​Brasil tem muito que avançar - e investir - no trigo

O País é um dos maiores importadores do grão, mesmo com capacidade interna para suprir a demanda

19.06.2017 | 20:59 (UTC -3)
Danielle Castro Garcia

Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento do Paraná, o estado deve plantar 992 mil hectares do grão nesta safra, área 10% menor do que a plantada na safra passada. A média de redução deve se manter a mesma para outras áreas produtora do país. Informações da Conab e da Emater apontam que no Rio Grande Sul a área semeada também deverá ser menor que em 2016, ficando em torno de 700 mil hectares, com redução similar ao Paraná.

O baixo interesse dos produtores pelo grão não significa um mercado interno pouco aquecido, pelo contrário. O Brasil segue como um dos maiores importadores do grão, tendo importando, entre agosto de 2016 e março de 2017, 5,16 milhões de toneladas, mesmo com o registro de altos níveis de produtividade e volumes registrados no ano.

O consumo de farinha de trigo, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), cresceu 6,2% em 2016, atingindo um total de 8,688 milhões de toneladas. A produção nacional de farinha contribuiu com 8,225 milhões de toneladas em 2016 e a importação por 403 mil toneladas. Ou seja, o Brasil importou tanto o trigo em grão, quanto seus produtos beneficiados.


Oportunidade

Segundo o gerente de pesquisa de Trigo da Coodetec, Francisco de Assis Franco, o descompasso entre demanda e produção resulta de fatores variados. O país importa trigo, principalmente da Argentina, que é favorecida pelos acordos bilaterais do Mercosul, mas dessa forma, quem acaba pagando mais caro no pão, por exemplo, é o consumidor final brasileiro.

“Já a desmotivação do produtor neste ano se deve ao valor pouco atrativo e a dificuldade de comercialização que o grão apresenta nesses meses anteriores ao plantio e que, em alguns momentos de condições climáticas desfavoráveis, podem não cobrir os custos de produção”. Outro ponto destacado por Franco é que os investimentos em pesquisa para atender a demanda da indústria moageira interna, de acordo com a necessidade de produção e qualidade industrial, estão diretamente ligados a adesão dos produtores.

No entanto, ele defende que o país tem alto potencial de crescimento na cultura e apresenta plenas condições de atender a demanda interna. No sul do país, o trigo nacional é importante para garantir a sustentabilidade do plantio direto, atender o mercado interno em expansão e ainda colaborar para a diluição dos custos fixos de produção das culturas de verão. “Se o Brasil tiver uma política governamental favorável para a cultura, programas de melhoramento investindo em mais – e melhores – cultivares e um diálogo próximo entre produtores e a indústria, essa conta poderá fechar e render resultados surpreendentes para o País, estimulando o incremento de área também no Brasil Central”, pontua o gerente de pesquisa de trigo da Coodetec.

Nessa linha, o melhor caminho está em unir as diferentes áreas que fazem parte da cadeia produtiva do trigo. É justamente neste intuito, que se realiza de 25 a 27 de julho a XI Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale e o Fórum Nacional de Trigo 2017, na sede da Coodetec, em Cascavel/PR. “É importante que toda a cadeia produtiva esteja unida para que as decisões sejam tomadas em conjunto”, conclui Franco, que é também presidente da Reunião de Trigo 2017.

Esse evento é promovidos anualmente pela Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, com objetivo de estabelecer estratégias de cultivo para o trigo e triticale em todo o Brasil. A entidade é formada por instituições de pesquisa e de apoio comprometidas com a produção de ações de pesquisa, difusão de tecnologia e desenvolvimento da cadeia de trigo e triticale. Os interessados podem se inscrever antecipadamente no site do evento www.reuniaodetrigo2017.com.br e garantir valores com desconto especial.

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