Clima pode influenciar na ocorrência de greening na produção de laranja

Doença é a que mais afeta a cultura e está presente em 16,92% das plantas de Minas Gerais e São Paulo

29.07.2016 | 20:59 (UTC -3)
Lucas Majuski

Conhecido por ser incurável e causar grandes prejuízos, o greening (huanglongbing/HLB) é a maior preocupação de produtores de laranja. Levantamento do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), divulgado em junho, mostrou que só no parque citrícola, que engloba 349 municípios de São Paulo e Minas Gerais, 16,92% das laranjeiras foram comprometidas pela doença.

Os dados da pesquisa também apontam que o clima pode influenciar diretamente na ocorrência do problema. Com altas temperaturas, a multiplicação da bactéria na planta é menor e, consequentemente, a chance dela ser dominada pelo psilídeo também é reduzida.

O pesquisador do Fundecitrus, Silvio Aparecido Lopes, explica que há uma relação entre o número de horas que a planta fica exposta ao calor e as chuvas, com o desenvolvimento da doença. “Quanto mais as novas brotações doentes ficarem sob temperaturas acima de 30°C e sem chuvas, mais baixa é a concentração de bactéria e menor a taxa de aquisição pelo inseto”, diz.

Segundo o especialista, os sintomas podem ser vistos durante o ano todo, com mais frequência entre fevereiro e agosto. “Primeiramente, aparecem ramos e folhas amareladas, contrastando tecidos verde-escuro com áreas mais claras. As folhas afetadas caem, podendo surgir novos brotos com folhas pequenas e amarelas”, explica.

Lopes também conta que o suco das frutas doentes é mais ácido, com menos açúcares e sabor amargo. Além disso, as pesquisas realizadas pelo instituto mostram que a queda nos resultados é proporcional a quantidade de sintomas na planta. Uma árvore totalmente tomada tem uma produção que não passa dos 25%.

Olavo Aparecido Luciano, produtor na cidade de Corumbataí do Sul (PR), conta que não teve muitos problemas na região. Para prevenir a doença, ele afirma que controlar outras pragas como pulgão, ácaros e verrugose é necessário. Além disso, utilizar cerca viva é uma alternativa para proteger o pomar.

O pesquisador do Fundecitrus diz que medidas de manejo fora da propriedade também são importantes. “O manejo regional, que envolve vários citricultores de uma microrregião, tem demonstrado ser a forma mais eficiente para controlar a incidência da doença, uma vez que grupos de produtores trabalham conjuntamente no combate ao psilídeo”, afirma.

Infelizmente, a previsão climática não indica um cenário muito positivo para os produtores. Uma frente fria passa sobre o sul do país neste final de Julho e pode até causar temporais com grandes volumes em algumas localidades. No sudeste, a última semana de julho deve terminar mais úmida e fria com a passagem deste sistema. “A frente fria atua fraca sobre São Paulo, Minas Gerais e não deve acumular grandes volumes nas áreas agrícolas do Sudeste”, explica César Soares, meteorologista da Climatempo.

A tendência para a primeira quinzena de Agosto, é que o ar seco se faça mais presente sobre a Região Sudeste como se observa nas áreas mais em branco do mapa. No Sul, a passagem de frentes frias sobre a região favorece a ocorrência de um pouco de chuva com um acumulado entre 02 e 70 milímetros em algumas localidades.

Histórico do greening

O Greening, a mais severa doença da citricultura, surgiu na Ásia há mais de cem anos, mas só foi identificada no Brasil em 2004. Ela é causada por bactérias e transmitida para as plantas pelo inseto Psilídeo Diaphorina Citri, que ao sugar a planta doente, adquire a bactérias e repassa para as sadias.

As primeiras ocorrências do greening no Brasil foram detectadas na região que engloba os municípios de São Paulo e Minas Gerais, por isso a área acaba sendo a mais afetada pela doença. São 32,5 milhões de árvores doentes do campo. Destas, 51% apresentam mais de um quarto da copa com sintomas, ou seja, em estágio avançado da doença.

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