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As exportações de café do Brasil poderão recuar até 4 por cento em 2015, na comparação com o recorde registrado no ano passado, de 36,32 milhões de sacas de 60 kg, por conta da expectativa de uma safra e estoques menores, afirmou o diretor-geral da associação que representa os exportadores no país, líder global nesse mercado.
"Deve cair. Eu gostaria que a exportação fosse maior, mas tudo indica que vai ser de 3 a 4 por cento menor, o que é ''peanuts'' (quase nada)", disse Guilherme Braga, em entrevista à Reuters nesta quarta-feira.
Os números incluem o café verde, que responde por grande parte das exportações do Brasil, e os embarques do produto industrializado, que em geral soma pouco mais de 3 milhões de sacas.
Apesar da queda recente dos preços nos mercados internacionais, para uma mínima de 13 meses em Nova York, o Cecafé acredita em uma recuperação nas cotações, apostando que a receita obtida com as exportações do país subirá em 2015 entre 300 milhões e 400 milhões de dólares ante 2014, para algo próximo de 7 bilhões de dólares.
Isso em um cenário de safra menor no Brasil, maior produtor global, e de menores estoques de passagem da temporada anterior.
Braga e o presidente do Conselho Deliberativo do Cecafé, João Antônio Lian, evitaram fazer projeções sobre o tamanho exato da safra ou dos estoques, mas ressaltaram que serão menores, após problemas com uma seca histórica em 2014 e volumosas exportações no ano passado.
"O estoque de passagem não será grande coisa. Ano passado, foram de 15 milhões de sacas em 31 de março, Este ano, tende a ser menos", afirmou Braga.
As cooperativas de produtores detinham quase 6 milhões de sacas em 31 de março de 2014, segundo levantamento do governo.
BRASIL NÃO PRESSIONA NY
Já Lian, presidente do Cecafé, afirmou que o percentual dos estoques nas mãos dos exportadores crescerá no fim desta temporada na comparação com 2014.
"Tem muito café nas mãos dos exportadores e o produtor tem pouco", disse Lian, ressaltando que a situação é diferente do ano passado.
Para ele, essa conjuntura de volumosos estoques nas mãos de exportadores ajuda a explicar sua avaliação de que o Brasil não tem sido fator de queda das cotações no mercado futuro em Nova York, diferente do que têm dito operadores nos últimos dias.
O contrato maio do arábica fechou em queda de 2,4 por cento nesta quarta-feira na ICE Futures, muito próximo da mínima de 13 meses registrada no início do mês.
Segundo operadores, trata-se de um movimento de produtores do Brasil que buscam lucrar com as vendas em um momento de forte desvalorização do real. O dólar tem girado na máxima de quase 11 anos frente a moeda brasileira.
Na avaliação do presidente do Cecafé, no entanto, os negócios no mercado físico (entre produtores e empresas exportadoras) estão virtualmente paralisados, e não faz sentido dizer que exportadores estão fazendo operações de hedge na bolsa, por exemplo.
"O exportador que comprou o produto no físico, ele já fez hedge, por isso o Brasil não está exercendo pressão (em Nova York)... (Agora) não estou vendas do Brasil, até porque não tem coberturas no físico para essa vendas", declarou, observando que os novos negócios no país estão lentos.
Para Lian, a pressão na bolsa dos EUA tem sido exercida por vendas de fundos de investimentos.
"Acho que o exportador vai esperar a vontade do produtor de vender o café", acrescentou o presidente do Cecafé, também proprietário da exportadora Sumatra, com sede no interior de São Paulo.
De acordo com ele, a própria volatilidade gerada no mercado pelo câmbio faz com que os produtores, que estão bem capitalizados pela alta dos preços no ano passado, evitem realizar negócios no momento.
Ele disse ainda que os custos em alta do setor produtivo fazem com que o cafeicultor se sinta pouco estimulado a negociar quando vê preços fracos em Nova York, onde é negociado o café da variedade arábica, a mais cultivada no Brasil.
APÓS ABRIL
Na avaliação de Braga, diretor-geral do Cecafé, se as fracas vendas no mercado físico se estenderem após abril, quando a colheita no país já estará no início em algumas áreas, especialmente de cultivos de café do tipo robusta, aí sim as exportações brasileiras poderão sofrer algum impacto.
Até abril, os embarques brasileiros deverão seguir em um "bom ritmo", disse Braga, uma vez que essas exportações já estão contratadas.
De qualquer forma, é possível que na safra, diante da necessidade de recursos para a colheita, os produtores brasileiros sintam maior necessidade de comercializar o produto, o que garantiria a oferta na exportação dos próximos meses, ainda que o Cecafé projete que os embarques em 2015 ficarão abaixo de 2014, mas ainda em patamares historicamente elevados.
Lian afirmou, evitando dar números para a safra, que chuvas abaixo do normal especialmente nas áreas de café robusta do Espírito Santo, deverão resultar em uma safra menor desta variedade em 2015, ante uma produção histórica em 2014.
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