Controle biológico é alternativa no combate a pragas do milho

Pesquisadora da Epamig alerta sobre a importância do monitoramento para evitar infestações em lavouras

26.10.2023 | 15:03 (UTC -3)
Mariana de Assis, edição Cultivar
Foto: Erasmo Pereira
Foto: Erasmo Pereira

A previsão de chuvas abaixo e de calor acima da média durante a atuação do fenômeno El Niño no Brasil aumentam as preocupações com infestações de insetos-pragas (Spodoptera e Helicoverpa) em culturas como a do milho. Por isso, o monitoramento correto das lavouras para definir o momento certo e quais metodologias de controle de pragas escolher é essencial para o sucesso da produção.

“Geralmente, os agrotóxicos são a primeira opção adotada para evitar perdas econômicas, mas ao se interferir na cadeia biológica para controlar as pragas, todo o sistema fica comprometido e o uso inadequado dos inseticidas pode ocasionar a seleção de indivíduos resistentes e a explosão dessas pragas”, afirma Maria de Lourdes Corrêa Figueiredo, entomologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

O controle biológico, por meio de inimigos naturais (predadores dos insetos pragas), pode ser uma importante ferramenta a ser aplicada, combinada ou em substituição às práticas tradicionais. “O controle biológico aplicado reduz a pressão de seleção de pragas em cultivos transgênicos e pode complementar a rotação de agrotóxicos retardando a primeira pulverização e a quebra da resistência da praga aos inseticidas”, explica.

O controle biológico natural consiste nas ações humanas para conservar e estimular a ocorrência dos inimigos naturais, reforça a pesquisadora. Já o controle aplicado se dá pela liberação massiva de inimigos naturais, chamados de bioinsumos, para reduzir a população das pragas. 

“Dentre os inimigos naturais, os insetos parasitóides atuam nas fases de desenvolvimento dos insetos-praga (ovos, larvas, ninfas, pupas e adultos) e são considerados agentes de mortalidade. São espécies cujo ciclo, do ovo ao adulto, ocorre em um único hospedeiro,  causando a morte deste, ao completar parte ou todo o seu ciclo de vida”, esclarece a pesquisadora.     

Trichogramma em ovo de Helicoverpa; foto: Maria de Lourdes Corrêa Figueiredo
Trichogramma em ovo de Helicoverpa; foto: Maria de Lourdes Corrêa Figueiredo

Como exemplo, estão os parasitóides de ovos do gênero Trichogramma, “vespinhas com cerca de 0,5 mm que parasitam os ovos de mariposas que atacam as culturas do milho, da soja, da cana-de-açúcar e do algodão, dentre outras, antes que a fase larval dessas mariposas se multiplique e cause danos”, detalha.   

Monitoramento e equilíbrio

O controle biológico pode ser adotado no manejo de pragas em sistemas orgânicos ou convencionais, sozinho ou integrado ao controle químico. “Os parasitoides são considerados bioinsumos efetivos, de baixo custo e não tóxicos. Com excelente custo benefício. Estes inseticidas biológicos são registrados como agrotóxicos, mas sem restrição de uso”, acrescenta.

Um cuidado, apontado como primordial por Maria de Lourdes, é o monitoramento da praga alvo. “A evolução do manejo deve considerar o nível da praga e de seus inimigos naturais antes e após a liberação. O objetivo é a manutenção do equilíbrio das populações, praga / inimigo natural, para tomar decisões sobre a definição de uma ou mais liberações de bioinsumos, conforme a presença da praga e a resposta do inimigo natural na cultura”, orienta. “Caso seja necessário aplicar agrotóxico deve-se considerar produtos seletivos aos inimigos naturais, com princípio ativo que não os afete”, finaliza.

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