Consórcio Pesquisa Café completa 14 anos de sucesso

10.03.2011 | 20:59 (UTC -3)

Este mês o Consórcio Pesquisa Café completa 14 anos de trabalho conjunto e harmônico com as diversas instituições envolvidas em P&D e transferência de tecnologia para a sustentabilidade do agronegócio café brasileiro. Para isso, conta com uma programação de pesquisa, coordenada pela Embrapa Café, que se estende por toda a cadeia produtiva do café em toda a área de produção do café no Brasil.Os recursos para a execução dessa programação conjunta são do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé).

 

O modelo do Consórcio Pesquisa Café é uma experiência inédita e única no País e no exterior de integração de instituições científicas, ensino e extensão rural tradicionais para geração de conhecimento e transferência de tecnologias de forma integrada com os vários segmentos da cadeia agroindustrial do café. “São mais de 45 instituições reunidas por um modelo pluralista, democraticamente participativo, com coordenação em nível nacional e execução descentralizada. O resultado dessa união são centenas de ações de pesquisa e transferência de tecnologia, nas quais encontram-se envolvidos mais de mil profissionais entre pesquisadores, professores, extensionistas, estudantes, bolsistas e estagiários. Todo o trabalho de pesquisa é orientado para as necessidades dos clientes – cafeicultores, comércio, governo e consumidor final. Esse esforço concentrado de pesquisa vem ampliando a base da evolução do negócio café brasileiro”, diz a gerente-geral da Embrapa Café, Mirian Eira.

 

Segundo a gerente, a implantação e execução do programa de pesquisa e sua execução com a criação do Consórcio possibilitou o estabelecimento de canais formalizados e eficazes de intercâmbio científico e tecnológico entre as instituições consorciadas, substituindo o esporádico pelo sistemático, o informal pelo institucionalizado e o individual pelo coletivo, em busca de melhores e maiores benefícios para o setor cafeeiro. “O estabelecimento do Consórcio Pesquisa Café visou, ainda, congregar os recursos humanos, físicos, financeiros e materiais das instituições consorciadas de forma a se obter, por efeitos sinérgicos e mutualísticos, os objetivos almejados. Sabemos que, por meio de parcerias, o estudo científico ganha em capilaridade, abrangência e credibilidade, promovendo em menor tempo a evolução do agronegócio café brasileiro. A partir desse arranjo, a captação de recursos em fontes externas ao Funcafé já atinge a marca de 50%”.

 

Para o presidente do Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, Florindo Dalberto, que participou desde o início da criação do Consórcio, esse arranjo institucional foi uma ideia à frente do seu tempo ao formar uma rede de pesquisadores em estreita articulação com a cadeia produtiva do café. “Essa inovação trouxe e tem trazido resultados espetaculares ao longo do tempo. Para manter esse sucesso, é necessário acompanhar a evolução das instituições participantes e de todos os segmentos abrangidos pela pesquisa para que os rumos do programa estejam antenados às novas demandas. Essa atualização permanente é uma estratégia para garantir a competitividade do agronegócio café no Brasil e no mundo”.

 

O ex- gerente-geral da Embrapa Café, Aymbiré Fonseca, diz que o Consórcio é um instrumento extremamente valioso não só por viabilizar recursos para a pesquisa em café, mas sobretudo por propiciar que as equipes de pesquisadores das mais diversas instituições dialoguem entre si. “Essa interação permite a troca de informações e a soma de conhecimentos entre expertos. É preciso que as lideranças políticas dos estados produtores trabalhem sempre para que haja disponibilização de recursos proporcional ao número de pesquisadores envolvidos”.

 

"Nesses 14 anos de atuação competente, o Consórcio Pesquisa Café otimizou recursos na busca de soluções pela pesquisa, desenvolvimento e inovação, uniu de forma permanente instituições e pesquisadores de todo o Brasil e formou novos cientistas com foco na cooperação e compartilhamento de recursos e ideias”, aprecia o professor da Universidade Federal de Lavras – Ufla Rubens José Guimarães.

 

Na avaliação do pesquisador da Epamig Sul de Minas, Gladyston Carvalho, este é o momento de reavaliar o esforço das instituições para que a rede do Consórcio seja fortalecida e continue a ser exemplo de integração para outras cadeias produtivas.

 

Resultados de pesquisa – A evolução da cafeicultura brasileira ocorrida nos últimos anos demonstra a importância dos trabalhos de pesquisa realizados durante os quatorze anos de atividades do Consórcio, como, por exemplo:

 

- o melhoramento genético, desenvolvendo cultivares com alto potencial de produtividade e qualidade, que aliam características desejáveis para produção.

 

- estudos em biotecnologia, com ênfase para construção de mapa genético baseados em marcadores de DNA e caracterização de marcadores de modificações nucleotídicas, a partir da base de dados do Projeto Genoma Café já geraram 2 pedidos de patentes. O projeto eleva a cafeicultura brasileira à liderança da pesquisa genética do café em âmbito mundial.

 

- a multiplicação de materiais de alto valor agronômico em biorreatores e sua avaliação em condições de campo vem sendo estudada. Uma biofábrica com grande capacidade de produção de mudas está em fase final de instalação.

 

- arborização de cafezais: caracterização e avaliação de tecnologias de uso, prática e manejo de agrossistemas com café arborizado, com foco em estudos sobre os impactos ecofisiológicos, edáficos e fitotécnicos do sombreamento e as consequências desse consórcio com outras culturas sobre a sustentabilidade do ambiente, além da avaliação de cultivares, de materiais orgânicos e de plantas como fontes de nutrientes na adubação para a sustentabilidade de agroecossistemas cafeeiros.

 

- cafeicultura irrigada: aprimoramento do sistema de produção de café irrigado e definição de tecnologias para uso da irrigação e fertirrigação em diferentes sistemas de produção, para diversas regiões produtoras, visando à competitividade e sustentabilidade.

 

- cafeicultura orgânica: trabalhos regionais para o delineamento de um sistema padrão de produção de café orgânico, associado a trabalhos de avaliações de sistemas não usuais de manejo das adubações do cafeeiro, com foco na nutrição, sanidade e proteção do solo.

 

- tecnologias de produção do café conilon: aperfeiçoamento do processo produtivo como tipo e melhores épocas de poda do café conilon, com reflexo direto no aumento da produtividade, lucratividade e sustentabilidade da atividade cafeeira.

 

- o dimensionamento do parque cafeeiro por meio de tecnologias de geoprocessamento, com o objetivo de incentivar o estabelecimento da Indicação Geográfica – IG, na modalidade de Indicação de Procedência - IP, favorecendo a organização e capacitação de cafeicultores para promover a sustentabilidade da produção de cafés nos diversos territórios.

 

- mudanças climáticas: estudos de possíveis soluções tecnológicas estratégicas para manter a produtividade e mitigar os efeitos das mudanças climáticas na produção de café.

 

- controle de nematóides: estudos sobre a variabilidade genética de nematóides e estabelecimento de práticas de condução da cultura com controle biológico em áreas cafeeiras infestadas.

 

Fundadoras, parceiras e Embrapa Café - O empenho concentrado de pesquisa congregou principalmente as dez instituições fundadoras do Consórcio, instituições de pesquisa dos principais estados produtores de café – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro – Rio), Universidade Federal de Lavras (Ufla), Universidade Federal de Viçosa (UFV), além da Embrapa e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A essas instituições, outras universidades, institutos, cooperativas e fundações se unem como parceiros, no desenvolvimento do Programa Pesquisa Café, formando uma rede de cerca de 50 instituições. A Embrapa Café tem o papel de gestão estratégica da programação de pesquisa de forma articulada e em sintonia com as demandas da sociedade para manter o processo de inovação tecnológica e o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva do café brasileiro.

 

Perspectivas - As ações iniciadas no programa de pesquisa do Consórcio Pesquisa Café em 2010 visam à maior competitividade científica e tecnológica, além da geração de novos produtos em projetos de melhoramento genético, biotecnologia, etc. Dentre essas, destacam-se ações nas áreas de biotecnologia, ecofisiologia, qualidade de bebida, respostas a estresses bióticos, melhoramento genético, mudanças climáticas, bioecologia de pragas, desenvolvimento de sistemas sustentáveis de produção, sistema de previsão de doenças, otimização do uso da água e melhorias na fase de colheita.

 

Um pouco de história - No início dos anos 90, o café enfrentava os desafios de uma nova era de livre mercado, com o fim das cláusulas do Acordo Internacional do Café (AIC) e extinção do Instituto Brasileiro do Café (IBC). Neste cenário teve início a formulação de um novo modelo de gestão da pesquisa cafeeira. Era preciso ousar em uma proposta diferenciada, orientada pelo preceito sugerido por Mário Ramos Vilela, então presidente da Epamig e do Conselho das Empresas Estaduais de Pesquisa Agropecuária - CONSEPA, que propunha um modelo integrado de execução das atividades de pesquisa. A idéia de criação de um consórcio fundamentava-se no somatório de recursos humanos, laboratoriais, físicos e financeiros das instituições, com vista à concepção e execução de atividades de P&D em todas as áreas da cadeia produtiva do café e na abrangência dos principais Estados produtores.

 

Para estruturá-lo em 1996, foi criado no âmbito do governo federal o Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (PNP&D/Café), que seria coordenado pela Embrapa. Era a força que faltava para tornar realidade a proposta de criação de um consórcio de instituições que já se articulava em suas bases para dar sustentação tecnológica e econômica ao agronegócio café brasileiro. Nascia uma proposta inovadora e ousada de integração entre 10 instituições fundadoras (EBDA, Embrapa, Epamig, IAC, Iapar, Incaper, MAPA, Pesagro-Rio, Ufla e UFV) para elaborar, gerir e executar esse programa de pesquisa. Para administrar o programa de pesquisa foi necessária a criação da Embrapa Café, unidade descentralizada da Embrapa, responsável pela articulação das demandas de pesquisa entre as instituições participantes e gestão da programação.

 

Flávia Bessa

Cibele Aguiar

Embrapa Café

(61) 3448-4566

comunicacao@sapc.embrapa.br

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