Conseagri aprova manifesto à Conab pela falta de milho no Nordeste

15.03.2013 | 20:59 (UTC -3)
Fonte: Assessoria de Imprensa

Na abertura da primeira reunião deste ano, que aconteceu no estado de Goiás, o Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (Conseagri), aprovou, por unanimidade enviar, à Conab, manifesto de solicitação de esclarecimento pela não efetivação, sem resposta técnica justificada, da utilização do sistema de cabotagem, a partir do porto de Paranaguá, para transporte de milho para os portos do Nordeste.

“Os estados do Nordeste sofrem com a pior seca da história, e os rebanhos estão morrendo por falta de alimento”, foi o comentário unânime de todos os secretários do Nordeste. Eles lembraram que no dia 5 de junho do ano passado, reunido em Recife, o Conseagri decidiu sugerir à presidência da Conab a utilização do sistema de cabotagem para facilitar o transporte de grandes quantidades de milho para as capitais do Nordeste, a partir de onde seria mais fácil e mais rápido fazer o milho chegar aos armazéns da Conab distribuídos nas diversas regiões dos estados e, finalmente aos criadores, sendo àquela altura encaminhado o primeiro ofício nesse sentido.

Posteriormente, através de sucessivos ofícios à Conab e ao Ministério da Agricultura, o pleito foi reiterado, sem que até agora houvesse resposta. Os secretários citaram que contam com todo apoio das superintendências da Conab nos estados, que têm feito o possível para atendê-los e muitas vezes instâncias superiores querem colocar a culpa neles, mas essa questão só pode ser solucionada por decisão do escalão superior, o que infelizmente não aconteceu até hoje. “Por que a Diretoria de Logística da Conab não nos mostra as contas que justifiquem o sacrifício do rebanho do Nordeste, para que possamos rebatê-las? Questionam os secretários estaduais.

No documento encaminhado pelo Conseagri à Conab dando conta da decisão dos secretários, o colegiado informa que os governos dos estados do Nordeste assumiriam o custo de transporte do milho que chegasse aos portos nordestinos para os armazéns da Conab nos Estados, para venda balcão aos criadores. Isto é uma proposta unanimidade dos secretários do Nordeste que estão vendo o sofrimento dos criadores, querem ajudar, mas não conseguem. Segundo eles, muitos estados, para tentar acelerar o processo de distribuição do milho, já assumiram o frete de parte dos carregos do Centro Oeste para os estados, dos armazéns para os criadores e também o carrego, descarrego e ensaque do milho.

Os secretários avaliaram as condições dos seus estados em relação à seca e afirmaram que não é possível esperar pela safra de milho e o processo burocrático de compra pela Conab do milho produzido no Nordeste, que só deve acontecer daqui a dois ou três meses, o que na visão deles complementaria sim a cabotagem imediata do milho.

Os secretários ressaltaram ainda que a comercialização de milho pela Conab, para socorro aos rebanhos, não tem alcançado os resultados desejados devido a dificuldade de transporte rodoviário para deslocar os estoques armazenados na região Centro-Oeste para o Nordeste. Para transportar 120 mil toneladas de milho, que é a necessidade imediata dos Estados do Nordeste, seria necessária a contratação de 4.000 carretas, o que não acontece na rapidez necessária, pois as empresas transportadoras não se interessam em fazer o frete para o Nordeste, tendo a safra do Centro Oeste e o Sul acontecendo, o que permite a eles ganhos muito maiores. Afirmam que isto vem acontecendo há dez meses e é de pleno conhecimento da Conab.

Foi visando superar essa dificuldade que o Conseagri reiterou ao governo federal a utilização do sistema de cabotagem, via Porto de Paranaguá, para transportar grandes quantidades de milho para as capitais do Nordeste. Inclusive, neste momento, parte da safra de milho que está sendo colhida no Paraná já está indo para o Porto de Paranaguá para ser exportada. Os secretários disseram não entender porque as pessoas em Brasília não compreendem que os rebanhos do Nordeste estão sendo dizimados e que a pressão é total nos governos estaduais. Eles avisam que se esta atitude não for tomada imediatamente, não mais será necessária já que não haverá mais rebanhos para consumir este milho.

Os secretários decidiram também reivindicar ao governo federal a definição de uma política de abastecimento de médio e longo prazo, destacando a necessidade de implantação de grandes armazéns nas regiões produtoras do Nordeste, a exemplo do município de Luis Eduardo Magalhães, na Bahia, de onde seria muito mais prático e rápido distribuir o milho para os criadores de todas as regiões dos estados.

No manifesto, os secretários pretendem também sensibilizar o ministro Guido Mantega, da Fazenda, para que ele entenda o drama do povo nordestino neste momento, e estabeleça um programa com recursos específicos para este fim, alocados para a Conab, inclusive que permita a reestruturação da empresa com novas contratações e condições de trabalho para as superintendências estaduais.

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