Colheita avança lentamente e produtividades variam muito na Argentina

Alta umidade prejudica colheita do milho; soja apresenta melhora, mas frio é preocupação

21.03.2025 | 13:36 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações da Bolsa de Comércio de Rosário

A colheita do milho avança lentamente na região núcleo da Argentina. Até o momento, apenas 23% da área cultivada foi colhida. A alta umidade prejudica o avanço dos trabalhos e gera preocupação pela ocorrência de brotação precoce dos grãos. Há grande disparidade nos rendimentos, variando de 40 quintais por hectare (qq/ha), em áreas afetadas pela seca, a 130 qq/ha em regiões beneficiadas por chuvas mais consistentes (um quintal equivale a 100 quilogramas).

O centro-sul da província de Santa Fé lidera os resultados positivos. Em El Trébol, já foi colhida 30% da área, com médias elevadas de 130 qq/ha. Em Marcos Juárez, no sudeste de Córdoba, com 25% da colheita concluída, a produtividade média fica em torno de 110 qq/ha. Já no sul de Santa Fé, o progresso é lento devido ao excesso de umidade, com médias ao redor de 93 qq/ha após colheita de 23% das lavouras.

Em contraste, o norte da província de Buenos Aires enfrenta dificuldades significativas. A região nordeste da província, mais afetada pela seca dos meses anteriores, registra produtividade extremamente baixa. Em Río Tala, os rendimentos são inferiores a 40 qq/ha. Em Pergamino, os resultados variam de 50 a 60 qq/ha, cerca de 10 quintais abaixo das expectativas iniciais. Em Chacabuco, a média fica entre 65 e 75 qq/ha, e há consenso de que o milho será o cultivo mais prejudicado nesta safra devido à seca.

Na soja, há sinais positivos na região, principalmente após as recentes chuvas. Entretanto, os produtores permanecem cautelosos pela alta variabilidade nas lavouras e a necessidade urgente de que o frio demore a chegar. O atraso das baixas temperaturas é fundamental para garantir um ciclo mais longo à soja de segunda safra.

No nordeste de Buenos Aires, área que chegou a ter estimativa de perdas de 30% da soja de segunda, o cenário melhorou. Produtores locais projetam agora rendimentos entre 20 e 23 qq/ha, enquanto na soja de primeira safra podem atingir até 40 qq/ha. Em Chacabuco, a estimativa para soja de segunda é de 23 qq/ha, resultado inferior à média histórica, porém muito acima do cenário crítico previsto no início de fevereiro.

A região centro-sul de Santa Fé apresenta as melhores expectativas para a soja. As recentes chuvas elevaram as previsões de rendimento de 35 qq/ha para até 50 qq/ha em El Trébol, enquanto em Carlos Pellegrini espera-se média de 45 qq/ha. No sudeste de Córdoba, contudo, não houve alteração significativa nas últimas semanas, mantendo-se o rendimento médio de soja em torno de 38 qq/ha.

Segundo especialistas climáticos, a região pampeana só escapou de uma situação crítica semelhante à enfrentada por Chaco devido à chegada de correntes úmidas vindas do Atlântico em fevereiro. A província do Chaco, no entanto, permanece em situação dramática, acumulando três anos consecutivos de seca extrema, com precipitações inferiores a 25% da média histórica do verão. A influência do fenômeno "La Niña" teve maior efeito negativo nas províncias do norte argentino, enquanto na região pampeana a circulação úmida ajudou a amenizar os danos.

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