CNA estima impacto de 12,1% na cesta básica com tabelamento de frete

Produtos representam 90,4% da cesta básica de alimentos e afetam principalmente a população mais carente

28.06.2018 | 20:59 (UTC -3)
CNA/SENAR

 A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) calculou os impactos do tabelamento de fretes no principal item de compra das famílias brasileiras: a cesta básica de alimentos.

As estimativas consideraram que os preços dos produtos como arroz, carnes, feijão, leite, ovos, tubérculos, frutas e legumes aumentarão 12,1% em decorrência do tabelamento dos fretes. Esses produtos representam 90,4% da cesta básica de alimentos e afetam principalmente a população mais carente. 

Em maio as famílias brasileiras dispendiam 46,2% do salário mínimo para aquisição da cesta básica. De acordo com as estimativas, a partir de julho as famílias gastarão mais de 50% do salário mínimo para adquirirem os mesmos produtos.  

O tabelamento fará com que as famílias brasileiras percam seu poder de compra. Isso porque em 2018 o governo federal elevou o salário mínimo para R$ 954, um acréscimo de R$ 17, enquanto o tabelamento do frete deverá aumentar o custo da cesta de alimentos em R$ 53,40, valor três vezes maior.

O impacto estimado pela Confederação preocupa principalmente pelos reflexos futuros na macroeconomia nacional, pois na composição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para “alimentos no domicílio”, os produtos considerados na análise representam mais da metade desse componente. 

Antes da greve dos caminhoneiros, o IPCA acumulado em 12 meses (até abril) era de 2,76% graças, principalmente, aos preços dos “alimentos no domicílio”, que apresentavam deflação.

Após a greve e o tabelamento de fretes houve completa reversão nesse quadro de estabilidade inflacionária, com esse índice projetado em 4,42% para o mês de junho. Isso ocorreu porque os preços dos alimentos no domicílio caíram 4,68% em 12 meses, mas devem encerrar o acumulado até junho/2018 com alta de 0,53%, uma incrível reversão em sua trajetória. Somente no mês de junho, a expectativa é de aumento de 3,43% nesse item.  

Antes da greve dos caminhoneiros, o boletim Focus do Banco Central de 27 de abril indicava que a inflação em 2018 seria de 3,49%. Já o último relatório, publicado em 22 de junho, a projeção de inflação é de 4,00%, demonstrando que o mercado já está precificando os impactos da instabilidade do tabelamento.

Projeções feitas pela LCA Consultores, a pedido da CNA, consideraram que, caso haja o repasse integral de custos de transporte ao longo de toda cadeia (produtores, agroindústria e varejo), a inflação pode subir ainda mais, podendo atingir o teto da meta, alcançando entre 5,0% e 6,0% ao final de 2018. 

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