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A tese de mestrado de Fernanda Ribeiro de Andrade Oliveira defendida em dezembro de 2008 sob a orientação do pesquisador Pedro Valarini, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) no Curso de Agroecologia e Desenvolvimento Rural na Universidade Federal de São Carlos - UFSCar (Campus Araras, SP) em parceria com a Embrapa Meio Ambiente, comprovou que a avaliação da qualidade do solo permite aos produtores direcionar técnicas agrícolas para melhorias constantes, além de estabelecer e manter produtividades adequadas ao equilíbrio de um sistema auto-sustentável.
O trabalho avaliou o impacto ambiental das atividades rurais através do sistema APOIA-NovoRural - Avaliação Ponderada de Impacto Ambiental de Atividades do Novo Rural, desenvolvido pelos pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente Geraldo Stachetti Rodrigues e Clayton Campanhola em 2003, além da influência de diferentes sistemas de produção de cana-de-açúcar na qualidade do solo, através de atributos físicos, químicos e bioquímicos.
Fernanda explica que selecionou seis propriedades de cultivo de cana-de-açúcar para produção de cachaça em Piracicaba, Socorro, Jaguariúna, Holambra e Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo. Em cada propriedade estudou-se dois tratamentos: solo cultivado com cana-de-açúcar sob sistema orgânico ou convencional e solo sob mata nativa, tomado como referência.
“O APOIA-NovoRural indicou desempenho ambiental 17% superior no sistema orgânico em relação ao convencional, destacando-se as características da ecologia da paisagem (relação do estabelecimento rural com o meio ambiente natural e os possíveis efeitos da atividade rural sobre o estado de conservação dos habitats) e gestão e administração das propriedades (relação do estabelecimento com os mercados externos)”.
Os resultados da pesquisa mostraram também que a maioria dos atributos indicou que o manejo realizado nas áreas sob cultivo orgânico contribuiu para a manutenção da qualidade do solo. Entre eles, os parâmetros estabilidade de agregados (Ea), matéria orgânica (MO), desidrogenase (Des), polissacarídeo (Poli) e biomassa microbiana (Bm) destacam-se como sensíveis para indicar modificações no ecossistema.
“Os valores isolados não servem como indicadores precisos e confiáveis das condições do solo, no entanto, quando avaliados em conjunto, via Análise de Componentes Principais (ACP), mostram-se sensíveis para captar as alterações ocorridas no ambiente devido às diferentes formas de uso do solo. Assim, os atributos selecionados podem fornecer subsídios para o planejamento do uso correto da terra", diz a aluna.
Para Pedro Valarini, orientador do trabalho, esse melhor desempenho do manejo orgânico em relação ao convencional, tanto na qualidade dos solos, como no manejo das propriedades como um todo, é justificado pelas práticas adotadas na propriedade - a melhor conservação dos recursos naturais, ou seja a proteção das fontes de água, utilização de práticas conservacionistas do solo com adubos verdes nas entresafras, cultivo mínimo do solo, manutenção da cobertura do solo, plantio em curvas de nível, aproveitamento das plantas voluntárias como cobertura e incremento da biodiversidade do solo e da propriedade com a manutenção das matas como Reserva Legal, das áreas de proteção permanentes - APPs (morros e encostas, fontes de água), barreiras com cerca viva e cultivos consorciados.
Cristina Tordin
Embrapa Meio Ambiente
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