Conselho Nacional do Café divulga boletim semanal

01.02.2013 | 21:59 (UTC -3)
Silas Brasileiro

Nesta quinta-feira (31), o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou um voto que concede prazo adicional de 60 dias para o pagamento da primeira parcela das operações de estocagem e das operações de custeio convertidas em estocagem, contratadas no ano passado, com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). A medida compreende os financiamentos com vencimento entre 1º de dezembro de 2012 e 31 de março de 2013.

Dessa forma, o governo atendeu a um pleito do setor produtor, demandado pelo Conselho Nacional do Café (CNC) e as cooperativas e pela Comissão Técnica de Café da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG) e os sindicatos rurais, após diversas audiências realizadas pelos presidentes Silas Brasileiro e Breno Mesquita, respectivamente, com representantes dos Ministérios da Agricultura (Mapa) e da Fazenda.

Consideramos que a prorrogação é uma medida acertada e de impacto, necessária em razão do aviltamento das cotações do café, pois não pressionará os produtores brasileiros a venderem pelos atuais preços praticados, os quais mal cobrem os custos de produção.

Agora temos o desafio, junto ao governo, de aproveitarmos os 60 dias e implantarmos uma política de renda para a safra que ainda está na mão do produtor. Nesse sentido, o CNC e a Comissão de Café da FAEMG vêm realizando, constantemente, negociações com Mapa e Fazenda para definirmos quais as melhores políticas a serem adotadas para que sejam alcançados preços remunerativos ao cafeicultor.

Frente à aprovação de nossas demandas, agradecemos o empenho e a atenção do ministro Guido Mantega e de toda a equipe do Ministério da Fazenda, e do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, e dos secretários executivo, José Carlos Vaz, e de Produção e Agroenergia, Gerardo Fontelles, pois a parceria entre governo e a produção é fundamental para desenvolvermos políticas sustentáveis, gerando emprego e garantindo renda para o cafeicultor.

Em nosso boletim da semana passada, alertamos para o impacto que o ataque do fungo roya, causador da ferrugem, vem causando nos cafezais da América Central e também do México. Nesta semana, a Organização Centro-americana de Exportadores de Café (Orceca) divulgou um balanço, no qual projetou que a incidência da doença deverá causar quebra de 20% na safra 2012/13 de café do continente (não foram divulgados números referentes ao México).

A entidade calculou que a Nicarágua, durante o atual ciclo, perderá 600 mil quintais (460 mil sacas de 60 kg); Guatemala 650 mil quintais (cerca de 500 mil sacas); Honduras 1,800 milhão de quintais (1,380 milhão de sacas); El Salvador 400 mil quintais (307 mil sacas); Costa Rica 200 mil quintais (153 mil sacas); e Panamá 60 mil quintais (46 mil sacas).

Diante desse cenário, reiteramos o alerta sobre a condição de se perder o equilíbrio entre oferta e demanda mundial, de forma que passemos a vivenciar escassez de café em curto e médio prazos, haja vista que os atuais preços pagos pelo produto mal cobrem os custos de produção, impedindo, portanto, novos investimentos para que possamos ter um fornecimento normal de café.

— Até a conclusão deste boletim, os contratos futuros do café arábica registravam leves perdas em relação ao desempenho da sexta-feira passada (25/01) na bolsa de Nova York. Na semana, foram relatadas diversas notícias de quebra de produção em países da América Central e no Vietnã. Por outro lado, o alto volume das exportações vietnamitas em 2012 vem suprindo as quedas de produção dos produtores de arábica.

De acordo com dados da OIC, as exportações do país asiático alcançaram 25,4 milhões de sacas no ano passado, o que indica que as indústrias continuam aumentando gradativamente o percentual de café robusta em seus blends. Esses números revelam, ainda, que o Vietnã reduziu significativamente seus estoques. Enquanto em 2010 e 2011 esta nação exportou menos do que produziu, no ano passado os embarques foram bem superiores ao volume colhido. Com a perspectiva de redução em sua produção na próxima safra e com estoques internos baixos, é provável que as exportações vietnamitas, em 2013, retornem aos níveis observados nos últimos anos, ao redor de 17 milhões de sacas.

Diante deste cenário e com um menor volume de vendas dos produtores de arábica devido aos baixos preços, a tendência é de recuperação nas cotações no primeiro trimestre. Essa opinião é compartilhada pelo banco holandês Rabobank. A instituição, uma das maiores financiadoras agrícolas no mundo, afirma que o mercado começa a precificar a queda da produção brasileira na safra 2013/14 e o déficit na oferta global da commodity. Além disso, considera que uma reversão da elevada posição vendida dos fundos de investimento na bolsa e a queda do diferencial entre os cafés arábica e robusta (negociado em Londres) favorecerão uma recuperação dos preços praticados em Nova York.

Entretanto, o Rabobank alerta para os volumes de estoques que vem sendo carregados por produtores brasileiros, que, se forem disponibilizados ao mercado abruptamente, poderão pressionar os valores do produto. Esse risco, contudo, foi reduzido nesta semana com a prorrogação, autorizada pelo CMN, do pagamento da primeira parcela das operações de estocagem e das operações de custeio convertidas em estocagem, contratadas no ano passado, com recursos do Funcafé. Devido a isso, acreditamos que, no curto prazo, somente uma recuperação nas cotações deverá fazer com que os cafeicultores negociem o produto que financiaram.

O Conselho Nacional do Café mantém a orientação para que o produtor brasileiro volte à comercialização quando o mercado oferecer valores remunerativos, os quais cubram os custos de produção e gerem rentabilidade.

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