Clima facilita plantio noturno, mas desafios persistem para produtores de trigo do Rio Grande do Sul

A falta de umidade no solo, agravada pelos ventos moderados, comprometeu a uniformidade na deposição das sementes

20.06.2024 | 17:46 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações da Emater-RS e de Adriane Bertoglio Rodrigues
Foto: José Schafer, região de Santa Rosa
Foto: José Schafer, região de Santa Rosa

As condições climáticas atípicas para a estação, com tempo seco e temperaturas elevadas, têm impulsionado as atividades de semeadura de culturas de inverno no Rio Grande do Sul, especialmente do trigo. Há trabalhos durante o período noturno. Essas informações foram divulgadas pela Emater/RS, destacando que a extensão das áreas cultivadas aumentou significativamente. No entanto, as mesmas condições que facilitaram a semeadura também trouxeram desafios significativos para os agricultores.

A expansão da área cultivada foi significativa, porém, o tempo seco e os ventos moderados resultaram em uma baixa umidade superficial do solo, especialmente nas áreas sem cobertura vegetal. Isso afetou a uniformidade na deposição das sementes, causando uma semeadura irregular. Entre os dias 13 e 15 de junho, os produtores reduziram ou interromperam o plantio para aprimorar as técnicas de semeadura. A chegada de chuvas moderadas a partir de 15 de junho facilitou a emergência das lavouras recém-semeadas, embora chuvas mais intensas em algumas regiões tenham causado erosão e danos às lavouras.

O manejo sanitário tem se concentrado no controle de plantas invasoras, com os produtores utilizando combinações de herbicidas pré e pós-emergentes. De acordo com o IBGE, a área cultivada na safra de 2023 foi de 1.505.807 hectares, com uma produtividade de 1.751 kg/ha. As expectativas para a safra de 2024 indicam uma ligeira redução na área plantada, devido aos baixos preços do cereal e à frustração com a produtividade da última safra.

Situações nas regiões do estado

• Região de Caxias do Sul: aproximadamente 50% da área prevista foi semeada, concentrada nos municípios de menor altitude da Serra. Nos Campos de Cima da Serra, onde 90% das lavouras estão localizadas, a semeadura começará em julho.

• Região de Erechim: cerca de 20% da área foi plantada, com as lavouras em fase de germinação e emergência.

• Região de Frederico Westphalen: a semeadura avançou significativamente, com cerca de 50% da área plantada até 15 de junho. A umidade do solo permanece adequada para a continuidade do plantio.

• Região de Ijuí: a área semeada aproxima-se de 70%. Chuvas intensas entre 15 e 16 de junho causaram erosão hídrica, mas as sementes implantadas não foram deterioradas.

• Região de Santa Maria: metade da área prevista está semeada, com uma tendência de diminuição do cultivo de trigo, substituído por outras culturas de inverno, como a canola.

• Região de Santa Rosa: aproximadamente 75% da área foi plantada. Relatos de baixa disponibilidade de sementes e problemas de germinação das sementes armazenadas da safra anterior foram registrados.

• Região de Soledade: estima-se que 50% da área foi semeada, com condições do solo adequadas e encaminhamento de propostas de custeio junto às agências bancárias.

Culturas de verão

Soja - a colheita está tecnicamente concluída. Somente nas regiões Sul e Campanha, os produtores ainda exploram lavouras tardias, na tentativa de obter grãos em condições comerciais. Nas áreas de pós-colheita, há presença de plantas espontâneas de soja com alta incidência de doenças. Em lavouras onde será semeada a cultura do trigo, as plantas remanescentes estão sendo eliminadas.

Os produtores de soja gaúchos deram continuidade ao planejamento da próxima safra, realizando operações de correção dos danos causados pelas chuvas. A área cultivada no Estado está estimada em 6.681.716 hectares, e a média estadual de produtividade em 2.923 kg/ha.

Milho - as condições de tempo seco nos últimos períodos favoreceram o avanço da colheita, concluída na maior parte do Estado. Restam lavouras comerciais de safrinha na Região dos Vales, bem como nas regiões Sul, Campanha e Serra, em áreas de minifúndio, onde os produtores costumam deixar o grão a campo para colher quando houver disponibilidade de tempo ou necessidade de autoconsumo. As lavouras em colheita apresentam baixa qualidade de grãos, devido à prolongada exposição a chuvas e à umidade persistente.

Nas regiões onde foi concluída a colheita do milho, os produtores estão encaminhando os projetos de pré-custeios para a safra 2024/2025. Também efetuam o plantio de misturas de diferentes plantas de cobertura nas áreas que receberão nova safra de milho, a partir de agosto de 2024. Antes das chuvas torrenciais e das enchentes, a produtividade estadual estava estimada em 6.401 kg/ha. Posteriormente a estimativa foi reduzida para 5.966 kg/ha.

Feijão 2ª safra - a colheita foi finalizada. Nas lavouras colhidas após as chuvas recorrentes em maio, a qualidade e a produtividade foram afetadas. Muitas lavouras foram abandonadas, e as colhidas apresentam grãos de baixo valor comercial.  A área cultivada em 2ª safra está estimada em 19.900 hectares. A produtividade, inicialmente estimada em 1.568 kg/ha, deverá situar-se pouco acima de 1.000 kg/ha, após o prolongado período de chuvas.

Arroz - a colheita foi finalizada. A área estimada de cultivo de arroz irrigado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) é de 900.203 hectares. A produtividade, considerando a área de plantio, está em 7.956,73 kg/ha, resultando em produção total de 7,16 milhões de toneladas na safra de 2024.

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