Cotações de soja, milho e algodão sofrem retração em MT

Oferta global elevada e incertezas externas pressionam o agro brasileiro

30.09.2025 | 17:32 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações do Imea

O mercado agrícola encerrou a semana com queda nos preços da soja, milho e algodão em Mato Grosso (MT), refletindo um cenário de forte volatilidade internacional e movimentações estratégicas na América do Sul. Dados divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em seus boletins semanais de 29 de setembro, mostram que os principais produtos e coprodutos da agroindústria foram pressionados por fatores externos e internos.

Soja: retração nos preços e impacto da Argentina

O óleo de soja em Chicago recuou 3,78% e fechou cotado a US$ 49,84/lb, em meio à indefinição da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) sobre as metas de biocombustíveis. O farelo também seguiu em queda, com baixa de 2,66% e média de US$ 277,66/t.

O movimento foi intensificado pela suspensão temporária das tarifas de exportação da Argentina, que aumentou a competitividade do país e redirecionou a demanda chinesa para o mercado argentino. Apesar disso, o limite de US$ 7 bilhões em vendas foi atingido em apenas dois dias, encerrando rapidamente a medida.

No Brasil, Mato Grosso acompanhou a tendência negativa. O óleo de soja recuou 0,89% na semana, cotado a R$ 6.515,13/t, enquanto o farelo caiu 3,05%, para R$ 1.489,58/t. A soja em grão no estado desvalorizou 3,22%. O prêmio de exportação em Santos também registrou queda de 6,47%.

Ainda assim, o plantio avança em ritmo acelerado: até 26 de setembro, 5,97% da área prevista para a safra já havia sido semeada, avanço de 5,42 pontos percentuais na comparação semanal.

Nos EUA, o Departamento de Agricultura (USDA) informou que 19% da área havia sido colhida até 28 de setembro, 5 pontos abaixo do mesmo período de 2024. A estimativa atual é de 17,05 milhões de toneladas, 1,51% menor que no ano passado.

Milho: sustentação no mercado interno, mas queda nas exportações

O milho apresentou comportamento misto. Em Mato Grosso, o preço médio subiu 0,52% e fechou a R$ 44,50/sc, sustentado pela demanda aquecida das indústrias. No entanto, o diferencial de base entre o estado e Chicago recuou 3,81%, encerrando em R$ -8,76/sc.

Na CME Group, as cotações recuaram 0,28% e ficaram em R$ 53,26/sc, refletindo preocupações com a produtividade da safra norte-americana. No Brasil, a paridade de exportação para julho/26 caiu 0,63%, enquanto em Campinas/SP o cereal fechou a R$ 64,42/sc, queda de 1,28%.

O ritmo da semeadura da 1ª safra 25/26 segue acelerado. Segundo a Conab, 20,8% da área estimada já foi plantada, avanço de 6,1 p.p. na semana e bem acima da média das últimas cinco safras. O Sul do país concentra o ritmo mais intenso, com destaque para Paraná (44%), Santa Catarina (35%) e Rio Grande do Sul (66%).

Algodão: oferta pressiona preços da pluma

O algodão também registrou queda nas cotações internacionais e domésticas. Em Nova York, o contrato de outubro/25 fechou em ¢US$ 64,12/lp, recuo de 2,18% na semana e de 12,44% em relação a setembro de 2024. No Brasil, a pluma caiu para R$ 113,63/@, retração de 10,10% na mesma base de comparação.

A pressão vem tanto do excedente global, quanto da entrada da nova safra no mercado mato-grossense. Apesar da queda no curto prazo, os coprodutos mostram movimento oposto: o caroço de algodão fechou setembro em R$ 914,74/t, alta de 53,57% frente a 2024, impulsionado pela maior demanda para produção de óleo e pelo aumento da mistura de biodiesel no diesel. O óleo de algodão também valorizou 35,48% em um ano, cotado a R$ 5.519,89/t.

Com a colheita concluída em Mato Grosso (100%), produtores agora voltam as atenções para o próximo ciclo, que se inicia em dezembro. O cenário de preços baixos e custos mais altos pode reduzir a intenção de plantio para a safra 25/26.

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