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Na Região Sul a área com cultivos de grãos de inverno deve chegar a 3,4 milhões de hectares em culturas como trigo, aveia, cevada, triticale, centeio e canola (Conab). O trigo responde por mais de 80% da área de inverno. Apesar do zoneamento agrícola permitir o início da semeia do trigo em abril, as operações devem ficar concentradas nos meses de maio e junho, em função do atraso na colheita da soja no RS e em SC, e da falta de chuva no PR.
De acordo com o zoneamento agrícola de risco climático (ZARC), a indicação para a semeio do trigo na Região Sul (visando produção de grãos em sistema de sequeiro) iniciada em 1º de abril no norte do PR, mas conforme o Deral, apenas 1 % da área foi semeada até 20/04 devido à falta de umidade no solo. No RS e em SC, a época de semeadura se iniciava em 11 de maio, mas em meados de abril ainda restavam, aproximadamente, 46% das lavouras de soja para serem colhidas no RS (Emater/RS) e 37% em SC (Epagri) . A janela de semear do trigo indicada pelo ZARC se estende até o dia 31 de julho nos três estados do Sul.
O preparo da lavoura de inverno exige o controle de plantas daninhas, especialmente o azevém que pode roubar até 40% da produtividade do trigo. O controle de azevém pode exigir até duas aplicações de herbicidas em pré-semeadura, visando a diminuição do banco de sementes nos talhões, sendo uma planta daninha que tem como característica emergir durante todo o ciclo do trigo. Recentemente, a cultura ganhou novas opções para o manejo do azevém com o registro de herbicidas para aplicação em pré-semeadura, para controlar o banco de sementes, ou pós-emergência, quando o alvo é controlar o azevém na fase de plântula.
Na adubação, a melhor estratégia é adubar o sistema, que consiste em aplicar toda a dose de Fósforo (P) e Potássio (K) que vai no talhão no ano, por ocasião do ato da semeadura do trigo. Essa prática potencializa o rendimento do trigo e distribui de forma mais equilibrada os nutrientes no solo.
Fundamental antes da implantação da lavoura é o tratamento de sementes (TS), preferencialmente na modalidade industrial (TSI), prática que garante proteção das plantas contra fungos e pragas por, aproximadamente, 30 dias após a semeadura. O TS é uma tecnologia de baixo custo financeiro, reduzido impacto ambiental e muito eficiente.
Na escolha da cultivar o produtor deve considerar o potencial produtivo na região, as cultivares mais adaptadas, o histórico da propriedade e do clima. A cultivar vai determinar o manejo da lavoura e o investimento necessário, especialmente em proteção de plantas. Diante da perspectiva de inverno e primavera mais úmida sob impacto do fenômeno El Niño, cultivares com melhor resistência a doenças fúngicas podem ser alternativas para economizar nos tratos culturais.
A quantidade de sementes a ser usada é um critério que merece atenção na semeadura. A indicação do obtentor da cultivar deve ser respeitada para evitar o uso de quantidades muito abaixo do ideal ou excessos que implicam em aumento de custos e podem resultar em acamamento de plantas. Uma recomendação genérica da maioria dos obtentores é a população de 300 plantas/m².
Outro cuidado essencial é o escalonamento da semeadura, optando por cultivares com diferentes ciclos, estratégia que pode reduzir riscos de perdas com doenças e adversidades do clima, além de flexibilizar o estabelecimento da subsequente safra de verão. A orientação é semear primeiro as cultivares de ciclo mais longo, enquanto que as cultivares precoces vão para a lavoura mais tarde, no final da janela de semeadura, para evitar danos com geadas durante o espigamento e o florescimento.
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