Artigo: Uma história de dedicação, trabalho e realizações

16.12.2009 | 21:59 (UTC -3)

Há momentos da história em que pessoas, situações e fatos parecem mover-se sob a ação de uma força invisível que encaminha os acontecimentos na direção de construções que vêm para ficar e para fazer a diferença. Um desses momentos uniu grandes nomes da pesquisa e da gestão como o professor Sérgio Mascarenhas, o físico Sílvio Crestana, os engenheiros Paulo Estevão Cruvinel e Paulo Henrique Valim e o economista Eliseu Roberto de Andrade Alves.

Primeiramente, na Fundação Educacional de Barretos, sob a coordenação de Crestana e orientação do prof. Mascarenhas, nos idos de 1982, nascia um projeto de aplicação da Física e outras áreas do conhecimento no estudo das interações água-planta-solo-ar. Era a ação embrionária que se desenrolaria e levaria esses cinco atores a criar uma nova unidade de pesquisa da Embrapa. Essa visão de futuro, que somente cientistas e gestores de elevada estatura possuem, levou à fundação, em 1984, da Unidade de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentação Agropecuária – UAPDIA, que depois passou a Núcleo de Pesquisa para finalmente, em 1993, transformar-se em Centro Nacional, com a atual assinatura síntese de Embrapa Instrumentação Agropecuária.

Eliseu Alves teve papel fundamental nessa criação, como presidente da Embrapa à época, ao apoiar uma unidade com características totalmente diversas do restante da Empresa, sem agrônomos e sem veterinários, mas sim com físicos, engenheiros eletrônicos, um engenheiro mecânico e um químico. O presidente acreditou que o futuro reservaria espaço somente para quem se capacitasse tecnologicamente no que existia de mais moderno e no que estaria por vir, buscando soluções em áreas antes não conectadas à agricultura, ou em áreas que ainda nem existiam. No seu princípio a Unidade foi abrigada fisicamente pela Embrapa Pecuária Sudeste, o mais antigo Centro de Pesquisa da Empresa em São Carlos.

Diversos outros profissionais participaram da consolidação dessa unidade, entre eles o físico Ladislau Martin Neto, que nos seus primórdios dividiu sua condução com o prof. Mascarenhas, para vir a ser, em anos posteriores, um dos chefes gerais do centro. O físico Clóvis Isberto Biscegli também acreditou na idéia e deixou a iniciativa privada para montar uma área de manutenção de equipamentos laboratoriais, que nas duas primeiras décadas da unidade foi uma das pernas do tripé que lhe deu apoio. As outras duas são o desenvolvimento de equipamentos e sensores. Também o advogado Elomir Perussi de Jesus juntou-se ao grupo inicial para coordenar o primeiro apoio administrativo da unidade nascente.

Hoje, com vinte e cinco anos de existência, num mundo que mescla competitividade com fatores ambientais, sociais e econômicos estressantes, esse centro desenvolve instrumentação para incrementar a produtividade, a qualidade e a conservação de alimentos, energia e fibras. Instrumentação, aqui, entendida no seu sentido mais amplo como o desenvolvimento de sistemas, equipamentos, metodologias, processos, sensores, medidores, controladores, atuadores, transmissores e processadores de sinal para atender demandas de mensuração, monitoramento e controle de variáveis da agricultura. Mas não pára aí, uma vez que o cenário também não se restringe a esses fatores. Procura, da mesma forma, dar sua contribuição para mitigar os impactos que as atividades agrícolas impõem ao ambiente, assim como contribuir para soluções de cunho social. Nesse bojo de demandas, desenvolveu-se e continua a desenvolver-se em linhas temáticas como agroenergia, agricultura familiar, agricultura de precisão, avaliação da qualidade de produtos, ciência do solo, detecção precoce de doenças em citrus, estudos do meio ambiente, nanotecnologia, pós-colheita e aproveitamento de resíduos agrícolas, entre outras.

Com um quadro atual de 72 empregados, dos quais 25 são pesquisadores, e agregando 180 outros colaboradores, entre alunos de graduação e pós-graduação e pós-doutores, o centro já registrou 59 patentes ou modelos de utilidade, 20 softwares, 9 marcas, um desenho industrial e disponibilizou 37 tecnologias, das quais 20 foram licenciadas e 6 estão em licenciamento.

No âmbito pessoal, cabe destacar o papel que alguns de nossos colegas alcançaram, tendo Silvio Crestana assumido a primeira coordenação do LABEX-EUA, de 1998 a 2001, e a presidência da Embrapa, de 2005 a 2009. O Labex é um laboratório virtual da Embrapa no exterior, cujo objetivo é o relacionamento entre a Embrapa e os sistemas de pesquisa agropecuária dos países em que está implantado. Temos, hoje, Labex nos EUA, Europa (França, Holanda e Inglaterra) e na Ásia (Coréia do Sul). Outro destaque foi o pesquisador Ladislau Martin Neto, que hoje coordena o LABEX-EUA.

A Embrapa Instrumentação Agropecuária atingiu um nível de competência reconhecido por seus pares e públicos nos âmbitos local, nacional e internacional. Mas tão dinâmica quanto o cenário no qual se insere deve ser sua incessante busca pela atualização de suas linhas de pesquisa, de sua infraestrutura e da constituição e capacitação de seu quadro de pessoal, bem como de sua forma de atuar. Já se mostrou capaz de gerar soluções, algumas das quais chegaram ao produtor e a outros pesquisadores. Mas não basta. Precisa focar no que deseja para si e para a sociedade nos próximos 25 anos. Qual impacto deseja produzir nas diversas cadeias produtivas, para que elas sejam mais eficientes, mais competitivas, menos suscetíveis a barreiras alfandegárias não tributárias, mais justas do ponto de vista social, menos impactantes ao meio ambiente? Que inserção pretende para seus resultados na sociedade?

Enfim, o primeiro desafio na sua criação foi lançado, enfrentado e vencido. A unidade ocupou seu espaço e tem o devido reconhecimento. Está lançado o segundo desafio: sua maior inserção no mercado com a consolidação do termo inovação em suas pesquisas. Estamos confiantes de que a Embrapa Instrumentação Agropecuária fará todo esforço para vencer mais esse desafio e esperar pelos próximos com a mesma coragem e esperança de seus pioneiros.

Álvaro Macedo da Silva,

Chefe geral

Embrapa Instrumentação Agropecuária

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