Produtores estão usando mais fertilizantes nesta safra, diz diretor do Mapa
Com os dados consolidados até novembro/09, já se percebe que a recuperação modesta e tardia em alguns segmentos do agronegócio nacional não compensou as perdas até então acumuladas e, assim, a queda na renda do setor fechará próximo de 5%.
A valorização do Real pesou neste resultado e, embora para os produtores este cenário tenha implicado em insumos mais baratos e, portanto, em redução de custos, a baixa rentabilidade nas vendas para o mercado externo se sobressaiu. Por outro lado, as boas condições da economia brasileira, mesmo após a crise, sustentaram o poder de compra dos consumidores, mantendo aquecida a demanda interna. Com as exportações em baixa (a princípio devido à crise e depois pela valorização do câmbio), as vendas do agronegócio foram direcionadas ao mercado doméstico, que aproveitando a redução de preços, sustentou a demanda por alimentos.
Antecipando o impacto da crise sobre a demanda em 2009, os agricultores optaram por reduzir o uso de fertilizantes. Na pecuária, a baixa rentabilidade com a venda de animais ao longo do ano levou os produtores a substituir suas compras de compostos nutricionais (premix) pelo uso do milho, pesando de forma negativa no desempenho da indústria de rações. Tais ações impactaram no desempenho do segmento de Insumos, e este, além de enfrentar recuo em seus preços, também foi penalizado pela queda nos volumes comercializados.
No front Industrial não foi diferente. Sentindo a brusca redução na demanda de importantes países importadores, a indústria teve consecutivas quedas, tanto no processamento vegetal quanto animal. A indústria do açúcar foi a única a seguir na contramão, registrando significativa expansão ao longo do ano. A elevada ascensão nas exportações de açúcar, motivadas pela sequência de altas no preço do mercado externo, explica tal resultado e até novembro a indústria acumula crescimento de 50% em relação a 2008. Na outra ponta, a indústria de óleos vegetais foi a que mais sentiu a retração do mercado externo e a apreciação cambial, e no ano acumula retração de 17%. A agroindústria de base animal, por razões semelhantes, também sofreu recuos em 2009, entretanto o poder de compra dos consumidores brasileiros sustentou as vendas do segmento - em especial para as carnes, amenizando a retração na renda da indústria pecuária.
Vale ressaltar que a análise de 2009 deve ser sempre conduzida tendo em conta a excepcionalidade do ano de 2008, ou seja, elevada produção e preços médios substancialmente altos. Com isso, já era esperado que o desempenho do agronegócio em 2009 seguisse em baixa. Para o próximo ano, a confiança dos agentes do agronegócio está na abertura de novos mercados e na retomada das exportações para importantes destinos. Por outro lado, a valorização cambial não parece ser facilmente reversível e, portanto, seguirá pesando no desempenho do setor. Sob a ótica do mercado interno, a retomada da atividade industrial e a consequente geração de empregos são a aposta para a sustentação do poder de compra dos consumidores brasileiros e, assim, das vendas do agronegócio.
Outros detalhes sobre o PIB AGRO Brasil está disponível no site.
Informações complementares podem ser obtidas com os pesquisadores responsáveis pelo cálculo através do Laboratório de Informação do Cepea: (19) 3429 8837 / 3429 8836 ou
O texto é de autoria dos pesquisadores responsáveis por este cálculo: Dr. Geraldo Sant'Ana de Camargo Barros, Dr. Arlei Luiz Fachinello e Msc. Adriana Ferreira Silva
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