Colaborador do Instituto Phytus comenta os efeitos da estiagem e aponta possíveis soluções

29.02.2012 | 20:59 (UTC -3)
Luci Lane Oliveira

O rigor da estiagem comprometeu qualquer planejamento que tenha sido traçado para esta safra de verão. A notícia de mais um ano sob influência do La Niña era sabida por todos, mas ainda assim trouxe surpresas negativas para o produtor rural.

Analisando o cenário do Rio Grande do Sul, temos situações de produtores de milho, por exemplo, que plantaram no cedo e conseguiram um bom desenvolvimento da lavoura. Sojicultores que selecionaram cultivares de ciclo mais curto e também anteciparam o plantio conseguiram melhores resultados, apesar de também registrarem perdas. É preciso levar em consideração ainda que a maioria das áreas receberam culturas de inverno antes, o que impediu de antecipar a semeadura da soja no mes de outubro. “A decisão de plantar no cedo depende da cultura que havia antes no campo e o período em que foi feita a colheita”, explica o professor da UFSM e colaborador ad hoc do Instituto Phytus, Ricardo Balardin.

Segundo o Engenheiro Agrônomo, as áreas que receberam culturas de inverno tiveram um planejamento diferente daqueles produtores que optaram por plantar milho antes para ainda no verão introduzir lavouras de soja no mesmo local. “Quem plantou trigo, por exemplo, e depois plantou soja, faz isso há muito tempo. É o planejamento que o agricultor segue desde sempre. Então, não se pode dizer que houve erro no planejamento”, enfatiza.

As cultivares de ciclo curto de soja surgiram em virtude do aparecimento da ferrugem, como uma das ações para reduzir o período de exposição da cultura ao inóculo. “O risco com o ciclo curto é que o período crítico de necessidade de chuva é menor. Caso não chova no momento critico, a planta não se recupera mais”, observa Balardin.

A sucessão de culturas que ocorre em cada área varia de acordo com a região do país que se analisa, das condições do mercado e do planejado pelo produtor. Quem opta pelas culturas de inverno, precisa esperar o ciclo da planta para poder colher, que ocorre final de outubro, início de novembro. “Essas áreas de soja depois de trigo foram muito castigadas. Não faltou planejamento do agricultor, tudo foi feito como sempre”, analisa o Engenheiro Agrônomo.

“A única alternativa que acredito que possa ser estimulada a nível estatal é o incentivo a sistemas de irrigação mais econômicos, do ponto de vista de uso de água e mais efetivos e adaptados a propriedades pequenas e médias”, comenta Balardin.

Outra solução comentada pelo pesquisador seria dentro da área da genética, ao se buscar materiais que tenham um pouco mais de tolerância a falta de recursos hídricos. Além disso, ele orienta que se tenha uma preocupação quanto a questão de manejo de solo, preocupação com semeadura e sistema radicular e questão física do solo, que são situações que podem ser estimuladas para garantir melhores retornos, mesmo em períodos de estiagem.

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