Colheita avança na segunda quinzena de julho, mas produção de açúcar continua abaixo do esperado no Centro-Sul

10.08.2015 | 20:59 (UTC -3)
Mariana Anauate

O volume de cana-de-açúcar processado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil atingiu 49,44 milhões de toneladas na segunda metade de julho, forte alta de 37,35% no comparativo com as 35,99 milhões de toneladas moídas na mesma quinzena de 2014.

Segundo o diretor Técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, “ao contrário do cenário observado no início de julho, o clima mais seco favoreceu a colheita na última metade do mês e permitiu uma sensível recuperação do ritmo de moagem, que estava atrasado em boa parte das usinas”.

Com isso, no acumulado desde o início da atual safra até 1º de agosto, o volume processado de matéria-prima alcançou 279,37 milhões de toneladas. Essa quantia é praticamente igual aos 280,38 milhões de toneladas registradas até a mesma data da safra 2014/2015.

A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de matéria-prima totalizou 134,83 kg na segunda metade de julho, valor ainda inferior em 4,48% ao observado na mesma quinzena de 2014 (141,15 kg por tonelada). No acumulado desde o início da safra 2015/2016 até 1º de agosto, o teor de ATR alcançou 124,66 kg por tonelada, redução de 3,2% sobre igual período do último ano (128,78 kg por tonelada

Apesar da recuperação da moagem nos últimos dias de julho, a proporção de matéria-prima direcionada à fabricação de açúcar permanece abaixo do índice registrado na safra passada. Na última quinzena de julho de 2015, essa proporção atingiu 43,93%, contra 46,23% verificados no mesmo período de 2014.

A produção de açúcar somou 2,79 milhões de toneladas na última metade do mês. Já o volume produzido de etanol alcançou 2,19 bilhões de litros (891,4 milhões de litros de etanol anidro e 1,3 bilhão de litros de etanol hidratado), aumento de 37,07% sobre os 1,6 bilhão de litros fabricados na mesma quinzena de 2014.

No acumulado desde o início da safra 2015/2016 até 1º de agosto, a produção de etanol totalizou 12,17 bilhões de litros, dos quais 4,28 bilhões de litros referem-se ao etanol anidro e 7,89 bilhões de litros ao etanol hidratado – alta de 16,93% no comparativo com igual período do último ano.

A produção acumulada de açúcar, porém, ainda continua aquém daquela observada na safra anterior: 13,5 milhões de toneladas em 2015, contra 15,13 milhões de toneladas apuradas até 1º de agosto de 2014.

“Apesar da moagem da atual safra estar emparelhada com aquela do último ano, a produção de açúcar segue defasada em mais de 1,5 milhão de toneladas. Atualmente, o comportamento da produção tem sido impulsionado pela necessidade de gerar caixa por boa parte das unidades, com prioridade para a fabricação de etanol hidratado”, acrescenta Rodrigues.

As vendas de etanol hidratado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil somaram 2,7 bilhões de litros em julho, sendo 240,4 milhões de litros destinados ao mercado externo e 2,46 bilhões de litros ao consumo doméstico.

No mercado interno, o volume de etanol anidro comercializado pelos produtores em julho atingiu 855,86 milhões de litros, quase igual aos 853,21 milhões de litros computados no mesmo mês de 2014.

As vendas de etanol hidratado ao mercado doméstico apresentaram, mais uma vez, crescimento surpreendente. Em julho, as unidades produtoras comercializaram 1,605 bilhão de litros: aumento de quase 50% sobre os 1,09 bilhão de litros observados no mesmo mês do ano passado e praticamente idêntico ao recorde histórico registrado para o período (1,606 bilhão de litros vendidos em julho de 2009).

De acordo com o diretor da UNICA, “boa parte das unidades estão enfrentando dificuldades para a tomada de crédito e, dessa forma, não estão conseguindo manter estoques do produto”.

Esse comportamento das vendas tem deprimido o preço praticado no período de moagem, além de ampliar o risco de maior sazonalidade e impulsionar as cotações na entressafra.

Para Rodrigues, é preciso maior agilidade na liberação dos recursos para a estocagem de etanol. “Já estamos no meio da safra e até agora não temos ideia de quando os recursos serão liberados. Precisamos evitar um movimento sazonal exagerado de preços, pois isso cria dificuldades para o abastecimento, prejuízo para os produtores, que vendem a maior parte da produção na safra, e desconforto aos consumidores de etanol”, ressalta o executivo.

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