Exportações de carne bovina para a Rússia caíram 24% entre 2008 e 2009
Após dois anos de resultados muito positivos – crescimento de 7,89% em 2007 e de 6,95% em 2008 -, o PIB do Agronegócio calculado pelo Cepea/Esalq-USP, com apoio financeiro da CNA, dá sinais de desempenho pífio do setor em 2009.
O primeiro trimestre fecha com retração de 0,53%, resultado do recuo da agricultura e do modesto avanço da pecuária, explicam os pesquisadores do Cepea. O segmento de insumos segue revertendo a forte expansão do ano passado e acumula queda de 1,16%. As atividades dentro da porteira do agronegócio completam o primeiro trimestre de 2009 com retração de 0,77%, pressionadas pela retração de 1,9% do segmento primário da agricultura, já que o da pecuária acumulou crescimento de 0,77% no período. A agroindústria quase não sai do lugar, com queda de 0,18% no período. Enfim, todos os elos da cadeia do agronegócio andam para trás.
No agronegócio da agricultura, a queda vai se agravando; levando a retração também dos insumos e da agroindústria. Até o momento, portanto, não é palpável o efeito das políticas de crédito adotadas pelo governo.
No agronegócio pecuário não se observa retração graças ao crescimento dos preços de bovinos e aves. A agroindústria deste setor, no entanto, se retrai à medida que a indústria de calçados marcha acelerada para trás – a agroindústria é o único segmento da pecuária que acumula queda.
Na análise de pesquisadores do Cepea, a economia brasileira, atingida pela crise, provavelmente não vai crescer, podendo na verdade recuar. O mercado externo, com crescimento não desprezível da China e de outros parceiros comerciais, parece começar a destravar, evidentemente dentro dos limites que um mercado financeiro desestruturado permitir. Grãos e carnes poderão experimentar melhorias moderadas ainda no decorrer deste ano, comentam os pesquisadores. A eles provavelmente poderá se juntar o setor sucroalcooleiro. "Ao fim e ao cabo, quando a crise amenizar, o cenário do agronegócio poderá não mostrar grandes mudanças; mais do mesmo é o que se pode ver por enquanto", avalia o professor Geraldo Sant'Ana de Camargo Barros, coordenador do Cepea e responsável pelo PIB do Agronegócio Cepea-USP/CNA.
O relatório completo elaborado pelos pesquisadores do Cepea responsáveis por este projeto, prof. Geraldo Barros e os pesquisadores Adriana Ferreira Silva e Arlei Luiz Fachinello, está disponível em:
No site do Cepea está disponível também arquivo em Excel com taxas mensais de crescimento de 2000 a 2008, bem como a participação do PIB Agro no PIB total do Brasil.
“Houve um ritmo maior de queda nas exportações totais, enquanto que no agronegócio esta queda ocorreu em menor proporção”, disse a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, ao justificar a maior participação do setor. Segundo ela, enquanto as vendas totais caíram 23% no acumulado de 2009, as exportações do agronegócio retraíram 11,5%. O complexo soja lidera a lista de produtos exportados, com um total embarcado de US$ 6,9 bilhões, 1% a mais em relação ao mesmo período do ano passado. Embora o preço médio praticado no mercado internacional até maio tenha caído 15,8% na comparação com 2008, o volume exportado compensou esta retração e apresentou expansão de 19,8%. “A elevação ocorreu em um cenário favorável, principalmente em função da redução dos estoques mundiais”, justificou a senadora.
A CNA ainda destacou que a balança comercial do agronegócio obteve saldo positivo de US$ 19, 737 bilhões de janeiro a maio deste ano, queda de 12,49% em relação ao mesmo período de 2008. As exportações totalizaram US$ 24,103 bilhões no acumulado do ano, enquanto as importações somaram US$ 4,366 bilhões. Apesar do decréscimo, justificado pela redução do preço médio dos produtos embarcados para o exterior, houve aumento da participação do agronegócio brasileiro nas vendas externas totais nos cinco primeiros meses de 2009 na comparação com 2008, de 37,8% para 43,4%.
Fontes: Comunicação Cepea (
) e CNA (
)
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