Deere registra lucro líquido de US$ 665,8 milhões no segundo trimestre
O lucro líquido esperado para o ano foi de US $ 1,6 bilhão a US $ 2 bilhões, refletindo as incertezas do mercado
A cultura do pimentão (Capsicum annuum) é uma das hortícolas mais cultivadas no mundo e no Brasil não é diferente. Possui grande valor econômico de comercialização devido à alta demanda e ao grau de aceitação pelo mercado consumidor. Não existem dados atualizados sobre a produção de pimentão no Brasil, sendo o mais recente divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no censo agropecuário de 2006. Esta hortaliça figurou na 8ª posição entre as mais produzidas, com total de mais de 254 mil toneladas e movimentação superior a R$ 191,3 mil.
Entre as doenças que infectam a cultura, causando prejuízos econômicos, a antracnose é severa e destrutiva, causada por fungos do gênero Colletotrichum spp., que infectam vários estágios de desenvolvimento da planta, seja a produção feita em campo ou ambiente protegido, na pré e pós-colheita. Os sintomas que geram mais perdas são os localizados nos frutos, caracterizados por manchas circulares aquosas que posteriormente tornam-se necróticas, inviabilizando a comercialização. O manejo da doença deve ser realizado antes da fase de produção de frutos, de forma preventiva ou corretiva ao aparecimento dos primeiros sintomas da doença.
A indução de resistência em plantas a pragas e doenças objetiva a ativação das defesas latentes vegetais por meio de elicitores que servem de sinalizadores, deixando a planta preparada para se defender contra futuros estresses. Essa defesa pode ser associada com a produção de enzimas relacionadas à patogênese, como a peroxidase, fenilalanina amônialiase e polifenoloxidase, que atuam diretamente no atraso ou neutralização dos patógenos, produção de barreiras físicas como espessamento da parede celular e/ou produção de tricomas, além da produção de compostos químicos como as fitoalexinas que possuem atividade antimicrobiana contra uma ampla diversidade de patógenos.
Óleos essenciais são produtos aromáticos resultado do metabolismo secundário de vegetais encontrados em várias partes com composição variada, e podem ou não apresentar caráter fungitóxico na interação planta-patógeno. Scherer et al (2009) relatam que o óleo de citronela possui características antimicrobianas e repelentes, sendo composto majoritariamente por citronelal, geraniol e citronelol, além de outros 14 compostos químicos em menor proporção. Esses compostos quando reconhecidos pela planta serão iniciadores para induzir resistência.
A aplicação de óleo essencial na cultura do pimentão vem sendo estudada para identificar os principais efeitos causados na fisiologia da planta, tanto no metabolismo primário como no secundário, a exemplo da indução de resistência. Os efeitos de diversos óleos em pimentão já são descritos na literatura, como os óleos essenciais de cravo-da-índia (Syzygium aromaticum), canela (Cinnamomum zeylanicum), alho (Allium sativum), alfavaca-cravo (Ocimum gratissimum), alecrim (Salvia rosmarinus), citronela (Cymbopogon winterianus), copaíba (Copaifera langsdorffii), manjericão (Ocimum basilicum), dentre outros.
Um patógeno agressivo como Colletotrichum spp. é capaz de atacar uma planta já estabelecida em campo, em contrapartida as plantas também são capazes de se defender da ação desse agente. O nível de reação da planta vai depender de diversos fatores como genética, as condições ambientais, a concentração do patógeno, o nível de agressividade e o estado nutricional. O óleo essencial possui diversos compostos presentes que podem apresentar efeito tóxico aos patógenos afetando diretamente seu desenvolvimento ou podem servir de elicitor e ativar a defesa da planta antes mesmo do ataque do patógeno, garantindo uma maior resistência pela planta a diversos patógenos.
Entre as alternativas de controle de doenças, a indução de resistência com elicitores é promissora para a produção de frutas e hortaliças com qualidade sanitária e ausente de resíduo. Alguns aspectos devem ser levados em consideração ao adotar este manejo na produção, como a concentração de óleo essencial utilizada, a forma e o período de aplicação e qual óleo essencial deverá ser utilizado, pois a composição e o princípio ativo mudam em cada vegetal que o óleo essencial for extraído.
Em pesquisa realizada no Laboratório de Fitopatologia (Lafit), do Centro de Ciências Agrárias/UFPB por discentes e docente do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, foi possível determinar um percentual de inibição do crescimento micelial de 100% em testes in vitro para fungos dos gêneros Fusarium spp. e Colletotrichum spp., isolados de folhas e frutos de pimentão comercializados na cidade de Areia/PB, utilizando óleo essencial de citronela (Cymbopogon winterianus) na concentração de 2% e 1%, respectivamente.
A pesquisa está sendo desenvolvida também em mudas de pimentão produzidas em ambiente protegido e sendo avaliada quanto à indução de resistência promovida pela aplicação de óleo essencial de citronela em várias concentrações com inoculação artificial de suspensão de esporos de Colletotrichum spp. e o efeito na severidade da antracnose. A avaliação está sendo realizada quanto à alteração na produção de enzimas relacionadas à defesa vegetal e os resultados comparados com plantas controle e plantas tratadas com fungicida comercial.
A aplicação de óleo essencial em frutas e hortaliças é uma medida de manejo que pode ser adotada por pequenos, médios e grandes produtores devido à facilidade de aquisição, que pode ser realizada em lojas de produtos naturais, e facilidade no preparo da solução, que deve ser dosada de acordo com a recomendação e diluída em água com adição de um adjuvante para auxiliar no preparo da solução. A aplicação pode ser feita em sementes via imersão ou pulverização de frutos e mudas.
O óleo essencial é um tratamento preventivo sem toxidade para o homem e ao ambiente. É uma técnica de manejo promissora para uma doença tão expressiva na cultura do pimentão, como é a antracnose, que pode ser integrada com outras técnicas como a utilização de sementes tratadas com fungicida ou tratamento térmico e também o controle cultural. Uma vez estabelecida a indução de resistência, seus efeitos são prolongados ao longo do tempo, podendo a planta permanecer com as vias de defesa em estado de alerta por semanas.
Além de produtos naturais como extratos e óleos essenciais, existem produtos químicos comerciais com potencial elicitor para indução de resistência na planta que agem de forma similar, ativando as rotas de defesa e também devem ser adotados de forma preventiva. Estes produtos possuem em sua composição elementos como aminoácidos, cal + nim, Acibenzolar-S-Metílico (ASM), caulim, além de produtos com múltiplos benefícios como os fertilizantes foliares orgânicos, fungicidas microbiológicos de fungos e bactérias e o pó de rocha. A aplicação de tais produtos deve ser orientada por um profissional habilitado e o custo-benefício levado em consideração.
O manejo da antracnose na cultura do pimentão com aplicação de óleo essencial deve ser adotado de forma preventiva e integrada, para uma produção com alto padrão de qualidade pós-colheita e redução dos custos de produção. Contudo, se a doença for identificada durante o processo de produção, o controle químico deverá ser empregado imediatamente fazendo uso de produtos registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a cultura.
Dentre os produtos registrados para controle da antracnose na cultura do pimentão, o produtor dispõe de fungicidas dos grupos químicos triazol, estrobilurina, isoftalonitrila, ditiocarbamato, inorgânicos à base de cobre, dentre outros. Para um resultado satisfatório, é necessário que a aplicação seja realizada na concentração recomendada pelo fabricante, respeitar sempre o período de carência do produto e observar os cuidados com a proteção do aplicador, lembrando sempre que a recomendação deverá ser realizada por profissionais competentes.
Alguns outros cuidados são importantes na produção de hortaliças para garantir alta produtividade e alta qualidade pós-colheita. Dentre as estratégias recomendadas, deve-se fazer uso de cultivares resistentes, uso de sementes tratadas e de boa qualidade, substrato livre de patógenos para produção das mudas, evitar a irrigação por aspersão, dando preferência ao gotejamento, revolvimento do solo dos canteiros sempre que houver renovação da horta, evitar o plantio próximo a lavouras velhas de solanáceas e destruição dos restos culturais ao fim de cada ciclo.
Nesse contexto, é importante o aprofundamento dos estudos que possibilitem um maior entendimento do estabelecimento dos mecanismos de ativação da defesa vegetal latente, como o estudo da produção de enzimas em tecidos atacados por patógenos e os produtos naturais ou químicos com potencial elicitor para auxiliar na sobrevivência da planta em um ambiente hostil e garantir rentabilidade do produtor.
Maria Silvana Nunes e Luciana Cordeiro do Nascimento, PPGA/UFPB
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