Cotonicultores de Mato Grosso visitam polos têxteis no nordeste

Qualidade de pluma foi o tema dominante na visita técnica a indústrias têxteis do Ceará e de Sergipe

06.12.2017 | 21:59 (UTC -3)
Martha Baptista

Produtores de algodão de Mato Grosso avaliaram como positiva a visita técnica aos polos têxteis do Ceará e de Sergipe. Durante quatro dias, o grupo liderado por Alexandre Schenkel, presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), percorreu várias indústrias do setor, entre fiações, tecelagens, confecções e centros de distribuição de vestuário de moda, uniformes profissionais, cama, mesa e banho, onde puderam também conhecer processos de tingimento e acabamento.

O foco principal da visita, que contou com a participação de corretores de algodão da Região Nordeste, foi a qualidade de fibra exigida por máquinas cada vez mais modernas e rápidas, para atender a um processo sofisticado de produção nas várias etapas da indústria têxtil.

"Essa interação entre produtores e representantes dos demais elos da cadeia do algodão é fundamental para que estejamos aptos a consolidar nossa fatia do mercado e aumentar a participação da fibra natural no segmento têxtil", afirma Schenkel, que participou este ano de outras visitas técnicas a empresas de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

O grupo mato-grossense visitou a Sergipe Industrial Têxtil (SISA), empresa com 135 anos de atuação na fabricação de tecidos e confecção de cama, mesa e banho; a Cia. Industrial Têxtil (CIT), empresa sergipana que é referência em tecnologia de tingimento e atende o ramo de tecelagem – moda e uniformes; as instalações da Vicunha, maior fábrica de denim do Brasil, e o Grupo Lunelli, que trabalha com acabamento em malha em Maracanaú, no Ceará; e a empresa TBM, referência em tingimentos especiais em fios de algodão e em composições especiais utilizando algodão e outras matérias-primas, em Fortaleza.

O produtor Cleto Webler, diretor da Ampa que participou da visita técnica, disse ter ficado surpreso com o nível das máquinas utilizadas nas indústrias visitadas. "Eles estão animados e estão investindo bastante em maquinário", comentou Webler, que é presidente de um dos maiores grupos em atuação na região de Sapezal, no Noroeste mato-grossense.

Representante da Cooperativa dos Cotonicultores de Campo Verde (Cooperfibra), o produtor Junior Zanetti, considerou importante essa visita a empresas de nomes fortes da indústria têxtil, das quais somente a TBM compra atualmente algodão de Mato Grosso. "Tivemos a oportunidade de conhecer mais as demandas da indústria, de modo a trazê-las para dentro de casa (nossas lavouras e indústrias de beneficiamento) e melhorar a nossa performance", comentou.

Na opinião de Junior Zanetti, seria importante a participação de colaboradores da parte operacional nesse tipo de visita: "Eles precisam entender por que nós, produtores, cobramos tanto a questão da qualidade", argumenta.  O produtor aproveita para defender que os cotonicultores que já oferecem pluma de qualidade, com selo BCI, por exemplo (Better Cotton Initiative), sejam mais valorizados. "A indústria de fiação ganha mais na hora da comercialização por ter um selo de qualidade, mas isso não ocorre com os produtores", argumenta.

O grupo de Mato Grosso foi integrado ainda por Daniel Schenkel, representante da Cooperverde (Cooperativa dos Produtores de Campo Verde), Victor Griesang, da Sementes Tropical, e pelo consultor Sérgio Gonçalves Dutra, do Programa Qualidade de Fibra do Algodão de Mato Grosso. A iniciativa de promover mais esta visita técnica faz parte do programa, desenvolvido pela Ampa e pelo IMAmt desde 2012, e que conta com apoio financeiro do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).

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