas, e do ABR-UBA, para Unidades de Beneficiamento de Algodão, o ABR-LOG também é um programa de certificação socioambiental, com ênfase adicional na qualidade. Seu foco é o elo responsável pelo recebimento dos fardos, armazenagem, estufagem do contêiner e embarque, visando a melhoria do processo de exportação, com eficiência e preservação da integridade dos fardos até o destino.
“A Associação Comercial ficou muito feliz em organizar este evento, que nos ajuda a entender os desafios logísticos do setor de algodão, que são basicamente os mesmos para outras cargas em contêineres. Isso permite à ACS promover um diálogo rico com a autoridade portuária, com a alfândega e com a municipalidade. Queremos manter o protagonismo do Porto de Santos, lembrando que ele já representou 99% das exportações totais de algodão brasileiro, e hoje esse percentual é de 95%,” afirmou o vice-presidente da ACS, Carlos Alberto Santana Jr.
Segundo estudos encomendados pela Abrapa e pela Associação Mato-grossense do Produtores de Algodão (Ampa) à consultoria Macroinfra, Santos ainda é a melhor alternativa para o algodão do Mato Grosso e do Matopiba. No entanto, os atuais problemas enfrentados pelos exportadores em Santos prejudicam a logística e aumentam o custo do transporte.
Entre as dificuldades, estão a redução da janela de embarque dos terminais, o atraso frequente dos navios, o conflito sobre o local de armazenagem dos contêineres, a diminuição do número de “Redex”. O Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação (Redex) é uma área alfandegada localizada fora dos portos e aeroportos, criada para facilitar os procedimentos de exportação de mercadorias. Recentemente, alguns terminais perderam este reconhecimento, por não atenderem às especificações exigidas.
Os desafios também englobam, segundo os estudos, a insuficiência de fiscais do Mapa e problemas na recepção dos fardos e contêineres. A situação é agravada pelo fato de o algodão ser apenas uma das mercadorias exportadas pelo porto, que também escoa soja, açúcar, milho, fertilizantes e celulose e por onde entram produtos importados pelo Brasil.
De acordo com o diretor de Operações da APS, Beto Mendes, em 2023, o Porto de Santos cresceu em torno de 7% e movimentou 173 milhões de toneladas. “Se dividirmos esse total pelos 365 dias do ano, considerando que cada carreta transporta, em média, 30 toneladas, Santos movimentou, por dia, 15.827 caminhões. Como um terço disso vem de trem, passaram pelo Porto de Santos, diariamente, 10 mil caminhões no ano passado. Anualmente, aproximadamente 5.500 navios atracam aqui,” detalhou.
“Eventos como este são de grande relevância para o Porto de Santos, para os produtores, exportadores e, em especial, para o Brasil. Nós não mediremos esforços para dar suporte ao setor produtivo para que ele possa continuar sendo atendido por Santos,” afirmou.
Esforços extras e rearranjos estratégicos são medidas que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) vem adotando durante a safra de algodão, para garantir que as cargas exportadas sejam comprovadamente livres de pragas e doenças. De acordo com o chefe de setor do Mapa, Roberto Lorena de Barros Santos, o Ministério se adapta à realidade brasileira. “Não podemos dizer ao exportador que ele precisa embarcar menos num determinado ano porque o governo não consegue acompanhá-lo. É nosso papel nos adaptarmos à demanda. Realizamos forças-tarefas na safra, quando a demanda é maior que a nossa capacidade,” afirmou.
Na área fitossanitária, o certificado brasileiro tem reconhecimento e respeito no mercado internacional, sendo até mesmo usado como garantia em operações financeiras, segundo representantes do Mapa.
Como resultado do evento, será formado um grupo de trabalho em colaboração com a autoridade portuária para buscar soluções conjuntas para a questão dos contêineres no Porto de Santos. A primeira reunião está prevista para o dia 27/11 e reunirá representantes de todos os setores agrícolas que utilizam contêineres para exportação.
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