Brasil ultrapassa Estados Unidos em exportações de algodão no ciclo 2023-24

A meta era prevista para ser alcançada apenas em 2030, mas foi batida antes mesmo do encerramento do ano comercial

01.07.2024 | 13:51 (UTC -3)
A meta era prevista para ser alcançada apenas em 2030, mas foi batida antes mesmo do encerramento do ano comercial
Foto: divulgação
Foto: divulgação

O Brasil é oficialmente e, pela primeira vez, o maior exportador mundial de algodão, superando os Estados Unidos. A meta, que era prevista para ser alcançada apenas em 2030, foi batida antes mesmo do encerramento do ano comercial de 2023/2024. A notícia foi celebrada durante a 75ª reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e seus Derivados, do Ministério da Agricultura (Mapa), realizada durante o XXI Anea Cotton Dinner, conferência promovida pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), em Comandatuba, na Bahia. 

Apesar do momento positivo e histórico, as entidades presentes no encontro destacaram que o posto não necessariamente se manterá no próximo ciclo, quando o Brasil e os Estados Unidos devem seguir emparelhados ou se alternando no topo do ranking. 

Outras marcas importantes para a produção de algodão no Brasil também foram anunciadas no evento. Segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), na safra em curso, o Brasil deve colher em torno de 3,7 milhões de toneladas de algodão beneficiado (pluma) e as exportações alcançarão cerca de 2,6 milhões de toneladas. A colheita começa a acelerar no país, e as entidades estimam que a qualidade seja superior à alcançada na safra 2022/2023. Cerca de 60% da produção já foi comercializada.

“A liderança no fornecimento mundial da pluma é um marco histórico, mas não é uma meta em si, e não era prevista para tão cedo. Antes disso, trabalhamos continuamente para aperfeiçoar nossos processos, incrementando cada dia mais a nossa qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade, e, consequentemente, a eficiência”, explica o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel.

Embora cauteloso na comemoração do feito global, Schenkel destaca que é importante lembrar que, há pouco mais de duas décadas, o país era o segundo maior importador mundial. “Essa guinada de deve a muito trabalho e investimento na reconfiguração total da atividade, com pesquisa, desenvolvimento científico, profissionalismo e união. É um marco que nos enche de orgulho como produtores e como cidadãos”, afirma.

De acordo com o presidente da Anea, Miguel Faus, é difícil garantir que no próximo ano o país permanecerá na liderança no suprimento da pluma para a indústria mundial. “Isso vai depender da safra americana, que conforme anunciado hoje, está aumentando, e tende a ser maior do que a do ano passado, e as exportações pelos dois países estarão próximas em volume. A importância deste pódio é que ele reflete o trabalho de muitos anos, de todo o setor: produtores, exportadores, e cadeia logística. A meta veio antes do tempo, e a quebra da safra americana teve um impacto nesse resultado”, pondera Faus.

Indústria

O aumento da produção de algodão no Brasil traz desafios, também, para a indústria têxtil nacional, cujo consumo, nos últimos anos, está estacionado em torno de 700 a 750 mil toneladas de pluma. Presente à reunião, o presidente da diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, afirma que a entidade e a Abrapa discutem caminhos para aumentar a produção de fios e tecidos no país, para um milhão de toneladas ao ano.

“É preciso fazer acontecer. E uma das primeiras condições é estimular o consumo no ponto de venda. A nossa indústria tem sofrido ataques recorrentes das importações de países que nem sempre concorrem lealmente conosco. São origens que têm custos mais baixos, menos impostos e juros mais competitivos. Não é uma agenda simples, mas acredito que podemos trabalhar com ênfase na sustentabilidade, no respeito ao meio ambiente, em energia limpa e em certificação”, diz Pimentel. Ele acrescenta que esta não é uma jornada instantânea. “Vai exigir muita dedicação, estratégia e uma boa execução”, conclui.

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