Clima preocupa triticultores gaúchos

17.09.2015 | 20:59 (UTC -3)
Raquel Aguiar

A formação de geadas nos últimos sábado e domingo (12 e 13/9) provocou grande apreensão em todos os setores envolvidos com a triticultura no Rio Grande do Sul. Segundo o Informativo Conjuntural elaborado pela Emater/RS-Ascar, visualmente, no amanhecer desses dias, foi possível observar a formação de geada nas áreas mais baixas em quase todos os municípios do Estado. Poucas lavouras apresentam sintomas externos provocados pelas geadas, mas é possível afirmar que houve danos e o mais provável é que estes tenham ocorrido nas áreas onde a cultura encontra-se em estágio de floração. Um levantamento mais preciso só será possível após a paralisação das chuvas previstas para as próximas semanas. O trigo está com 45% na fase de floração, 9% acima da média dos últimos anos, e 40% na fase de enchimento de grãos.

As primeiras lavouras da nova safra de feijão começaram a ser semeadas. A queda da temperatura e as geadas prejudicam a germinação das plantas em algumas áreas, assim como o desenvolvimento inicial. Em lavouras semeadas em altitudes maiores, como nas regiões Centro-Serra e Alto da Serra do Botucaraí, a cultura foi severamente atingida pelas geadas. Nas áreas de baixas altitudes, como no Vale do Rio Pardo, o desenvolvimento vegetativo é normal. Na região Sul, os produtores de feijão estão implantando as lavouras utilizando recursos próprios, sem o uso de financiamentos.

Os orizicultores estão realizando o preparo de solo, que foi intensificado nos últimos dias, devido ao clima favorável. Na Fronteira Oeste (Uruguaiana), há informações que alguns produtores que cultivam grandes áreas já iniciaram o plantio, com o objetivo de otimizar o uso das máquinas. Em Rosário do Sul, na Campanha, uma área em torno de 5% já foi semeada. Cenário semelhante se observa em outras regiões, como no Sul e na Costa Doce. De maneira geral, o preparo de solo antecipado está bastante adiantado em várias partes do Estado.

A formação de geadas ocorrida no final de semana prejudicou o desenvolvimento dos hortigranjeiros no Estado. Os efeitos deverão ser diferenciados nas diversas regiões, conforme a intensidade das geadas. As consequências do frio intenso e tardio poderão ser melhor avaliadas com o acompanhamento posterior das culturas olerícolas e dos pomares. Entre as olerícolas, os cultivos a campo deverão sofrer maiores impactos do que os cultivos protegidos e localizados, principalmente, nas áreas cultivadas em baixadas e nas culturas típicas do verão, que já estavam sendo implantadas, como no tomate, pimentão, pepino, feijão de vagem, chuchu, moranga, abóbora, batata, batata-doce e mandioca.

De modo geral, os efeitos do frio se fizeram sentir nas mudas em estágio de transplante ou de brotação inicial, apresentando folhas queimadas. Nas frutíferas, os efeitos maiores deverão ser sentidos nos pomares de pessegueiros, ameixeiras, caquizeiros, amora-preta e nas parreiras, bem como na produção futura da citricultura, em algumas regiões em que as geadas foram mais fortes. Os principais fatores que concorrerão para isso são o atingimento das brotações novas nessas culturas e o abortamento das flores e frutos novos no pêssego e das flores nos citros, que foram estimulados e antecipados pelas temperaturas acima da média no inverno.

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