Com entressafra canavieira maior, usinas poderão programar melhor as manutenções

Período mais longo é uma oportunidade para que as unidades sucroenergéticas tenham mais tempo para fazer reparos preventivos tanto nos maquinários da indústria quanto na frota automotiva

26.11.2021 | 14:09 (UTC -3)
Kassiana Bonissoni
Período mais longo é uma oportunidade para que as unidades sucroenergéticas tenham mais tempo para fazer reparos preventivos tanto nos maquinários da indústria quanto na frota automotiva. - Foto: Divulgação
Período mais longo é uma oportunidade para que as unidades sucroenergéticas tenham mais tempo para fazer reparos preventivos tanto nos maquinários da indústria quanto na frota automotiva. - Foto: Divulgação

Diferentemente dos últimos anos, quando muitas unidades sucroenergéticas tiveram que esticar a sua moagem para além do mês de dezembro, o que consequentemente resultou em entressafras mais curtas, este ano muitas usinas estão encerrando antes as atividades por falta de matéria-prima. Uma longa e severa estiagem, inúmeros incêndios e até geadas em algumas regiões que atingiram as lavouras do Centro-Sul do Brasil, impactaram significativamente não só a produtividade, mas também a moagem da cana-de-açúcar.

Tradicionalmente, as indústrias sucroenergéticas sempre priorizaram realizar grandes manutenções durante o período de entressafra, que normalmente dura cerca de quatro meses – entre dezembro e abril. Este ano com um período entressafra maior do que no ano passado, as empresas terão mais tempo para efetuar e programar as revisões e trocas dos equipamentos tanto da indústria quanto na frota automotiva.

A expectativa para a safra de cana-de-açúcar do Centro-Sul do Brasil em 2021/22 é de 538,7 milhões de toneladas, uma queda de 10,6% ante a temporada 2020/21, segundo a (Conab). Com isso, a manutenção torna-se ainda mais importante para que não haja mais prejuízos financeiros devido a problemas de operação.

De acordo com Artur Kiryu, engenheiro e consultor de manutenção da GAtec, empresa especializada no desenvolvimento de ferramentas para a gestão agroindustrial, o planejamento da manutenção de entressafra deve ser iniciado assim que a operação da safra entre em estabilidade. “O planejamento deve ocorrer neste período, informações sobre as condições dos equipamentos devem ser coletados/monitorados (preditiva). No início da entressafra os cronogramas das equipes, Curva S devem estar prontos e pactuados bem como os materiais e serviços externos requisitados. Além disso, criar um ritual de controle com reuniões semanais”, destaca.

Atenção ao cronograma

Para dar início a essas manutenções, em primeiro lugar é necessário ter um plano de revisões dos equipamentos bem elaborados. Neste plano deve constar os seguintes pontos: o que fazer, periodicidade recomendada, recursos e mão de obra previstos. Também é importante constar quais os materiais necessários, serviços externos necessários e ter uma atenção especial nas tarefas que não agregam confiabilidade e que consomem recursos desnecessários.

Dentre os itens fundamentais da manutenção, destaque para a lubrificação dos equipamentos. Segundo Kiryu, é preciso um plano de lubrificação bem elaborado e também bem executado, pois esta é uma atividade crítica. Não lubrificou, quebra! Simples assim. “Um Checklist completo dos equipamentos é fundamental, pois nele são baseadas as manutenções de natureza proativa. Por isso é essencial inspecionar, descobrir problemas, agir antes que os equipamentos/sistemas entre em estado de falha, resultando em quebras inesperadas”, reforça o especialista.

Evite erros

Tão grave quanto não realizar as manutenções é realizá-las de forma errada gastando recursos importantes. Isso muitas vezes ocorre pela não obediência ao que foi planejado e programado gerando a “correria” ao final da entressafra, com consequente queda na qualidade dos serviços. Uma operação dessa bem-sucedida, é aquela que é concluída com 15 dias antes do início da safra, neste período que antecede o início da operação deve ser dedicada para atividades de comissionamentos (testes e ajustes dos equipamentos).

Outro erro muito comum é não identificar a hora da substituição de uma máquina que apresenta problemas frequentes. “Reconhecer quando um maquinário precisa ser substituído é simples, basta se atentar ao seu desempenho. A partir do momento que se investe e realiza a manutenção e o mesmo não mais responde com a confiabilidade necessária ao processo e produção, então é hora de substituí-lo para evitar dores de cabeça no futuro”, destaca o engenheiro.

Para ajudar as agroindústrias bem como as unidades sucroenergéticas, a GAtec além de fornecer soluções de sistemas, oferece consultoria para gestão da manutenção e orientação aos resultados a serem alcançados. Conforme explica Kiryu, entre as indicações feitas nessa consultoria da empresa, sempre é reforçado a necessidade de definir os indicadores a serem “perseguidos”.

Estes direcionamentos são definidos de acordo com os resultados/rumos estratégicos da organização no que tange a manutenção de seus ativos. “Indicadores harmonizam as energias existentes na empresa, provoca sinergia na comunidade”, diz o consultor. “Outro assunto que deve ser discutido na comunidade é o conceito de manutenção centrada em confiabilidade ou reliability centered maintenance – RCM”, finaliza o profissional.

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