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A colheita da soja avança de forma significativa no Rio Grande do Sul e atinge 35% da área cultivada
Centenas de especialistas, cientistas, gestores de recursos naturais e acadêmicos de variadas regiões geográficas do mundo participaram este mês de dois grandes eventos internacionais sobre solos: o Painel Técnico Intergovernamental de Solos - ITPS, de 20 a 24 de março, e o encontro científico denominado Simpósio Global sobre Carbono Orgânico do Solo, de 21 a 23 de março, ambos sob a égide da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
A principal função do ITPS é proporcionar assessoramento científico e técnico à Aliança frente aos principais problemas de solos no mundo e ainda, para atender a solicitações específicas por parte de instituições globais e regionais. O ITPS foi estabelecido durante a primeira Assembleia Plenária da Aliança Mundial pelo Solo, realizada na sede da FAO, em Roma, em 2013.
O evento teve o objetivo revisar o papel dos solos e do carbono orgânico dos solos para dar suporte ao próximo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas - IPCC e a outros painéis intergovernamentais, bem como aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs). Para tal, discutiu alternativas para a preservação do carbono orgânico do solo e recarbonização de solos degradados.
O simpósio reuniu, pela primeira vez, a FAO, por meio da Aliança Mundial dos Solos, o ITPS, o IPCC, Interface para a Política da Ciência das Nações Unidas para o Combate à Desertificação - UNCCD-SPI e a Organização Meteorológica Mundial – OMM. Na ocasião, a Rede Internacional de Solos Pretos (Black Soil) foi lançada para apoiar e colaborar na manutenção de estoques de carbono orgânico dos solos produtivos do mundo.
A chefe-geral da Embrapa Cocais, Maria de Lourdes Mendonça Santos Brefin, expert em solos, é a representante, em seu segundo mandato, do Brasil e América Latina e Caribe no ITPS, desde 2013. O ITPS é o corpo técnico da Aliança Mundial de Solo - AMS (Global Soil Partnership – GSP) da FAO constituído por 27 especialistas de solos do mundo em busca da gestão sustentável do solo nas diversas agendas de desenvolvimento sustentável.
Segundo a pesquisadora, os solos nunca estiveram tão presentes em discussões conjuntas dos grandes painéis intergovernamentais do mundo, como o IPCC. Mas, graças aos trabalhos do Acordo de Paris, mais abrangente tratado intergovernamental sobre mudança climática criado até agora e do qual o Brasil é signatário, foi de comum acordo que o carbono orgânico do solo é o principal fator para mitigação das mudanças climáticas.
“A conscientização de que o manejo sustentável do solo é a chave para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas foi um processo que se iniciou com as pesquisas científicas e se fortaleceu com criação, desde 2012, da Aliança Mundial pelo Solo - AMS, cujas ações foram acolhidas pela comunidade internacional e que devem ser continuamente cultivadas para que se alcancem os objetivos propostos", destaca.
Maria de Lourdes lembra, com base no relatório da FAO apresentado no Simpósio, que os solos constituem a maior reserva de carbono terrestre, desempenhando papel crucial no balanço global de carbono e regulando os processos bioquímicos dinâmicos e o intercâmbio de gases de efeito estufa (GEE) com a atmosfera. Quando manejados de forma sustentável, desempenham papel fundamental na adaptação e mitigação das mudanças climáticas e na produção de serviços ecossistêmicos, armazenando carbono (sequestro de carbono) e diminuindo as emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera. Além disso, os solos com alto teor de carbono orgânico são mais férteis e produtivos e atuam na purificação da água e são fonte de biodiversidade.
Por outro lado, continua a pesquisadora, quando o solo é mal manejado ou degradado (situação que atinge um terço dos solos no mundo!), o carbono sequestrado e outros gases de efeito estufa resultantes da degradação são reliberados de volta para a atmosfera. Além disso, na presença de alterações climáticas e perda de biodiversidade, os solos tornaram-se um dos recursos mais vulneráveis do mundo. Isso significa que o reservatório de carbono do solo da Terra poderia liberar quantidades maciças de gases de efeito estufa para a atmosfera, ou sequestrar mais deles, dependendo do manejo que se dá a eles, vis-à-vis suas características intrínsecas.
Os três temas principais do Simpósio foram: medição, mapeamento, monitoramento e relatórios sobre carbono orgânico dos solos; manutenção e / ou aumento das reservas de carbono orgânico dos solos (fomentar o sequestro) para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas e neutralidade da degradação do solo; e, o foco especial, a gestão de carbono orgânico dos solos em solos com alto carbono orgânico - turfeiras, permafrost e solos pretos.
Mais documentos disponíveis – Segundo alerta a publicação Carbono Orgânico do Solo: O Potencial Oculto, danos aos estoques de carbono do solo pelo mau manejo do solo dificultará os esforços para limitar o aumento da temperatura global e evitar o aumento das inundações, secas e outros impactos das mudanças climáticas.
Para ajudar a abordar barreiras técnicas e institucionais e fornecer informações importantes sobre como reverter as tendências negativas das perdas orgânicas do solo, sugere-se leitura sobre As Diretrizes Voluntárias da FAO para o Manejo Sustentável de Solos recentemente endossadas.
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