Chuvas favorecem o cultivo do trigo no Rio Grande do Sul

A fase predominante das lavouras é o desenvolvimento vegetativo, com 98%; enquanto 2% estão em florescimento

08.08.2024 | 16:01 (UTC -3)
Adriane Bertoglio Rodrigues
Foto: José Schafer
Foto: José Schafer

As chuvas ocorridas nos últimos períodos foram consideradas altamente benéficas para o cultivo de trigo no Rio Grande do Sul, cujo plantio em 1.312.488 hectares está finalizado. Em geral, a umidade no solo se normalizou, pois o período é de menor evapotranspiração. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (08/08) pela Emater/RS, o aumento da umidade permitiu o manejo adequado da adubação nitrogenada em cobertura, proporcionando a recuperação do porte das plantas e o aumento da área foliar e favorecendo a emissão de perfilhos. A fase predominante das lavouras é o desenvolvimento vegetativo, com 98%, enquanto 2% estão em florescimento, e a produtividade prevista esta safra é de 3.100 kg de trigo por hectare.

As condições ambientais – dias de sol após período de chuvas – também permitiram a conclusão do plantio dentro do prazo indicado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), que se estendeu até 31/07. A sanidade das lavouras permanece satisfatória. A maior parte está livre de doenças foliares, com exceção de algumas áreas mais úmidas, semeadas no início do período, ou onde o aumento da área foliar e a presença recente de umidade favoreceram a infestação. Em relação às plantas invasoras, os produtores estão realizando o controle conforme necessário, especialmente em azevém.

Na região administrativa da Emater/RS de Ijuí, a cultura do trigo apresenta desenvolvimento satisfatório, e as plantas estão emitindo um maior número de folhas e ocupando melhor os espaços. A emissão de perfilhos está dentro da normalidade, com folhas novas de coloração verde-escura e mais vigorosas. Os produtores estão finalizando a aplicação de herbicidas e realizando a adubação nitrogenada em cobertura nas áreas em estádio de perfilhamento. Há presença de doenças, como oídio e ferrugem, nas áreas semeadas no início do período de zoneamento. Até o momento, o potencial produtivo é considerado adequado.

Aveia branca - a cultura segue beneficiada pelas condições ambientais desde meados de julho, quando as chuvas intercaladas por grande radiação solar permitiram a recuperação do desenvolvimento vegetativo das lavouras. Observou-se uma melhora visual na coloração das folhas, no tamanho das folhas novas e no engrossamento das hastes. Parte das lavouras de aveia branca implantadas mais tardiamente recebeu fertilização nitrogenada durante o período. De modo geral, o estado fitossanitário é satisfatório. A Emater/RS estima área cultivada de 365.590 hectares, e a produtividade está projetada em 2.402 kg/ha.

Canola - a recorrência de dias ensolarados intercalados com precipitações favoreceu o desenvolvimento das lavouras e a recuperação de áreas que apresentavam desenvolvimento aquém do esperado.  As lavouras de canola mais precoces, semeadas em abril e maio, apresentam menor densidade de plantas e potencial produtivo abaixo da projeção inicial, devido às chuvas inoportunas durante a germinação. Já as lavouras semeadas a partir de junho exibem uma população de plantas adequada, alto vigor, boa sanidade e desenvolvimento geral satisfatório, além de expectativa de boa produtividade. A Emater/RS projeta 134.975 hectares cultivados com canola, e produtividade de 1.679 kg/ha.

Na região administrativa da Emater/RS de Santa Rosa, 50% dos 52.509 hectares cultivados com canola estão na fase de desenvolvimento vegetativo; 37% em floração; 11% em enchimento de grãos; e 1% na fase de maturação. As lavouras mais tardias estão começando o alongamento da raquis floral, indicando intenso acúmulo de biomassa aérea. Nas lavouras de implantação mais precoce, já é observado o enchimento das síliquas, especialmente aquelas localizadas na base da raquis.

Cevada - na região onde se concentra a produção do cereal, ao Norte do Estado, as chuvas leves, ocorridas em 04/08, favoreceram as atividades de manejo, especialmente a adubação nitrogenada em cobertura. A projeção de cultivo é de 34.429 hectares, e a produtividade de 3.245 kg/ha. Atualmente, na região de Erechim, a cultura encontra-se predominantemente na fase de desenvolvimento vegetativo, e 5% da área cultivada, semeada no mês de maio, está em floração. Em Sertão, onde são cultivados aproximados 4 mil hectares com cevada, as lavouras apresentam bom desenvolvimento e mantêm a expectativa de produtividade inicial de 3.600 kg/ha.

Olerícolas

Na região administrativa da Emater/RS de Bagé, em Dom Pedrito, o clima adverso dos meses anteriores ainda reflete em baixa oferta de olerícolas, e há necessidade de aquisições de produtos, tanto de municípios vizinhos quanto da Ceasa. Na de Ijuí, o período foi muito favorável para o desenvolvimento das olerícolas e para as atividades de preparo de novas áreas se plantio. O clima mais quente e a alta luminosidade aceleraram o crescimento das plantas, que emitiram folhas novas e bem expandidas. Destaca-se o desenvolvimento das brássicas, como repolho, couve-flor e brócolis, que apresentam plantas maiores e com excelente qualidade. Os produtores intensificam a colheita de mandioca e de batata-doce.

Na de Erechim, o retorno da luminosidade beneficiou o desenvolvimento das culturas, que está se normalizando, principalmente das folhosas cultivadas em sistemas protegidos. Os produtores realizam transplante e a colheita de folhosas, como alface, rúcula e almeirão. Brócolis está em colheita e apresenta boa aparência e tamanho. É realizado o preparo do solo e a definição das variedades para iniciar os cultivos de tomate, feijão-de-vagem, pepino, entre outros. As mudas de tomate, pimentão e pepino também estão sendo preparadas. A comercialização dos produtos ocorre não somente em feira do produtor, mas também para mercados locais, restaurantes e diretamente aos consumidores.

Pastagens - os plantios refeitos após as chuvas intensas de maio apresentaram boa emergência e estabelecimento inicial. As forrageiras emitiram mais perfilhos, e a rebrota foi mais rápida, reduzindo o tempo de retorno dos animais aos pastos. Em alguns locais, os produtores já estão preparando áreas para a semeadura das forrageiras anuais de verão. As pastagens nativas continuam com baixa capacidade de suporte, influenciadas pelo clima adverso e altas lotações. Apesar de boa radiação solar e temperaturas elevadas atípicas para o inverno, observa-se rebrote limitado devido à falta de umidade, às geadas que queimaram as plantas, ou ao pastejo intenso.

Meliponicultura  - na região administrativa da Emater/RS de Santa Rosa, as temperaturas elevadas beneficiaram a movimentação das abelhas sem ferrão, que saíram em busca de recursos para as colmeias, especialmente nas floradas de pitangueira, amoreira, pata-de-vaca, entre outras espécies, que, devido ao frio alternado com períodos de calor, anteciparam o florescimento. Foi realizada a alimentação artificial de algumas espécies, para não comprometer a sobrevivência. A demanda por mel de abelhas sem ferrão (ASF) continua alta, sendo comercializado na região com preços variando de R$ 80,00 a R$ 100,00 por kg.

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