Como aplicar Fixação Biológica de Nitrogênio em soja
O que considerar na aplicação da Fixação Biológica de Nitrogênio de modo a não prejudicar a viabilidade das bactérias fixadoras e o desempenho da tecnologia.
A broca-do-café é uma das pragas do cafeeiro que causam sérios prejuízos à cultura. Era considerada a principal praga do cafeeiro até 1970, mas a adoção de maiores espaçamentos para a mecanização no controle da ferrugem trouxe condições adversas para seu desenvolvimento. Porém, a broca ainda é de grande importância na cafeicultura mineira da Zona da Mata, e nos estados do Espírito Santo e Rondônia. Lavouras irrigadas ou próximas às grandes represas são mais afetadas pelo inseto. Estas condições aumentam a sobrevivência da praga na entressafra nos frutos úmidos remanescentes da colheita e que permanecem na planta ou sobre o solo.
A maior parte do ciclo de vida da broca-do-café ocorre no interior do fruto, sendo esse o único local de sobrevivência e fonte de novas infestações para as safras seguintes. O ciclo de vida é de 28 dias, dos quais a fêmea passa em média 20% e os machos 100% do tempo dentro do fruto. As larvas do inseto apresentam coloração branca, não possuem pernas e se alimentam da semente, resultando na destruição parcial ou total dos frutos e consequentemente na perda de peso do produto beneficiado. Após quatro dias, o inseto se transforma em pupa no interior da semente e essa fase dura em média oito dias. Logo após emergido, o adulto tem cor café-claro e depois de quatro dias a cinco dias adquire coloração mais escura. As fêmeas voam para perfurar outros frutos, enquanto os machos não voam. Elas podem atacar frutos verdes (chumbões) até maduros (cerejas) ou secos (passas). A fêmea coloca aproximadamente 74 ovos no interior do fruto, tendo até sete famílias por ano (gerações). Das sete gerações, estima-se que de três a quatro são no período de entressafra, que vai de agosto-setembro-outubro-novembro. Isso é um problema sério, nós queremos deixar claro que mais da metade das gerações da broca ocorre no período da entressafra, ou seja, estamos “criando broca na área”.
Os danos causados pela broca variam da perda de peso no café beneficiado à qualidade da semente, até a contaminação por fungos, podendo ocorrer quebra de 21% ou cerca de 12kg na saca de café em lavouras com alta infestação (Figura 1). Essa redução de peso é dependente da evolução do ataque (tempo e nível de infestação). Tomando-se como exemplo 60% de frutos atacados, situação em que normalmente existem cerca de 24% de grãos brocados, 10% de escolhas e 7,5% de grãos totalmente destruídos. Ocorre também a depreciação do produto na classificação por tipo (cinco sementes broqueadas constituem um defeito) que pode passar do tipo 2 para o tipo 7 com o aumento da infestação, assim como queda prematura de frutos quando perfurados que pode chegar a 46% dos frutos totais. A perda na renda do beneficiamento, ou seja, a relação de café em coco seco por café em grão beneficiado, sendo normal na faixa de 20kg/saca a 22kg/saca (40kg café coco), pode chegar, em casos extremos, de 8kg/saca a 12kg/saca, ou seja, uma perda de até 50% no peso. Outro prejuízo ocorre devido à flutuação dos frutos brocados, que mesmo em cereja, possuindo na maioria dos casos um dos grãos em perfeito estado (sem ataque), passam pelo lavador/separador junto com os “boias”, diminuindo a renda e a parcela de cafés oriundos de frutos maduros, de melhor bebida.
Além do prejuízo direto de ordem econômica pela perda de peso dos grãos, os furos causados por este inseto também podem favorecer a contaminação por fungos. Quando o inseto perfura os frutos ainda no campo, as lesões formadas podem favorecer a infecção por micro-organismos do ambiente externo. A broca pode ser um veículo de contaminação dos grãos com fungos, já que vários tipos de micro-organismos podem estar presentes em suas fezes, mandíbula, patas, cutícula e demais partes de seu corpo. Os principais fungos encontrados em associação com a broca-do-café são do gênero Penicillium e Aspergillus. Ambos contribuem para a qualidade inferior da bebida, além de serem fontes de micotoxinas prejudiciais à saúde humana. Na indústria de torrefação e de moagem não se tem um bom sistema para separar os insetos, mesmo mortos, alguns permanecendo junto às galerias dos grãos, depois de beneficiados. Assim, podem aparecer resíduos do inseto no pó de café, o que é vedado pelas normas de saúde pública.
Os principais métodos de controle dessa praga são o químico, o biológico e o cultural. Destes, o controle cultural é o mais importante e o mais eficiente de todos. Esta afirmação é para reforçar que os produtores precisam adotar o repasse eficiente e evitar que os frutos permaneçam na planta, no solo, nos secadores, nos terreiros de café, nas tulhas e nas outras máquinas que por algum motivo foram utilizadas. Acredita-se que esta praga pode ter sua população reduzida em 98% com este método de controle.
Uma tática de controle que mata 98% está difícil de ser encontrada atualmente para esta praga no café. Vamos ser mais realistas, não existe inseticida que mata a broca-do-café a altos índices populacionais. Em pesquisas realizadas pelo Grupo de Pesquisa em Manejo Integrado de Pragas da UFV - Campus de Rio Paranaíba (GPMIP-UFV-CRP) e avaliações de campo de produtores, a colheita com repasse manual ficaria a um custo de R$ 1.000/ha. Esse custo é menor em relação aos de aplicação dos principais inseticidas utilizados para tentar controlar a broca. De forma, geral são feitas atualmente de duas a três aplicações desses inseticidas mais eficientes. Os custos podem chegar a R$ 1.500,00/ha e não controlar a broca. Não estão contabilizas as aplicações com os inseticidas de mais baixo custo (< R$ 45,00/ha), que somados a oito aplicações aumentam as despesas de produção. Os produtores precisam se conscientizar da colheita bem feita com repasse e retirar todos os frutos da área para fazer talvez uma aplicação para a broca-do-café. Se for considerado que a broca do café aumenta a cada ano a população, em breve não haverá mais bebida de qualidade nos cafeeiros do Brasil. É preciso que os produtores fiquem atentos aos oportunistas de mercado que vendem soluções químicas para reduzir o problema. Atentos a isso, pois é o que mais estão surgindo. Como exemplo, há venda de enxofre para desalojar a broca, com o argumento de que o cheirinho do enxofre desaloja a broca do fruto de café. Isso não é verdade, pois em diversos experimentos, testando diversas fontes de enxofre, não ocorreu o resultado prometido.
Flávio Lemes Fernandes, Mateus Majela de Jesus Silva e Matheus Rodrigues Martins, Universidade Federal de Viçosa e Universidade Federal de Uberlândia
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