Café: entenda as possíveis consequências do La Niña sobre o mercado internacional

No Brasil, a atenção se volta para a safra 25/26, uma vez que o La Niña pode trazer estresse hídrico semelhante ao da safra 21/22 em setembro

13.05.2024 | 14:53 (UTC -3)
Luciana Minami

A Hedgepoint Global Markets aborda, em relatório, as consequências do fenômeno La Ninã sobre o mercado de café. Esta semana, o CPC (Centro de Previsão Climática dos EUA) divulgou a atualização sobre a direção do status ENSO para os próximos meses. Segundo a agência, deverá ocorrer um breve período de transição do atual El Niño para um La Niña ativo no próximo mês; espera-se que o último se forme no trimestre de junho a agosto.

De acordo com Natália Gandolphi, analista de Café da Hedgepoint, para o mercado cafeeiro, isso muda um pouco o panorama, em comparação com as expectativas anteriores. Isto se deve ao fato de que se esperava que o La Niña ficasse ativo mais cedo – o que, por exemplo, eliminaria parte da pressão climática para o desenvolvimento da safra 24/25 no Vietnã, que atualmente sofre os impactos do El Niño.

Embora os preços tenham corrigido com previsões que sugerem que as regiões produtoras de café no Vietnã começariam a registar níveis médios de precipitação até a terceira semana de Maio – e, de fato, algumas chuvas ocorreram no Planalto Central – os níveis cumulativos permanecem substancialmente abaixo da média.

“Além disso, o momento muda o foco também para a safra brasileira, uma vez que o fenômeno deverá ficar ativo no início da florada para o desenvolvimento da safra 25/26”, diz a analista.

A transição entre os dois status ENSO deve demorar mais do que o inicialmente esperado. Com isso, o foco se volta para o 3° tri: em setembro, o fenômeno pode gerar stress hídrico no Brasil, a exemplo do impacto na safra 21/22 – as anomalias de precipitação e temperatura estão destacadas nos mapas da Figura 3, indicando o clima que pode ficar mais quente e seco.

Também vale atenção para América Central, uma vez que o La Niña pode intensificar a temporada de furacões na região, e também para a Colômbia, com temperaturas mais altas em algumas das áreas produtoras de café. Com a manutenção do fenômeno até o final do ano, em outubro, as preocupações diminuem no Brasil, mas se mantêm para a América Central. Na Colômbia, regiões pontuais podem registrar redução do volume de chuvas – atenção especial para a safra principal”, destaca.

“Neste cenário, a transição mais tardia entre fenômenos acaba trazendo mais preocupações para o Vietnã no curto prazo, enquanto o destaque para o Brasil deve acontecer no médio prazo, focando na safra 25/26”, conclui.

Em resumo

O Centro de Previsão Climática dos EUA prevê uma transição de El Niño para La Niña no próximo mês. Uma transição tardia significa que El Niño ainda terá mais influência sobre o desenvolvimento da safra 24/25 do Vietnã.

Apesar de algumas chuvas no Planalto Central, a precipitação geral permanece abaixo da média. A atenção também se volta para a safra 25/26 do Brasil, já que La Niña pode causar estresse hídrico semelhante ao ocorrido na safra 21/22, em setembro. América Central e Colômbia podem experimentar temporadas de furacões mais intensas e temperaturas mais altas, respectivamente.

Embora as preocupações diminuam no Brasil em outubro, elas persistem na América Central. Esse atraso na transição apresenta preocupações a curto prazo para o Vietnã e atenção a médio prazo para a safra 25/26 do Brasil.

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