Quais os principais problemas encontrados nos pulverizadores
Cuidados essenciais e básicos relacionados a taxa de aplicação, limpeza, descontaminação e manutenção de pulverizadores são deixados de lado, causando ineficiência na operação, pr
O meloeiro é suscetível a muitos patógenos, capazes de causar importantes doenças na cultura, reduzindo drasticamente a produção, a qualidade dos frutos, bem como inviabilizar o cultivo em algumas regiões ou épocas de plantio. Dentre estas doenças, destaca-se o oídio do meloeiro, uma das principais doenças da cultura no Nordeste do Brasil e uma das mais importantes em todo o mundo. Pelo menos seis espécies de patógenos foram identificadas como agentes causais da doença. Contudo, as espécies Podosphaera xanthii (sin. Sphaerotheca fuliginea) e Golovinomyces cichoracearum (sin. Erysiphe cichoracearum) são as de maior relevância no País. Podosphaera xanthii é a espécie predominante no mundo e ocorre com maior frequência em regiões de clima tropical e subtropical, enquanto G. cichoracearum predomina em regiões de clima temperado. No Brasil, relatava-se apenas a presença de P. xanthii, até que em 2012 a espécie G. cichoracearum foi identificada em cultivos protegidos no estado do Paraná.
O oídio afeta grande número de cucurbitáceas cultivadas, como pepino, melancia, abóbora, cabaça, chuchu e bucha, bem como plantas selvagens. Podosphaera xanthii apresenta várias raças fisiológicas conhecidas, as quais diferem quanto à capacidade de infectar diferentes espécies de cucurbitáceas ou variedades de melão. Estudos têm relatado a predominância das raças 1 e 2 do patógeno no Brasil, enquanto outras apresentam distribuição mais restrita, como a raça 3 relatada no Distrito Federal e a raça 4 relatada no Distrito Federal e mais recentemente em São Paulo.
O oídio ocorre em praticamente todas as regiões de produção de melão, mas as epidemias da doença são mais intensas em condições de temperaturas entre 20°C e 25°C e baixa umidade relativa do ar, sendo muito comum sua ocorrência em cultivos em ambiente protegido. Os conídios dos patógenos são facilmente disseminados pelo vento e, mesmo em condições de baixa umidade, podem germinar. Por se tratar de fungos biotróficos, que só sobrevivem associados a hospedeiros vivos, à presença de outras cucurbitáceas hospedeiras cultivadas ou selvagens localizadas próximas à área de cultivo ou na própria área, servem de fonte de inóculo inicial dos patógenos para cultivos sucessivos ou de um ano para o outro ou para novas áreas de cultivo.
A doença ocorre em toda a parte aérea da planta, como folhas, pecíolos e hastes, porém as folhas velhas são as mais afetadas. Os sintomas surgem primariamente nas folhas sombreadas e mais velhas na forma de manchas circulares de tonalidades mais claras, que aumentam de tamanho e posteriormente apresentam-se recobertas por um mofo branco pulverulento (cotonoso) predominantemente na face superior das folhas, formado por micélio, conidióforos e conídios (esporos) do fungo. Com o passar dos dias as manchas aumentam de tamanho (coalescem) e podem tomar toda e extensão da folha. Com o progresso da doença, as folhas e ramos inicialmente infectados amarelecem e secam, adquirindo uma tonalidade marrom. Com o definhamento da planta os frutos sofrem ligeira deformação, e também apresentam um crescimento reduzido pelo comprometimento da área fotossintética da planta. Plantas severamente atacadas perdem o vigor e têm a produção prejudicada pela redução do número, tamanho e qualidade dos frutos, ocasionada pela incidência de irradiação solar direta nos frutos e menor acúmulo de sólidos solúveis.
Medidas preventivas podem ser adotadas para minimizar a severidade da doença, como evitar o plantio em áreas que recebam ventos, que passam por cultivos de cucurbitáceas, eliminação de restos culturais logo após a colheita e eliminação de plantas hospedeiras remanescentes na área ou nas áreas adjacentes à área de cultivo. Chuvas torrenciais ou irrigação por aspersão contribuem para o controle da doença, uma vez que podem lavar os conídios e danificar conidióforos e hifas.
Atualmente, o controle químico é o mais empregado pelos produtores, e deve ser iniciado ao se constatar os primeiros sintomas da doença, que em geral ocorrem na face inferior das folhas ou nos ramos verdes. Para o controle químico da doença recomendam-se pulverizações com fungicidas de contato, principalmente à base de enxofre, alternados com fungicidas sistêmicos (triazois e estrobilurinas) registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o controle da doença na cultura. As aplicações das caldas fungicidas devem ser realizadas de forma a atingir a máxima cobertura foliar das plantas, como a face inferior das folhas e as folhas mais baixeiras da planta, principalmente ao utilizar produtos de contato. Vale ressaltar que a utilização de fungicidas sistêmicos apresenta maior eficiência no controle da doença, por presentar uma maior distribuição quando absorvido pelas plantas, além de apresentar um maior efeito residual após a aplicação, necessitando de um menor número de aplicações quando comparado aos fungicidas de contato. Recomenda-se a alternância de fungicidas de diferentes grupos, ou seja, de distintos modos de ação, de forma a evitar o risco de seleção de patógenos resistentes aos fungicidas.
O plantio de cultivares resistentes também contribui para a redução da doença, como é o caso do melão do tipo amarelo “BRS Araguaia” que apresenta resistência ao oídio (Podosphaera xanthii) raça 2, desenvolvido pelo programa de melhoramento de melão da Embrapa. Contudo, a aplicação de fungicidas pode ser necessária em condições de alta pressão de inóculo mesmo em cultivares resistentes à doença.
De origem africana, o melão (Cucumis melo L.) pertence à família Cucurbitaceae com popularidade crescente no Brasil e no mundo. Seu maior consumo mundial se dá na Europa, no Japão e nos Estados Unidos. No Brasil, nos últimos cinco anos, houve uma expansão da produção superior a 500 mil t/ano. Em 2017, o país colheu 23 mil hectares de melão e exportou US$ 162 milhões, tendo como principais compradores a Europa e os Estados Unidos. Das 540 mil toneladas produzidas em 2017, a região Nordeste é responsável por 95% da produção nacional. Enquanto no Vale do São Francisco (BA/PE) a pequena produção foca o consumo doméstico, a maior região produtora do Brasil (Rio Grande do Norte/Ceará) destina quase 80% de sua área ao mercado internacional. O melão ocupa o segundo lugar no ranking de frutas brasileiras com maior geração de receita e o quarto na classificação mundial.
Alexandre Augusto de Morais e Ricardo Borges Pereira, Embrapa Hortaliças, Brasília, DF
A cada nova edição, a Cultivar Hortaliças e Frutas divulga uma série de conteúdos técnicos produzidos por pesquisadores renomados de todo o Brasil, que abordam as principais dificuldades e desafios encontrados no campo pelos produtores rurais. Através de pesquisas focadas no controle das principais pragas e doenças do cultivo de hortaliças e frutas, a Revista auxilia o agricultor na busca por soluções de manejo que incrementem sua rentabilidade.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura