​Cesta de defensivos pós-patente custa em média 25% menos que a de especialidades

O uso maciço de defensivos genéricos já é uma realidade nas lavouras brasileiras

19.09.2016 | 20:59 (UTC -3)
Flávia Romanelli

O agricultor, principalmente o produtor de commodities – soja, milho, algodão, trigo, açúcar, etanol, café, suco de laranja, entre outros – não tem o poder de definir o preço de seus produtos, que dependem de fatores externos como bolsas e mercado internacional. Sendo assim, uma das formas para garantir maior rentabilidade é reduzindo os custos optando por agroquímicos pós-patentes (genéricos), que chegam a ter um custo até 25% menor, em média, que os de especialidades.

O uso maciço de defensivos genéricos já é uma realidade nas lavouras brasileiras. Segundo dados do Sindiveg (Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos para Defesa Vegetal), em 2015, cerca de 75% dos defensivos importados pelo País eram genéricos. Há poucos anos esse total ficava abaixo da metade. “Com a evolução das indústrias de agroquímicos pós-patentes, o agricultor começou a ver que os produtos eram eficientes e muito mais baratos e essa realidade fica cada vez mais evidente no dia a dia das fazendas”, explica o presidente da Albaugh Brasil, Renato Seraphim.

Segundo cálculos da equipe de inteligência de mercado da Albaugh Brasil, considerando-se os preços de mercado dos principais agroquímicos utilizados no Brasil para a cultura da soja, a economia com o uso de defensivos genéricos beira os 25%. Para a estimativa, foi utilizada uma cesta de agroquímicos que contempla duas aplicações contra percevejos, duas contra mosca branca, uma para lagarta, três para fungicidas, uma de tratamento de sementes, quatro de herbicidas não seletivos e uma de seletivo. “Em alguns casos como nos dos inseticidas para lagartas e mosca branca, a economia chega a 50% com o uso de produtos pós-patentes”, diz o diretor de marketing da Albaugh Brasil, Leandro Ponchio.

Ponchio ressalta que mesmo no caso de alguns produtos de especialidades gerarem uma produtividade maior, o agricultor ainda vai economizar utilizando os genéricos. “Levando-se em consideração que as especialidades promovam 55 sacas de soja/ha e os produtos pós-patentes, 45 sc/ha, a economia nos custos com defensivos ainda seria de 20%. Além disso, num cenário de restrição de crédito, a redução dos custos expõe o produtor a menos riscos, uma vez que ele depende do clima, que não é previsível, para produzir.”

Custos de produção

Toda iniciativa para reduzir os gastos com a lavoura é bem-vinda para garantir resultados financeiros para o agricultor. Isso porque os custos de algumas culturas seguem em alta safra após safra, comprometendo a rentabilidade das propriedades rurais.

Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), divulgados em setembro deste ano, o Custo Operacional Efetivo (COE) da soja transgênica nas regiões do Cerrado e do Sul do País aumentou no primeiro semestre de 2016 frente ao mesmo período de 2015. Para esse resultado, foi considerada a compra de insumos das safras 2015/16 e 2016/17 nos seis primeiros meses dos respectivos anos.

Fungicidas e inseticidas foram muito representativos no COE nesse período. No entanto, em algumas regiões, os gastos com herbicidas superaram os com inseticidas. Em Sorriso (MT), houve o maior aumento de custo entre as regiões pesquisadas do Cerrado, de 11,69% - saindo de R$ 2.301,40/hectare em 2015 para R$ 2.570,54/ha em 2016.

Analisando-se a região Sul, Carazinho (RS) obteve aumento de 12,5% no custo, indo de R$ 2.048,66/ha nos primeiros seis meses de 2015 para R$ 2.305,36/ha no mesmo período de 2016. Os principais participantes nos gastos foram fertilizantes e fungicidas, sendo este último devido à pressão da ferrugem.

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